Rio Verão Festival agita cariocas com mistura de ritmos e homenagens
Palco da maior festa do planeta e local que leva um nome próprio por receber os foliões em comemoração pós-apresentação, a Praça da Apoteose foi novamente o espaço para milhares de pessoas cantarem com seus ídolos. O Rio Verão Festival teve sua segunda edição na noite deste sábdo (16) e um público estimado em 30 mil pessoas, segundo a Polícia Militar. Organizado pela Rede Record de Televisão em conjunto com a Prefeitura do Rio de Janeiro, o evento, que começou com cerca de meia hora de atraso, misturou vários ritmos. Além da música, homenagens e mensagem contra o crack marcaram a noite. O ator Rodrigo Faro foi o anfitrião e com bom humor apresentou os espetáculos e agitou a plateia durante os intervalos.
Abrindo o festival se apresentou a cantora Aline Muniz, que levou ao público, que ainda chegava ao local, o som que misturava MPB e uma sonoridade pop. Visivelmente empolgada com a apresentação, por diversas vezes a artista expressou a alegria de estar no local:
– Que emoção, tanta banda legal vai passar por aqui e conto com a presença de vocês para a gente dançar muito hoje – disse Aline para o público.
Começando a mistura de ritmos, marca principal do Rio Verão Festival, em seguida foi a vez do cantor sertanejo universitário Michel Teló, que deixou o publico eufórico com bastantes hits próprios e outros covers de Tim Maia, Black Eyes Peas e PSY. Ele falou ao Cult Magazine e contou um pouco sobre a sensação de cantar para uma plateia tão eclética:
– É uma das melhores apresentações que já fiz, porque estamos diante um público diferente, que veio ver vários artistas, mas mesmo assim canta junto e se diverte. É uma honra muito grande poder estar junto com eles e esses grandes nomes da música brasileira. Espero voltar em breve – confessou um sorridente Teló, que declarou também estar lançando novo trabalho.
E logo depois da música do interior, o axé. Os baianos do Chiclete com Banana agitaram o público e transformou a Praça da Apoteose em carnaval de novo. Uma das mais esperadas, o Capital Inicial veio na sequência e com bastante empolgação por parte do vocalista Dinho Ouro Preto, que por diversas vezes se jogou no meio dos fãs. Ele cantou diversos sucessos da banda e incentivou a todo momento o público a cantar, que respondia com bastante animação. Ainda no rock, foi a vez do O Rappa deixar sua mensagem e homenagem ao ex-líder do Charlie Brown Jr. Chorão, que faleceu na semana passada.
Encerrando a noite, o samba voltou ao seu local de origem e o grupo Revelação sacudiu o público já por volta das 2 horas da manhã. Sempre carismático e conversando com a plateia, novamente a mensagem de paz entre os estilos musicais prevaleceu com Xande de Pilares. Sem nenhum registro grave, o evento que fez sua segunda edição em 2013, aconteceu de forma tranquila. Segundo os organizadores, a tendência é de que o Rio Verão Festival seja introduzido no calendário anual da Cidade e já estuda misturar ainda mais os estilos musicais para o próximo ano.
Confira como foram os shows de cada artista e as fotos do Festival:
Michel Teló
Artista brasileiro que vive grande fama internacional atualmente, o paranaense provou porque é popular entre as crianças e jovens. Com bastante carisma e conversando a todo momento com o público que já estava em bom número, Teló abriu seu show exatamente às 19 horas com a música “humilde Residência” e seu mega sucesso mundial “Ai Se Eu Te Pego”. Um grande coro respondia aos apelos do louro, que sempre sorrindo demonstrava alegria por estar no Festival. Durante seu repertório, o cantor lembrou que mesmo cantando um estilo que chamam de “Sertanejo Universitário”, o som de raiz é a grande inspiração e tocou sanfona na música “Adeus Paulistinha”, sucesso de Tonico e Tinoco.
Após cantar sua nova música de trabalho, a “Amiga da Minha Irmã”, Michel começou uma grande festa no encerramento do seu show e resumiu o que é o Rio Verão Festival: Uma grande festa da música. Cantou acompanhado de 20 mil vozes “Não Quero Dinheiro” do Tim Maia. Empolgado com a boa aceitação, pediu ao DJ que colocasse uma “base” e emendou “I Gotta Feeling”, do grupo norte-americano Black Eyed Peas, “Gangnam Style”, do rapper sul-coreano PSY e finalizou a sequência cantando os funks “Rap das Armas” e o viral “Ah Lelek”. O público foi ao delírio. No meio da brincadeira e cansado, pediu água e aproveitou a oportunidade para puxar o grande sucesso do Timbalada, “Água Mineral”:
– Rio de Janeiro, bebeu água? Tá com sede? – cantou aos risos e delírio da multidão.
Ao final da apresentação, o cantor discursou:
– Espero que vocês todos tenham gostado, é com muita humildade que viemos aqui na terra do samba e do funk cantar, além da nossa música, todos os estilos ao nosso jeito. Foi uma honra muito grande estar de frente para vocês! Que Deus abençoe a todos e os artistas que aqui estarão – encerrou aquele que foi um dos grandes shows da noite e aos gritos dos presentes.
Chiclete com Banana
Na casa do carnaval, o grupo baiano de axé transformou o Festival numa grande micareta. Aos gritos dos fãs, Bell Marques abriu o show cantando “Quero Chiclete” e a Praça da Apoteose virou um grande circuito da Bahia. Sempre tocando sua inseparável guitarra estilizada, o cantor não parou um instante e jogou para o público se divertir todos os seus grandes sucessos.
Sem intervalos entre a maioria das canções, a banda foi acompanhada pela plateia em canções como “Não vou chorar”, “Voa Voa” e “Cara caramba, Sou Camaleão”. Um pequeno grupo de fãs que aguardavam bandas como Capital Inicial e O Rappa ensaiaram algumas vaias, mas logo foram repreendidos pelos outros presentes. Bell não ligou para o ocorrido e continuou seu show como se estivesse em Salvador:
– Já vi ali uma bandeira do Bahia. Não importa se é Bahia ou Vitória, o importante é a paz e o respeito entre todos – desabafou, de forma elegante, contra os que protestavam.
Capital Inicial
Uma das mais esperadas atrações da noite, o grupo liderado por Dinho Ouro Preto entrou no palco a todo vapor. Abrindo a apresentação com “Primeiros Erros”, um dos maiores sucessos da banda, o Capital fez o melhor show da noite. Sempre pedindo a participação de todos os que estavam no Festival, inclusive dos profissionais, Dinho não conteve a emoção numa das passagens pela plateia. Um fã jogou uma camisa com o nome da banda Charlie Brown Jr., cujo vocalista Chorão faleceu semana passada. Ouro Preto parou o show e dedicou o espetáculo ao ex-amigo.
E justamente Dinho quem roubou a cena. Bastante eufórico, o cantor pulou por diversas vezes no meio do público, dando muito trabalho aos seguranças. O artista, que sofreu um grave acidente durante um show e que o deixou internado em 2010, não se intimidou e pedia ao fãs que o levassem para o meio de todos. Com o vocalista usando boné da CBGB, antiga casa de espetáculo de Nova Iorque que foi palco do início da carreira das principais bandas de punk rock como Ramones, The Clash, Green Day entre outras, o som pesado da guitarra tomou conta do evento.
– Vamos dar uma grande salva de palmas para o Chorão. Esse show é para ele. Não importa qual foi a causa da morte dele ou o que vão dizer. Foda-se, ele criou uma puta de uma obra. E essa é a homenagem mais linda do mundo – afirmou, emocionado, após quase 30 mil pessoas gritarem “Chorão”.
Em seguida o Capital continuou as homenagens, mas dessa vez ao Renato Russo, cantando “Fátima”, da primeira banda do cantor, a “Aborto Elétrico”. Ainda na linha dos covers e sempre lembrando que era “hora do punk rock comer solto”, Dinho interpretou “Should I Stay Or Should I Go”, dos ingleses do The Clash. Novamente com o repertório próprio, “Natasha” e “À Sua Maneira” levaram o público ao delírio:
– Vocês um dia deveriam montar suas próprias bandas para estarem aqui e ouvirem milhares de vozes lindas cantando junto – disse após um coro o acompanhar nas duas canções.
Encerrando o show, Capital Inicial lembrou de outra banda de punk que fez sucesso nos anos 90, Raimundos, e cantou “Mulher de Fases”. Era o que faltava para o público consagrar de vez o grupo como a melhor apresentação da segunda edição do Rio Verão Festival.
O Rappa
Também prestando grandes homenagens ao cantor Chorão, O Rappa subiu ao palco pouco depois das 23h30. No telão ao fundo palco uma mensagem lembrava o roqueiro:
“Em uma manhã de céu azul, nos deixou aquele que tinha o dom de construir pontes indestrutíveis. Mas Deus é o senhor do tempo, e decidiu deixar Chorão com aquela paz. Nossos sentimentos aos fãs, família e banda. Valeu vagabundo!”
Logo depois surgiu Falcão, vocalista do grupo, cantando “Zóio de Lula”, maior sucesso do Charlie Brown Jr. Bastante ativo nas suas interpretações e mensagens, o cantor não poupou nem a Copa do Mundo, que afirmou ser triste ver um país gastar tanto dinheiro com o evento.
Também com bastante participação popular assim como foi o show anterior, O Rappa cantou todos os seus sucessos, incluindo “Me Deixa”, “A Minha Alma”, “O Que Sobrou do Céu” e “Lado B, Lado A”. Num dos intervalos, Falcão lembrou que era carioca:
– É com muito orgulho que eu estou aqui nesse palco, próximo de onde nasci. Só quem nasce no Rio sabe o que estou falando sobre estar nesse local. – declarou, em referência ao Sambódromo.
Num dos momentos divertidos da apresentação, o cantor respondeu ao fã que lhe ofereceu um copo de cerveja:
– Beber uma cervejinha? Agora não! Deixar acabar.. Vou acompanhar o show do Revelação bebendo uma cerveja – disse, arrancando aplausos e risadas do público.
O grupo encerrou a sempre excelente e segura apresentação ao som de “Rodo Cotidiano”, uma marca registrada dos shows da banda e que teve milhares de vozes respondendo aos versos que marcam a música.
Revelação
E o samba estava em casa. Após quatro shows bastante empolgantes, os sambistas do Revelação subiram ao palco já improvisando versos, ao melhor estilo “Partido Alto”. Xande de Pilares levou ao público, que ainda era grande mesmo às 1h45 da manhã, sucessos do grupo como “Coração Radiante”, “Deixa Acontecer” e “Velocidade da Luz”.
Num dos momentos curiosos da apresentação Xande surpreendeu ao público feminino com uma declaração curiosa. Ao cantar “Agora Viu Que Me Perdeu E Chora”, música de Arlindo Cruz e que foi eternizada na voz de Reinaldo, o vocalista se teve medo de protestar:
– Vou cantar aqui uma música do mestre Arlindo, mas não gosto de uma coisa nela. Nada de “Chora vagabundo”, homem algum merece ser chamado assim. Deus criou o homem primeiro e a mulher da sua costela, por isso devemos respeitar também. Não é machismo, mas se a gente for chamar a mulher da mesma coisa, dá Delegacia e tudo – disse em meio a olhares constrangidos e surpresos do público.
Percebendo o clima pesado, disse que daria uma resposta “a mulherada” e fez uma grande homenagem a Benito de Paula, cantando “Além de Tudo”, “Retalhos de Cetim” e “Charlie Brown”. Deixando de lado os estilos musicais, também lembrou o cantor Chorão após cantá-las.
Com boa parte da plateia já se mobilizando para sair, o Revelação encerrou o show em clima de carnaval, cantando “Samba de Arerê” e “Taj Mahal”, do Jorge Benjor. Estava completa a segunda edição do Rio Verão Festival.
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Por Bruno Guedes com fotos de Jefferson Ribeiro