Teatro Ipanema terá apresentações de “O condomínio”, com Pedroca Monteiro e Sávio Moll.
O Teatro Ipanema recebe, de 17 de novembro a 10 de dezembro, “O condomínio”, uma comédia que fala sobre desconfiança, intolerância e radicalismos da sociedade brasileira atual, tendo como cenário o condomínio de um tradicional prédio, na Copacabana dos anos 40. Uma trama policial, com tons kafkianos, onde os latidos de um cachorro coloca todos os moradores em cheque. Escrita pelo premiado dramaturgo Pedro Brício, que divide a direção com Alcemar Vieira, a peça é estrelada por Pedroca Monteiro e Sávio Moll, com direção de produção de Claudia Marques.
Na trama, o condomínio precisa se reunir. A reunião vai começar. No palco, apenas dois atores para interpretar todos os personagens. Sendo 1, 2, 3, 5, 10 personagens ao mesmo tempo. No centro da trama está Domenico, um cantor e compositor de bossa nova contemporânea, prestes a lançar o seu primeiro show solo. Domenico quer apenas silêncio para compor suas canções. Não é pedir demais. Ele paga seus impostos, respeita as leis (quase totalmente), dá bom dia para todos no prédio, evita entrar em discussões políticas, se considera um cidadão de bem. Acredita que merece ter um pouco de silêncio. Mas hoje em dia isso parece impossível. Em qualquer condomínio, mesmo na rua Domingos Ferreira, a situação é de tensão. De barulho. De guerra. Com o desenvolvimento da história e a chegada do investigador Raymond – que também compõe músicas nas horas vagas. O que era bufo vai ficando sinistro. E Domenico precisa fazer seu show de bossa nova no sábado. Tem que ser um sucesso. Mas como cantar sobre barquinhos quando há gritos e latidos ensurdecedores no corredor?
“O condomínio” dá continuidade à pesquisa dramatúrgica de Brício em comédias que buscam falar sobre a contemporaneidade através de gêneros teatrais, como em “Comédia russa”, “Me salve, musical!” e “A incrível confeitaria do Sr. Pellica”. Se nestas últimas havia um diálogo com o teatro de Gogol, com o musical americano e a obra de Molière, em “O condomínio” a inspiração é o humor absurdo de Kafka. Absurdo que toca diretamente no real, uma vez que vivemos numa época onde ele virou cotidiano e a realidade se assemelha a um pesadelo.
– Estamos assistindo em 2018 os radicalismos mais assustadores da nossa sociedade. Refletir comicamente (e criticamente) sobre esses conflitos de violência e intolerância nos parece fundamental. Como em toda boa comédia, queremos expor as nossas fraquezas, o nosso ridículo, acreditando que o riso é uma forma de aguçarmos a nossa percepção. O nosso desejo é realizar um espetáculo atual, relevante, provocativo, hilário, inquieto, comunicativo. Pleno das neuroses do presente. Uma fábula que possa espelhar o caos em que vivemos, e, como todo bom teatro, nos fazer sentir intensamente onde estamos. E como estamos vivendo –, comenta Pedro Brício.
Durante a temporada, em virtude de Pedroca gravar “Espelho da vida”, da Rede Globo, em alguns dias, Alcemar Vieira assume o seu lugar na peça.