Alice Cooper incendeia, Def Leppard brilha e Aerosmith explode o Rock in Rio: foi dia de rock, bebê

Aos que reclamavam que faltava rock no Rock in Rio, não precisam mais. Ele chegou com muita força no quarto dia do festival. E teve para todos os gostos: Pop Rock, Indie Rock, Classic Rock, Hard Rock e até nacional. No Palco Mundo, Scalene estreou, Fall Out Boys animaram e os Def Leppard mostraram como se faz um clássico rock britânico. Mas a grande atração, Aerosmith, entregou tudo o que seu público esperava: sucessos, energia e muito swing embalados pelos acordes de Joe Perry e os vocais de Steven Tyler.

Alice Cooper, mesmo num palco pequeno para a grandeza da sua história, levou o público ao delírio com show performático. Os jovens do Tyler Bryant and The Shakedown surpreenderam com show de gente grande e Hyldon desfilou seus hits.

COMO FORAM OS SHOWS, UM A UM (Veja após a matéria, a resenha sobre cada dia do Rock in Rio):

PALCO SUNSET

Carregado de teor político, Ana Cañas e Hyldon subiram para iniciar os trabalhos no Rock in Rio com um som bem brasileiro. Misturando músicas autorais, os artistas conseguiram animar o público. Ana começou com “Tô na Vida” e, com muitas críticas à situação do Brasil, agitou os fãs com protestos contra o Governo Temer. “Será que você me ama?” e “Urubu Rei” vieram em sequência, antes do cover de Tim Maia com “Eu amo você”.

Hyldon, um dos maiores produtores e compositores da MPB, soltou todos os seus hits, como “Na Sombra de Uma Árvore”, “As Dores do Mundo” e “Na rua, Na Chuva, Na Fazenda”.

Logo depois veio um dos melhores shows desta edição. O Tyler Bryant and The Shakedown fez uma apresentação de altíssimo nível, com som que misturava estilos Led Zeppelin, Aerosmith, Guns N’ Roses e outros. Porém, com originalidade, os americanos atearam fogo no Sunset e conquistaram até os fãs do The Pretty Reckless, que iria tocar no lineup inicial, mas foi cancelado no começo do mês. Com muita atitude e carisma, os músicos certamente marcaram nome para futuras voltas ao festival.

Os americanos do The Kills subiram em seguida, misturando indie rock com grounge e uma levada clássica. Aos gritos dos fãs que os aguardavam, a banda fez uma boa apresentação. A cantora Alison Mosshart, meia hora antes de subir no palco, escreveu no Instagram que estava com febre e dor de garganta. Porém, nem isso atrapalhou sua grande exibição. Mesmo com pouca participação dos que não conheciam a banda, a dupla conseguiu agitar para a atração principal.

Se você quiser uma aula de rock n’ roll da “Old School”, performática e com muita guitarra gemendo alto, chame o professor Alice Cooper. Com um show épico, o veterano roqueiro mostrou o porquê de ter sido tão aguardado e tratado como uma lenda por todos os amantes do gênero. Cooper não poupou uma gota de suor e atrativos para literalmente tacar fogo no Palco Sunset.

Foi de “Brutal Planet” e “No more Mr. Nice Guy” até “Poison”, seu grande hit. Entre as canções, aparecia com indumentárias diferentes, como um doutor ensanguentado ou então dentro de um gigantesco boneco. Uma das guitarristas no palco era Tina Strauss, do grupo The Iron Maidens, formado apenas por mulheres que tocam Iron Maiden e durante anos fizeram sucesso na internet, inclusive arrancando elogios do Bruce Dickinson.

Para delírio absoluto da plateia, uma guilhotina entrou em “I Love The Dead” e “cortou” a cabeça de Alice. Parecia o fim. Mas não para os alunos de Cooper. Na canção “Fire”, Arthur Brown entrou com um adereço sobre a cabeça em chamas. Absoluto êxtase do público. Agora acabou? Não!

Eis que entra Joe Perry, guitarrista do Aerosmith, para acompanhar o amigo e banda em “School’s Out”. Final apoteótico. Injustiça uma apresentação deste calibre estar no Sunset. Uma aula.

PALCO MUNDO

Os brasilienses do Scalene foram os responsáveis por abrir o principal palco do Rock in Rio. Sem sentir o peso, começaram com “Histeria”. Os ex-participantes do “Superstar”, da TV Globo, fizeram bonito com um som pesado e abrindo espaço para os grandes nomes do rock que ainda vão passar por ali. Entretanto, a pouca interação popular tem uma explicação que, mais uma vez, mostra erro de avaliação dos organizadores: os fãs dos brasileiros são majoritariamente jovens, porém a noite tem como principais nomes dois ícones da “velha guarda do rock”.

Mas nem por isso desanimaram. Em “Surreal” e “Amanheceu”, a reação mais forte apareceu. Com discurso contra os governantes, marca desta edição, mais um forte apelo popular. Gustavo Bertoni, vocalista da banda, disparou:

– A sociedade do jeito que está é boa para quem? Para políticos corruptos, empresas que destroem o planeta. – falou, para delírio de todos.

Ao fim, pediu apoio para as bandas brasileiras e independentes. Um bom show, mostrando que o rock nacional está sim com bons nomes surgindo. Faltam espaços.

Ícones da juventude dos anos 2000, Fall Out Boy assumiu o Mundo com grandes hits que muitos fãs cantavam. Abriram com “Sugar We’re Goin’ Down” e foram soltando seus sucessos, com muita animação. Como “Phoenix” e até um cover de “Beat It”, do Michael Jackson, que o grupo regravou.  “Dance, Dance”, um dos clássicos da banda, também estava lá.

Apesar de ter sido um bom show, o estilo Pop Rock pareceu deslocado num dia em que as atrações são basicamente de som mais pesado e estilo “Old School”. Mesmo assim, ninguém ali parecia decepcionado. Pelo contrário, foi um aquecimento para o que viria depois.

Mas se queriam arquitetos da música, então o Def Leppard assumiu o Palco Mundo. Como era de se esperar, não pouparam seus clássicos do “Hysteria”, disco de 1987. Começaram com “Let’s Go” e “Animal”, mostrando as armas do bom e velho rock dos anos 80, onde atitude e originalidade eram estradas para o sucesso. O público reagia bem. Com riffs de tirar o fôlego e as letras fortes, os ingleses mostravam às novas gerações como se faz música.

Com “Foolin'”, “Loves Bites”, “Armageddon It” e o hit “Rocket”, os britânicos, que se notabilizaram por um estilo totalmente próprio, fizeram um solo com todos os instrumentos juntos. E o destaque final ficou por conta do baterista Rick Allen, que em 1985 perdeu o seu braço esquerdo num acidente de carro, mas voltou a tocar com a bateria adaptada. Aclamados, voltaram com mais canções da história do grupo.

Durante a chamada “Invasão Britânica”, quando as bandas da Terra da Rainha cruzavam o Atlântico e faziam sucesso nos EUA, os artistas se notabilizavam por seus estilos únicos e diferentes de tudo o que era feito em termos de som no planeta. Bebendo muito dessa fonte, o Def também conquistou um enorme público pelo mundo com a sonoridade altamente original e marcante. Hoje estavam todos estes detalhes. Até mesmo uma Era do Rock que não voltará tão cedo: a do talento musical sobre a indústria fonográfica.

Phil Collen e Vivian Campbell, os guitarristas, davam um show à parte, levantando a galera próxima ao palco durante os riffs. Na parte final, os clássicos: “Hysteria”, “Pour Some Sugar on Me” e “Rock of Ages”. Era a assinatura final de uma banda que foi ícone da geração dos anos 80. E pela recepção popular, estão aprovados e batizados, 32 anos depois de cancelarem participação no primeiro Rock in Rio.

Mas era dia deles: Aerosmith. Os americanos, que já passearam bastante pelo Rio de Janeiro nos últimos dois dias, chegaram com força total. Largando logo de cara uma sequência agitada, foram de “Let The Music do The Talking”, “Love In An Elevator” e “Cryin'”. A multidão já era dos Dinossauros do Rock.

Não faltaram as peculiares blusas do Steven Tyler, uma atração à parte. Aliás, o vocalista, como sempre faz, jorrava carisma em conversas com fãs e demais integrantes. Muito menos a incendiária guitarra do Joe Perry, um dos ícones do gênero. Então vieram “Livin’ On The Edge” para o coral entrar de vez no show. Só que a emoção estava guardada para dois dos seus maiores hits: “Crazy” e “I Don’t Miss a Thing”, onde a Cidade do Rock inteira cantou, fazendo Tyler se calar e deixar mais de 20 segundos só os presentes. Uma das imagens marcantes desta edição.

Com todos em suas mãos, Aerosmith então partiu para o ataque final com “Come Together”, cover dos Beatles, e “Sweet Emotion”. No Bis, mais músicas topos das paradas, com “Dream On”, cantada com um piano onde Tyler e Perry se revezavam em subir sobre o mesmo, e “Walk This Way”, hino que virou marca registrada da banda durante os anos 70 e 80. Um final apoteótico para os que esperavam para ver as lendas vivas de perto.

Se alguém ainda duvidava, então aí vai: Hoje foi dia de rock, bebê!

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Fotos: Rock in Rio

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