“Uma Frase para Minha Mãe” estreia hoje no Sesc Copacabana
Com 40 anos de carreira, a atriz e diretora Ana Kfouri conta que, quando conheceu a obra do escritor, poeta e crítico literário francês Christian Prigent, sentiu quase imediatamente uma espécie de chamamento para levar à cena aqueles textos potentes e poéticos. Foi assim que, depois de enveredar pelos universos de Valère Novarina e de Samuel Beckett, a artista elegeu ‘Uma frase para minha mãe’ para dar continuidade à sua pesquisa cênica, que pensa a palavra e o corpo como campos de forças em tensão e em relação. A dramaturgia, que tem toques proustianos ao refletir sobre a passagem da vida para a literatura e o nascimento de um escritor, mobiliza sensações afetivas e corporais ligadas à figura e à língua materna, envolve afeto, filosofia, pensamento, visão de mundo, política e pesquisa de linguagem. Com direção da própria Ana Kfouri e colaboração artística de Marcio Abreu, o espetáculo estreia hoje, dia 10 de agosto no Espaço Sesc Copacabana (Mezanino), e fará temporada sexta e sábado às 21h e domingo, às 20h, até 2 de setembro.
“Prigent é um autor que trabalha fora do campo da representação, da intenção”, explica Ana Kfouri. “Não há uma condução psicológica do que está sendo dito, então o ator/performer precisa se desapegar de um desejo de entender as palavras, no sentido de colocá-las como algo a ser controlado, decifrado e transferido para o outro (público). Ao falar, ele potencializa e pluraliza os sentidos, as possibilidades de afetos, pois é a palavra que se desdobra, se abre para os dizeres infindáveis”. E continua: “Através de uma fala potente, poética, respirada, lúdica, desconcertante e rítmica, o desafio do ator é pôr em jogo também a própria linguagem”.