“Chica da Silva – O musical” estreia no Centro Cultural Correios

Desde o dia 8 de setembro está em cartaz no Centro Cultural Correios “Chica da Silva – O musical”. Com direção de Gilberto Gawronski e texto de Renata Mizrahi, espetáculo celebra a força da mulher negra brasileira com inspiração na história da escrava alforriada que virou mito nacional. A atriz Vilma Melo vive a personagem-título da montagem, que resgata a cultura afro a partir da direção musical assinada por Alexandre Elias e dos cenários e figurinos de Karlla de Luca. Musical estreia 40 anos depois do clássico filme “Xica da Silva”, de Cacá Diegues. A peça fica até dia 30 de outubro.

A força da mulher negra brasileira foi construída a partir de séculos de batalhas, conquistas, decepções e sonhos. O desejo de levar à cena essa impactante trajetória, que inclui discussões sobre gênero, raça e cultura afro, motivou a montagem de Chica da Silva – O musical, espetáculo com estreia marcada para dia 8 de setembro, no Centro Cultural Correios, com direção de Gilberto Gawronski.

Com texto de Renata Mizrahi e pesquisa de Daniel Porto, a peça é protagonizada pela atriz Vilma Melo, no papel de Chica da Silva. Alexandre Elias assina a direção musical e a direção de produção é de Alexandre Lino. Chica da Silva – O musical tem patrocínio do Ministério da Cultura e do Centro Cultural Correios.

O projeto começou a tomar forma quando o ator, diretor e produtor Alexandre Lino montou a exposição Cacá Diegues – Cineasta do Brasil, na Caixa Cultural Rio de Janeiro, em 2013. Na ocasião, teve oportunidade de rever o clássico Xica da Silva, protagonizado por Zezé Mota, que Cacá Diegues lançou em 1976, baseado no livro homônimo de João Felício dos Santos.

Tanto o longa-metragem quanto o romance comemoram quatro décadas este ano. Lino achou que era o momento propício de a história chegar aos palcos cariocas. “É uma grande homenagem ao mito e a negritude brasileira. Vamos comemorar os 40 anos do lançamento filme e 20 anos da novela Xica da Silva”, diz o produtor.

“O Daniel Porto, parceiro meu em diversos trabalhos, fez uma extensa pesquisa histórica, depois a Renata Mizrahi fez um paralelo entre este ícone brasileiro e as batalhas das  mulheres negras contemporâneas”, explica Lino. “Apesar dos inúmeros avanços que conquistamos desde o século 18, essas mulheres ainda encontram muita opressão tanto nos ambientes profissionais quanto em suas relações afetivas”.

A TRAMA

Renata Mizrahi criou três planos diferentes. No passado, o musical resgata momentos da biografia de Chica da Silva, escrava alforriada que viveu durante anos uma relação estável com o rico contratador dos diamantes João Fernandes de Oliveira, teve treze filhos e conquistou uma posição de destaque na conservadora sociedade do século 18.

No presente, a história de Chica da Silva é representada pela mulher negra que ocupa espaços importantes na sociedade, vive um momento especialmente importante de conquistas femininas e sonoridade, mas ainda enfrenta uma série de preconceitos nos âmbitos pessoal e profissional.

O terceiro plano é o da imaginação, mostra a vida como a personagem gostaria que ela fosse, com cenas de uma mulher amada, que jamais sofreu preconceito. “A peça distancia Chica da Silva daquela mulher devoradora de homens a qual muitas vezes é associada, e a aproxima da mulher negra do século 21, que ainda tem que lidar com injúrias raciais em sua vida cotidiana e, muitas vezes, precisa se ‘embranquecer’ para ser aceita”, descreve a dramaturga.

O que levou o diretor Gilberto Gawronski a aceitar o convite para dirigir a montagem foi justamente esse paralelo com a atual luta feminina, além de discussões instigantes sobre as raízes brasileiras. “Não me interessa uma investigação sobre a vida pessoal de Chica da Silva, mas uma dramaturgia que explore os temas de libertação, negritude e cultura brasileira, que é o que nós vamos fazer”, observa o encenador.

No elenco estão Vilma Melo, Ana Paula Black, Antônio Carlos Feio, Luciana Victor e Tom Pires. “Por um lado, é muito prazeroso interpretar uma personagem que já está no imaginário dos brasileiros, que é um ícone em termos de atitude feminina; por outro é um desafio desconstruir este mito e criar esse paralelo com essas questões das mulheres contemporâneas que ainda sofrem muito no dia a dia”, analisa a protagonista Vilma.

O diretor musical Alexandre Elias reúne, no espetáculo, canções originais com muita presença de percussão, evocando a ancestralidade da raça negra, e sucessos como Xica da Silva, de Jorge Ben Jor. Em cena, atores são acompanhados da banda formada por Di Lutgardes, Reginaldo Vargas, Victor Durante e Tássio Ramos. As figuras dos orixás serviram de inspiração para o cenário e o figurino de Karlla de Luca. O iluminador Renato Machado completa o time criativo, que vai mostrar no palco traços ancestrais em uma linguagem contemporânea.

SERVIÇO:

Chica da Silva – O musical

De 8 de setembro a 30 de outubro de 2016.

Centro Cultural Correios: Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro.

Telefone: (21) 2253-1580

Dias e horários: quinta a domingo, às 19h.

Ingressos:

De 8 a 11 de setembro: ingressos promocionais a R$10.

A partir de 15 de setembro: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

Lotação do teatro: 200 lugares.

Duração: 1h20.

Classificação indicativa: 16 anos

Funcionamento da bilheteria: De terça a domingo, das 15h às 19h.

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