ROBERT PLANT emociona Citibank Hall com grande lotação
Esse ano na cidade do Rio de Janeiro, temos o privilégio de poder contar com atrações que se apresentarão no festival Loolapalooza. Serão 3 dias no Citibank Hall, com grandes nomes que também estarão no Autódromo de Interlagos nos dias 28 e 29 de Março, nessa que é uma das mais expressivas franquias de mega-evento musical do mundo. Estão entre os principais obviamente Robert Plant, um dos maiores vocalistas do planeta, líder da banda que escreveu páginas na história da música mundial, o Led Zeppelin. Simplesmente dispensa comentários…
Sua última apresentação repleta de sonoridades étnicas e exóticas (algo que há muito tempo permeia sua carreira solo) desagradou alguns incautos (esperavam possivelmente uma reedição do Led Zeppelin) que aportaram em sua última estadia na cidade, no HSBC ARENA, em 2012. O show foi sensacional dentro da sua proposta, com Plant usando a voz de forma inteligente, como ficou claro na desconstrução de alguns “clássicos zeppelianos”, repletas de similaridades particulares em sua interpretação.
Mas agora estamos durante a turnê de um dos mais badalados álbuns de canções inéditas de toda a sua carreira, o “Lullaby and… The Ceaseless Roar”. No alto de seus 66 anos, é o primeiro disco do “anjo loiro” ao lado da Sensational Space Shifters, fenomenal banda que acompanha o músico inglês há dois anos. A simbiose sonora é fantástica, além das já conhecidas influências de folk, country e rock, com uso de grande diversidade de instrumentos nativos, pela primeira vez tivemos programação eletrônica através da participação de Baggot, dj e produtor do seminal grupo de trip-hop Massive Attack.
Mas nessa terça-feira (24/03), ainda tivemos uma abertura luxuosa! A cantora, compositora e multi-instrumentista americana St. Vincent, é considerada uma das artistas mais inventivas da sua geração. Para utilizarmos um termo modernoso, um dos nomes mais “hype” da atualidade. Graças a seu último trabalho em 2014, que traz um interessante caldeirão de referências e retrata a evolução e o refinamento da cantora desde que lançou o primeiro álbum. Inclusive foi a vencedora do Grammy na categoria de Melhor Disco Alternativo do Ano.
E quando adentrou o palco, mostrou que toda a badalação em prol do seu nome não é exagero. Mesmo com a frieza da audiência, já que 99% era formada por fãs de Plant, não se intimidou e fez uma belíssima apresentação! Seu som com “dois pés” na década de 80 e influências díspares mediante camadas eletrônicas, necessita da ausência de radicalismo (no caso, o público rock dessa noite) para entendimento e “degustação”.
Mas sua presença de palco com movimentos robóticos (lembrou a performance da banda oitentista Devo), sensualidade natural absurda e destreza na guitarra, segurou a onda, angariando aplausos respeitosos. Com certeza no Loolapalooza terá uma acolhida à altura do seu talento. St. Vincent é realmente a presença feminina do momento!
E já com o Citibank Hall lotado, a Sensational Space Shifters foi entrando aos pouquinhos de forma sorrateira, para delírio da massa. Quando o eterno “deus nórdico” apareceu, o clima foi de comoção. É impressionante como a sua figura desperta emoções das mais diversas. Quando começa a cantar então… “No Quarter”, um dos clássicos de sua ex-banda, abriu os trabalhos. Aliás, podemos dizer que esse show foi uma espécie de continuação do de 2013. A diferença é que guitarras falaram mais alto, o rock pesado se manifestou de forma mais latente.
Teve novamente sim, nova roupagem para clássicos do Led (“Black Dog” e “Rock’n’roll”, maravilhosas), mais viagens psicodélicas, climas étnicos, bases eletrônicas com loops e samplers incríveis (sim, Baggot do Massive Attack está nessa turnê). Mas o BICHO PEGOU mesmo com versões fidelíssimas de “What Is and What Should Never Be”, “The Lemon Song” e “Whole Lotta Love”.
Por mais que as canções do novo disco tenham funcionado esplendorosamente ao vivo, os órfãos do Led Zepellin se faziam presentes de forma feroz! A banda que encerrou atividades há 37 anos, extraia sorrisos efusivos em pessoas de gerações diversas, é um fenômeno incrível realmente.
Mas independente do “fantasma zepelliano”, o show curto (13 canções) foi magistral! Vale destacar o talento absurdo dos componentes da banda, com um interessante detalhe: o gambiano Juldeh Camara manipulava curiosamente um instrumento (que realmente desconheço, mesmo após ampla pesquisa) de som fantástico, casando perfeitamente com a sonoridade proposta.
E o que falarmos de Robert Plant, né??? Uma lenda, verdadeira entidade do rock’n’roll. A voz dá sinais de desgaste, mas seu carisma ÚNICO compensa qualquer possível eventualidade nesse âmbito. Robert Plant a exemplo de 1994, 1996 (festival Holywood Rock) e 2012, nos proporciona um espetáculo inesquecível, fazendo história MAIS UMA VEZ em nossa cidade! Sensacional!
Texto de Alessandro Iglesias
Fotos de Daniel Croce