Sucesso de público, o espetáculo “Pequenos poderes”, de Diego Molina, reestreia na Zona Sul
O bullying sofrido por um aluno de origem nordestina, a tensão entre um assaltante e um gerente numa agência bancária, a confissão recheada de situações “cabeludas” a um padre, a entrevista tendenciosa feita por uma entrevistadora de TV e o depoimento de um réu com opiniões polêmicas durante o próprio julgamento costuram o texto de “Pequenos poderes”, espetáculo de Diego Molina que discute a ruptura de valores da sociedade atual, questionando qual seria o limitador mais eficiente para os nossos impulsos. Religião? Lei? Ética? Ou simplesmente a ausência do poder?
Cenas cotidianas da vida de um cidadão comum marcam a peça, que volta aos palcos agora no Teatro Glaucio Gill para a alegria do público e de críticos como Renato Mello, que elogiou “Pequenos poderes”: “Um espetáculo muito divertido e que, sinceramente, espero que tenha novas temporadas para que possamos dar boas risadas de nossas próprias misérias como seres humanos.” Desejo atendido: depois de duas bem-sucedidas temporadas – na Sede das Companhias, na Lapa, em 2015, e na Casa da Gávea, em 2016 – a comédia de humor ácido, escrita por Diego Molina, reestreia na Zona Sul no dia 24 de novembro, quinta-feira, no teatro Glaucio Gill, espaço da Secretaria de Estado de Cultura/FUNARJ, em Copacabana. A temporada vai até 16 de dezembro, sempre às quintas e sextas, às 20h.
O espetáculo chama a atenção para o humor crítico por meio de charges concebidas pelo renomado cartunista Nani e do texto afiado, irônico e atual. Detentor de uma vasta e significativa produção, Nani contribui acentuando cores e dando um tom mais leve aos assuntos abordados no projeto. Recurso muito usado como crítica política durante os anos 1970, época de muita censura, a charge é um diferencial na concepção de “Pequenos poderes” e está diretamente ligada à temporalidade, retratando situações exemplares do dia a dia da sociedade. Mais do que um simples desenho, a charge é uma crítica político-social em que o artista expressa graficamente sua visão sobre determinadas situações cotidianas por meio do humor e da sátira. E as charges de Nani cumpriram a missão, como constatou o crítico Gilberto Bartholo: “Uma deliciosa e atualíssima comédia – para rir e refletir”.
O texto de Diego Molina também foi muito elogiado: “possui o mérito suplementar e surpreendente de inverter sempre os papéis entre dominadores e dominados, fazendo com que tais reviravoltas não se tornem nem um pouco gratuitas”, exaltou o crítico Lionel Fischer.
A peça, que conta com a direção de Breno Sanches, segue uma estrutura dramatúrgica que costura diferentes histórias a partir de um mesmo tema. Esse fio condutor se torna claro pelos personagens que transitam ou fazem referências a outras cenas. Para o crítico Jorge Leão, Sanches “dá uma dinâmica fantástica à encenação”. No elenco elogiado pela crítica Ida Vicenzia – “o que mais nos encanta na encenação (além da ética como tema) é a total entrega com que os atores são conduzidos pelo diretor” – estão os atores Andy Gercker, Bia Guedes, Mariana Consoli e Zé Auro Travassos. Aurélio de Simoni e Ana Luzia de Simoni são os responsáveis pela iluminação; os figurinos são de Bruno Perlatto; o cenário, de Diego Molina; a trilha sonora, de Armando Babaioff; e a produção, de Diego Molina e da Pagu Produções.
Ótima contribuição para inclusão, o espetáculo contará com a presença de intérpretes de Libras em algumas sessões, garantindo a presença de pessoas com deficiência na plateia.
Espetáculo totalmente independente, “Pequenos poderes” recebeu contribuições por meio de crowdfunding no site www.benfeitoria.com/pequenospoderes, um espaço em que idealizadores e público se unem para viabilizar projetos de interesses em comum. O projeto tem ainda uma página no facebook: facebook/pequenospoderes, com informações, imagens e vídeos sobre o espetáculo.