STEVE VAI reafirma sua “divindade” no Circo Voador
O maior guitarrista de todos os tempos! Vindo de outra galáxia! Sensacional! Único! Melhor que JIMMI HENDRIX! O mais novo “GOD” da guitarra e não mais ERIC CLAPTON! Superou o professor JOE SATRIANI! “Presepeiro”! “Firulento”! Virtuoso e chato! Não é melhor que JIMMI HENDRIX, ERIC CLAPTON e muito menos, “o aluno não superou o mestre” SATRIANI…
Esses são alguns dos estigmas que sempre acompanharam a carreira de STEVE VAI e que de alguma forma, além do inegável talento, ajudaram a eleva-lo rapidamente ao status de lenda. Independente de qualquer coisa, afirma-se uma unanimidade para os amantes da guitarra, que o tratam “NO MÍNIMO” como um grande instrumentista, um dos melhores! O restante das polêmicas acima, se assemelha aos papos “inflamados” em mesas de bar sobre futebol…
Mesmo jovem, foi o único a conseguir transcrever as obras “intrínsecas” do inquieto e experimental FRANK ZAPPA, impressionando tanto ao próprio, que o convidou a tocar em sua banda. Substituiu ainda a grande revelação na época, o sueco YNGWIE MALMSTEEN, no promissor grupo ALCATRAZ, sendo logo depois convocado para integrar o projeto solo do então ex-VAN HALLEN, DAVID LEE ROTH, e culminando os anos 80, fazendo parte da multiplatinada fase do WHITESNAKE.
Sem contar sua antológica participação no filme “CROSSROADS” (no Brasil, “A ENCRUZILHADA”), onde faz um duelo endiabrado de guitarra com o “Karate Kid”, RALPH MACHIO (dublado pelo “Buena Vista Social Club”, RY COODER). O filme é nitidamente inspirado na lenda que ROBERT JOHNSON, teria feito um pacto com o diabo e o vencido em um duelo, as margens do rio Mississipi.
A partir dos anos 90, em carreira-solo, os números foram assombrosos. Nove indicações ao prêmio Grammy (tendo vencido uma), milhares de discos vendidos, o ambicioso projeto G3 (ao lado de SATRIANI, MALMSTEN, JOHN PETRUCCI, ROBERT FRIP, entre outros) e muitos pedidos para participações diversas, com feras do naipe de OZZY OSBOURNE e ALICE COOPER. Em 2009, a condecoração do “Musicians Institute” (MI), como doutor em música.
Com esses números impressionantes e todo o estigma que o cerca, natural que quem fosse ao CIRCO VOADOR nesse sábado (07/12), não conseguisse deixar expectativas das mais diversas de lado. E todos aqueles que lotaram o espaço, tiveram sensações e emoções das mais incríveis nessa noite.
As bocas literalmente abertas eram a reação mais similar que observamos no heterogêneo público. Realmente é algo de indescritível ter o privilégio de ver STEVE VAI em ação. Suas habilidades com a guitarra são ainda mais ABSURDAS nesse estágio atual, a ponto de nos beliscarmos para termos a certeza de que não estamos sonhando. A guitarra parece uma extensão absoluta do seu corpo e alma. Os movimentos particulares, a explosão habitual aliando um tom emotivo ao seu carisma ímpar, nos suscita que o impossível a nossos olhos, parece ser fácil para ele exatamente por isso.
Refletimos se é humano realmente… Interrogamos a nós mesmos se não seria uma força alienígena. E fatalmente o elevamos ao status próximo de uma divindade. Acham que é exagero??? Independente de ser um show 95% instrumental, o enfadonho passa longe, pois a sua guitarra literalmente CANTA de forma cristalina, a impressão que se tem, é que nenhum som provindo de cordas vocais ali seria bem vindo.
Mas esse momento acontece! Empunhando um violão, em momento mais intimista, STEVE dá um show de “vocalizes” empunhando um VIOLÃO, nos remetendo aos grandes momentos do “jazzístico” GEORGE BENSON. E o feeling “bluezeiro” também extraído do instrumento é de arrepiar.
E além de tudo isso, deparamos com um dos maiores “frontmans” da história. Piadas, imitação de PRINCE, improvisos incessantes (até um reggae entrou na história), brincadeiras com três fãs que chamou da plateia para o palco e com os integrantes da banda (que alias, ARRASARAM em suas apresentações individuais), uma roupa cheia de luzes de efeito sensacional (uma mistura de TRON com ROBOCOP), agradecimentos emocionados ao público e lágrimas ao fim. Além do seu inacreditável talento, o ser humano STEVE VAI, nos solta essas várias “cartas na manga”, que só fazem com que a admiração por aquela figura mitológica aumente ainda mais.
“Solos de guitarra não vão me conquistar”… A personagem dos versos da canção de LEONI eternizados na voz de PAULA TOLLER, COM CERTEZA não deve ter visto STEVE VAI tocar, fato! Todos foram “abduzidos” por aquela onda sonora e literalmente se apaixonaram por esse artista que está entre os maiores talentos vivos em termos GERAIS. O derradeiro encore com o hino “For the love of God”, nos faz acreditar na presença do DEUS vivo, ali, em nossa presença.
E que todos os grandes guitarristas que são frequentemente comparados com ele… Bem, continuam grandes, mas não dá para comparar Mr. VAI com NINGUÉM, simplesmente porque seu conjunto de genialidades é incomparável. Segura na mão do STEVE… e VAI!!! Qualquer noite em sua presença não será menos do que ANTOLÓGICA.
Texto de Alessandro Iglesias
Fotos de Daniel Croce