Cia. Dos à Deux volta ao Rio para apresentar “Gritos”

Depois de um ano longe dos palcos cariocas, a Cia. Dos à Deux volta ao Rio para
uma curta temporada do seu trabalho mais recente. “Gritos” reestreia em 2 de
fevereiro, no Teatro Dulcina, na Cinelândia. A peça fica em cartaz de quarta a
domingo, às 19h, somente até 11 de março. Com concepção, dramaturgia,
cenografia e direção de André Curti e Artur Luanda Ribeiro, a premiada
montagem da Cia. Dos à Deux é formada por três poemas gestuais metafóricos
criados a partir de um tema: o amor. “Gritos” estreou em novembro de 2016, no
CCBB Rio. Depois a companhia realizou uma turnê, durante 10 meses, pelas
unidades do CCBB em São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, totalizando 120
apresentações.
Em uma atmosfera onírica, os três poemas que compõem “Gritos” são revelados
por meio de uma partitura gestual sutil e minuciosa. Inspirada em temas da
atualidade, a dramaturgia foi criada durante o processo de pesquisa e de criação
artística. As pessoas invisíveis na sociedade, o preconceito, o desprezo, os
refugiados a guerra e o amor permeiam os três poemas gestuais – os três gritos.
Há anos trabalhando com teatro gestual, a dupla experimenta, neste novo trabalho,
a transformação de seus próprios corpos em bonecos de proporções humanas,
como se estivessem refletidos no espelho. Com colaboração da marionetista russa
Natacha Belova (responsável também pelos bonecos do espetáculo “Irmãos de
sangue”) e do brasileiro Bruno Dante, André e Artur tiveram partes dos seus
corpos – cabeça, mãos, pés e braços – esculpidos com gesso e depois trabalhados
em diferentes materiais.
“Essa pesquisa, na fronteira entre artes plásticas, formas animadas, teatro e dança,
nos fez ter uma nova sensação gestual que, até então, não havíamos
experimentado. Um gestual potente, complexo e contido”, explica Artur. “Ao longo
da criação, na pesquisa de formas animadas, nós fomos dando vida ao invisível dos
corpos, aos poucos. Como se a vida tivesse arrancado um pedaço desses
personagens, nos obrigando a dar poesia e intenção a objetos que se tornaram
corpos, e corpos que se tornaram objetos”, explica André.

A cenografia de “Gritos” é uma instalação plástica composta por estruturas de
colchões de mola, que vão se transformando em objetos insólitos ao longo da peça.
Em alguns momentos, os colchões formam labirintos de onde os personagens
procuram uma saída. Em outros, um quarto para um encontro amoroso. Na
pesquisa da Cia. Dos à Deux, a cenografia é mutável, com arquitetura servindo
organicamente à dramaturgia – à qual, assim como nas criações anteriores, a luz se
funde, sublinhando os espaços cenográficos criados pela dupla. “Trabalhar a luz
como um personagem sempre fez parte de nossa pesquisa”, conta Artur. “Nosso
universo é construído pensando num todo: luz, cenário, bonecos e dramaturgia
caminham juntos”, complementa André.

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