Stranger Things mistura pop e temas atuais para superar roteiro clichê na terceira temporada

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O grande sucesso de Stranger Things passa por dois elementos: a cultura pop dos anos 80 e seu elenco. A terceira temporada, lançada neste dia 4 de julho pela Netflix, repete a fórmula de unir os dois ainda que com um roteiro não tão inspirado. Mas desta vez acrescenta algo novo nos oito episódios: dialoga com seu público adolescente através das ex-crianças da cidade rural fictícia de Hawkins.

A nova temporada traz novamente o formato do chamado Mundo Invertido das outras em seu roteiro. Apesar de tentar ser um “terror agradável”, as melhores cenas são justamente as que não fazem menções aos vilões desta saga de agora. Porque o que entra como contexto é o que compensa. E é aí que entra o mérito dos irmãos Matt e Ross Duffer, diretores e escritores de Stranger Things.

Nesta terceira etapa da aventura as crianças cresceram e agora são adolescentes. Os diálogos estão menos inocentes – sem nenhuma exposição sexual ou algo do tipo – e com a malícia que conversa com diversas idades de espectadores. Das angústias cotidianas da amizade que vai virando adulta aos corações partidos pelo primeiro amor.

Como os inimigos são praticamente os mesmos, agora a narrativa é quem ganha o valor. Se o tempo foi passando, o mundo também foi mudando. E então as inclusões temáticas vão sendo o grande recheio desse sanduíche saboroso e muito, muito engraçado em sua nova temporada.

Mas sempre com o Mundo Invertido ali, querendo devorar todo mundo. E, neste caso, os novos personagens são cruciais. Se na segunda temporada o personagem vivido por Joe Keery – o divertido Steve Harrington – já havia ganho espaços, desta vez praticamente divide as ações. Contando com uma das melhores novas atrações.

Robin e Steve dão o tom da terceira temporada

Trata-se de Robin, interpretada brilhantemente por Maya Hawke, filha de Uma Thurman com Ethan Hawke. Ambos trabalham na sorveteria Ahoy, no novo shopping center de Hawkins. A dupla praticamente rouba as cenas. E cada vez que mudam os núcleos, dá saudades de vê-los. A química foi imediata. No primeiro episódio já é possível percebê-la.

Criança agora, só Erica Sinclair, cuja intérprete Priah Ferguson traz os elementos de ironia, deboche e muitas risadas. Um gol de placa dos idealizadores. Além de aumentar a participação de atores negros, deram espaços para uma das mais engraçadas personagens da série.

Desta vez todos eles se juntam ao já afiado elenco capitaneado pela talentosíssima Millie Bobby Brown. E é preciso aplaudir o espetáculo que ela dá. Mesmo com apenas 15 anos, Brown já pode ser apontada como uma das grandes estrelas do cinema atual.

Cultura Pop e críticas sociais: armas de sucesso

Se há algo que a Netflix sempre traz com muito sucesso é a crítica ou a reflexão em suas séries. Stranger Things tem todas elas. A crítica sobre os Estados Unidos atuais, visando apenas o sucesso mercantil, está lá. De exemplos explícitos aos diálogos cheios de ironia.

Enquanto o mundo está diante de impasses políticos sobre o país de Donald Trump e seus rivais históricos, os roteiristas decidiram trazer esse debate para a tela. A nova Guerra Fria contrasta com a velha, contida na terceira temporada. Novamente os vilões soviéticos.

E as reflexões sobre a diversidade também. Talvez seja o grande tema que o canal por streaming inclui constantemente em suas produções e de forma natural. Não é clichê, vulgar e muito menos agressivo. É natural, como deve ser. Vai de encontro com a mesma variedade de pessoas que e o seu público alvo.

Mas nada disso faz esta série em particular ser um sucesso quanto a cultura pop dos anos 80. São músicas, filmes, roupas e até expressões cunhadas na chamada “década do bem de consumo” na América do Norte. Quem viveu aqueles tempos relembra com nostalgia. Quem não era nascido – grande parte dos que assistem aos oito capítulos – consegue se emular para dentro do contexto de forma quase real.

É impossível não ver a cena do cinema, onde estão assistindo “De Volta Para O Futuro” em 1985, e não imaginar como foi ou como teria sido à época. Ou então cantar “Material Girl”, mega sucesso da Madonna, como se estivesse ouvindo pela primeira vez. Sem falar nas guitarras com distorções “sujas” à lá hard rock.

A trilha sonora é um caso especial, à propósito. Tem Motley Crue, Madonna, Van Halen, David Bowie… Uma coisa curiosa é a forte presença dos sintetizadores, marca temporal da época. “Take Me On”, do A-Ha, que fez monstruoso sucesso – e ainda faz – com os jovens daqueles anos, é um símbolo da geração.

É divertido, é pop, é Stranger Things.

O roteiro continua clichê e até repetitivo, mas o elenco e todo o contexto superam esse problema. A série é marcante e tem seu lugar na História. Bem como as boas risadas que ela garante.

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