Um dia na gravação de SUPERSTAR

move-over

Claro que todos nós que conclamamos novos espaços e oportunidades para artistas que despontam poder divulgar seu trabalho (algo cada vez mais raro, só se tendo a internet para tal fim), ficamos felizes com a iniciativa de um programa como SUPERSTAR. Até para se quebrar propostas similares que já temos aos “borbotões” (candidatos sendo analisados por suas potências vocais), como ocorria no finado ÍDOLOS, nos calouros do Raul Gil, e no atual THE VOICE BRASIL.

No SUPERSTAR o buraco é bemmmmmm mais embaixo! Programa ao vivaço, a banda tem a possibilidade de apresentar um cover ou trabalho autoral, fica ao gosto do freguês… Então, várias outras alternativas acabam sendo julgadas. Os jurados (Dinho Ouro Preto, Ivete Sangalo e Fábio Jr.) não tem muita interferência como nos outros formatos, apenas toques e comentários diversos sobre a apresentação do dia. E muitas bandas de bom para ótimo nível foram ficando pelo caminho, com o programa apresentado por Fernanda Lima e André Marques se mostrando uma grata surpresa, um verdadeiro sopro de renovação na telinha.

Pois bem, de tanto assistir todos os domingos em casa ao final da noite, resolvi ir até o PROJAC para ver como as coisas funcionam ao vivo e a cores. Infelizmente passa-se por uma pequena “epopeia”, até podermos ver ao vivo as bandas que vêm fazendo bonito, e obtendo reconhecimento nacional ao abraçar essa oportunidade concedida. Temos que chegar na emissora as 19:00, para apenas entrarmos as 22:00 no estúdio, em um programa que só vai começar as 23:30. Um verdadeiro exercício de paciência! Ainda bem que estava com uma revistinha básica em mãos e muita música para ouvir nas alturas com meus possantes fones de ouvido. Nítido que a esmagadora parte das pessoas que estavam ali, tinham a profunda preocupação em tirar fotos (ah, maldita geração “smartphônica”!!!) de qualquer coisa que se mexesse sob a alcunha de “sou famoso”, e estavam pouco se lixando para o programa e sua proposta.

Ainda por cima ao entrar no estúdio, prenderam meu chapéu (quem me conhece sabe que é um “souvenir” que faz parte da minha alma, rs!) com a alegação que o diretor não queria ninguém com nada na cabeça. Âh??? Bem, o que esperar do Boninho… Massificador do “piriguetismo”, “marombadismo”, e “imbecilitismo”, no seu pavoroso BBB, e que adora colocar pessoas para passar fome, ou comer coisas nojentas como minhocas, no programa de triste memória “No Limite”. Essas manifestações “artísticas” sim, nos fazem não ter “nada na cabeça”. Bela metáfora essa, afinal de contas estou de alguma forma “rezando em sua cartilha”, ao participar ali! Aliás, o lanche que me foi dado quando cheguei, também foi travado quando estava entrando no estúdio, e logo em decorrência da fome que começava cada vez mais a me consumir, me senti meio que “vitimizado” também pelo Boninho, como as pessoas que participaram desses reality.

E a impressão que eu era uma parca minoria que esperava ansiosamente pela apresentação das bandas, se reforçou em mais essa 1h e meia de espera. Gritaria toda vez que alguém que já mostrou a cara na TV aparecia (Suzana Vieira, Preta Gil, Eri Johnson, e muitos outros), falatório insuportável (inclusive quando o programa já tinha começado), e fotos, fotos, MUITAS fotos! Coitado dos jurados durante o intervalo, não gostaria de estar na pele deles. Como protesto particular, não tirei uma fotografia sequer. Agora, vamos combinar que a produção, aliada com as agências no qual esse povo é selecionado, é total culpada por essa atmosfera deprimente, pois convidando o fã-clube INTEIRO da Ivete Sangalo para essa gravação, queriam o que???

Mas finalmente, vou me ater à parte boa, o propósito real de se estar ali, que é prestigiar as verdadeiras estrelas: AS BANDAS! Pelo ranking desse top 9, a menos votada pelo público seria eliminada, e 8 passam automaticamente para a próxima eliminatória. A que sobrou nessa edição foi a “Melody”. Com 3 vocalistas super afinadas e base coesa, prima por apresentar versões dançantes do cancioneiro americano. Justamente quando se arriscaram em uma balada (a linda “Emotions”, dos Bee Gees), dançaram. Mas acredito que os “melodies” estão no lucro, pois não ofereceu nenhum tipo de novidade durante a competição. Na verdade trata-se de uma excelente banda de baile, daquelas que vão executar muito bem qualquer coisa que for proposta. Lamentamos pela carioca “Fuzzcas”, que poderia muito bem estar até hoje na disputa. Participou de TODAS as edições com repertório autoral, e de estilo totalmente retrô (mistura de Celly Campelo, Jovem Guarda e Beatles), impressionou pela competência e coragem.

Com relação também a releituras e clima saudosista, a “Cluster Sisters” radicaliza sensacionalmente! Um repertório só de músicas americanas dos anos 30 e 40, com um vigor e competência que as torna super atuais. Potente trio feminino de vocais, banda soberba, GRATA surpresa estarem emplacando com essa proposta de estética musical. Resolveram ir para os anos 60 nesse domingo com o clássico “Hit the Road Jack”, de Ray Charles, e ARRASARAM mais uma vez! Novamente, foi noite de JAZZ bebê!

O “Suricato” é outra que impressiona pela ousadia. Country rock afiadíssimo, com vários instrumentos exóticos no pacote, desponta merecidamente entre as favoritas. Assim como o “Jamz”, com seu “soul de branco” certeiro, basicamente uma espécie de Maroon Five mais técnico e menos dançante. Bastante jovens, mas se comportam no palco como veteranos. Atacaram de Michael Jackson (“You make me feel”), e arrasaram! E lembrando que esse fator faz com que TODOS os participantes mereçam a minha singela admiração, porque mandar ver AO VIVO, com o Brasil todo assistindo, não é mole não…

Temos duas bandas com sons similares, por beberem na fonte da música nordestina: a “Bicho de Pé” (com um som mais suave, geralmente incursionando pelo xote), e a “Luan e Forró Estilizado” (forró pé-de-serra mais “arretado”). Apesar da competência, simpatia e do carisma, não acredito que tenham fôlego para chegar até a final.

Aliás, TODAS as bandas que chegaram nessa etapa, primam pela competência, isso é inegável. Mas me incomoda o destaque por parte do público e dos jurados dado a “Banda do Bola”, e a “Malta”. A primeira, na verdade é um sub-pastiche do MONOBLOCO, aquela mistura azeitada de escola de samba com estilos dos mais diversos. Até o vocalista lembra o Sérgio Loroza, da primeira formação do bloco carioca. Me “assombrou” bastante, Dinho ter falado que a banda não parece com nada em sua proposta, sugerindo uma suposta originalidade. Precisamos apresentar o MONOBLOCO para o lendário vocalista do Capital Inicial…

A “Malta” faz um rock romântico de pegada grunge, com refrões chiclete (lembra muito o Nickelbak) e vocal primoroso, que acaba sendo o grande diferencial. Não vejo tudo isso no resultado final, que suscite essa contundente visibilidade que o grupo vem tendo. Ainda mais que em se tratando de rock, temos a “Move Over”, a “top do placar” dessa edição, com 68% dos votos. O grupo arregaça, com um som que mescla algo meio Evanescense com NU METAL, e uma vocalista incrível, com voz e presença fantástica, além do visual marcante, destilando beleza e “ruivice”. Mesmo quando fizeram versões de músicas pop, o som mantinha sua identidade. Com certeza, nas cabeçassssssss para ser a vencedora do SUPERSTAR.

Mas apesar de toda a paciência e impaciência por mim dispensada, foi bem mais emocionante ver o programa cara a cara, do que pela telinha, valeu!!! E que venham muitas outras edições anualmente, o cenário musical brasileiro agradece.

Por Alessandro Iglesias

Fotos de divulgação 

 

 

Você pode gostar...

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *