“Sheezus” nos reapresenta uma Lily Allen dançante e álbum bastante crítico

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Quase três anos depois de dar um “tempo” à sua carreira, a menina rebelde de Londres está de volta. Lily Allen já começou a turnê do seu terceiro álbum na carreira, ”Sheezus” e não faltaram polêmicas. Após o hiato que durava desde 2011 e que lhe serviu como um “período sabástico” onde teve um casamento além de dois herdeiros, Lily voltou a flertar com a volta em meados de 2013, quando anunciou um novo disco. Após muita especulação e dois singles lançados, o trabalho será lançado no próximo dia 5, mas o Cult Magazine ouviu com exclusividade o álbum.

Disco esse que não foge ao estilo da agora mãe de dois filhos: crítico, ácido e muito dançante. Já na divulgação dos clipes das músicas, Lily demonstrava uma crítica feroz à indústria fonográfica pop atual e, principalmente, às cantoras pop. E é embalado por esse espírito que “Sheezus” chega às lojas carregado de batidas eletrônicas que não eram tão usadas nos trabalhos anteriores, mas com letras que mostram uma agora senhora Cooper madura. As melodias suaves com frases de desilusão amorosas e mais próximas dos jovens, agora deram vez aos versos agressivos. A fase “menina rebelde” deu espaço para a “mulher rebelde”.

Costumo dizer que a música pop britânica é mais talentosa que a americana, quando os assuntos são canção e originalidade. Exemplos não faltam como Rita Ora, Eliza Doolittle, Ellie Goulding e, como grande figura dessa geração, Lily Allen. Novamente ela demonstra essa originalidade da Terra da Rainha em músicas com envolventes e que misturam batidas fortes com vocalizações que se tornaram característica em outros álbuns. Sempre flertando com quase sussurros em alguns momentos, Lily apresenta uma orientação quase R&B e eletrônica em boa parte do CD.

E como não poderia falatar, as já clássicas “alfinetadas” não ficaram de fora. Se em “Fuck You”, do álbum “It’s Not Me, It’s You”, Lily manda um recado para o ex-presidente dos EUA Jorge W. Bush, desta vez sobrou para Katy Perry, Lady Gaga, Rhianna e Beyoncé. Mas rasga elogios para a jovem Lorde. Apesar de todo apelo crítico e sua voz característica com rimas e versos ao melhor estilo hip hop, o disco pode desagradar alguns fãs que esperavam uma Allen mais informal e despreocupada com as batidas, como em “Alright Still”, seu CD de estreia. Se a intenção era justamente fugir do trivial e saturado no ramo pop, conseguiu em boa parte dele.

O álbum começa com a música que dá nome ao terceiro trabalho da inglesa. Com bastante características eletrônicas, a voz da cantora parece carregada de sensualidade e no jeito que a identificou em outros momentos. Se lembra mais do mesmo, as letras carregadas de ironias dão o tom de uma canção “à lá Lily Allen”. O single, que foi lançado há duas semanas, provocou polêmica (tradicional artefato da londrina em muitas ocasiões) ao fazer referências à Katy Perry e Beyoncé. Katy, aliás, é uma das inimigas da Lily desde 2008, após uma declaração da californiana de que se definia “como uma espécie de Amy Winehouse mais gorda e Lily Allen mais magra”.

Mas o grande destaque do álbum fica mesmo por conta de “Hard out Here”. O single foi lançado há alguns meses cercado por marketing da própria cantora nas redes sociais, além do forte apelo crítico que carrega. A mensagem é direta: “Não preciso sacudir minha bunda para você, porque tenho um cérebro”. E assim como à época, a canção é daquelas que te pegam na primeira audição. Se a melodia é envolvente e com passagens que lembram outras já apresentadas pela própria cantora, a letra aguça nossa curiosidade e faz querer cantar. Certamente é a faixa que mais atrai.

Há outros bons momentos ao longo do disco, como  “L8 CMMR”, que já animada por si só e que mantém o mesmo formato “eletro” da anterior. E nesta, uma novidade pouco explorada em outras músicas, quando a cantora tem a voz distorcida e criando um clima de “pista de dança”. É uma das mais agradáveis do álbum. O mesmo se repete em “URL Badman”, “Silver Spoon” e “Close Your Eyes”, que segue a linha.

“Air Balloon” é uma das poucas que respiram aquele lado juvenil que consagrou Lily entre crianças e jovens. Falsetes e agudos com sonorização quase adolescente transformam a faixa numa das que podem se tornar hit entre seu público. Além disso, a canção traz marca do que se tornou remontado no pop britânico: paradas musicais com sintetizadores como base para versos e chamadas vocais. Um grande acerto.

“Our time” e “Take My Place” refazem passagens musicais dos primeiros trabalhos da britânica. São cerceadas pela voz da Lily, no seu jeito peculiar de cantar, com ritmo pop marcante dos anos 2000.

Se “Sheezus” não traz para os fãs e o grande público em geral nenhuma “Smile”, “LDN” ou “The Fear”, Lily Allen faz do conjunto um álbum que mantém seu status de grande cantora pop britânica. Mas agora madura, mais ácida e sem medo algum de polêmica.

OUÇA O ÁLBUM “SHEEZUS”

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