Com altos e baixos, Rihanna satisfaz os fãs e Palco Sunset se destaca no dia do pop

Rihanna
Divulgação / Rock in Rio

Num dia em que o pop era pra reinar, foi o rock n’ roll quem brilhou ao lado da estrela de Barbados, Rihanna. A popstar desfilou seus singles para delírio dos fãs, mas deixou a desejar em uma apresentação em boa parte artificial. Com um Palco Sunset cheio de brasilidade e artistas repletos de sucessos, Ultraje a Rigor, Erasmo Carlos e Sérgio Mendes fizeram a alegria dos milhares que esperavam ver as estrelas internacionais. No Palco Mundo, um público bastante ansioso e até por vezes frio, assistiu Lulu Santos com seu repertório impecável, uma quase desconhecida Sheppard e o romantismo do britânico Sam Smith.

Brothers of Brazil
Divulgação / Rock in Rio

No dia em que o Pop dominava o lineup, o Rock in Rio começou com muita atitude, rock e punk: a Brothers of Brazil, banda formada por João Suplicy e Supla. Não faltou protesto. Os irmãos cantaram de “Imagine”, de John Lennon em uma versão moderna, até a cheia de críticas aos partidos “Tudo pelo poder”. A curiosidade fica por conta de a canção xingar o PMDB no dia em que a mãe de ambos, Marta Suplicy, se filiou ao mesmo em um grande evento. Eduardo Suplicy, pai dos artistas, estava no meio dos fãs e foi bastante assediado.

Como convidado, os músicos em família chamaram Glen Matlock, ex-baixista da formação original do Sex Pistols e responsável por canções que revolucionaram a cena punk rock mundial como “God Save The Queen” e “Anarchy in UK”. E foi com a primeira que o britânico abriu o show, sacudindo o público. Depois rolou “Pretty Vacant” e “Stepping Stone”. Supla atacou com a sua famosa “Garota de Berlim”, antes de “Surfing’ Bird”, música dos Ramones. O show terminou ovacionado como poucos esperavam, num dia repleto de artistas pop.

Ultraje e Erasmo
Divulgação / Rock in Rio

E por falar em história da música, ela estava presente na segunda atração: Erasmo Carlos e Ultraje a Rigor. Foi um desfile de sucessos e crítica social. O show começou com o Tremendão cantando “Minha fama de mau”. Na sequência Roger e banda incendiaram o festival com “Inútil”, “Filho da Puta” e “Pelado”. Jovens que nem eram nascidos quando essas músicas dominavam as rádios dos anos 80, se divertiam. Mas claramente era um tom político

– Trinta anos depois, vamos ver se a gente aprender. Os caras cagam, a gente paga – disse antes de cantar.

A dobradinha aumentou ainda mais a energia do Sunset com “Mary Lou” e “Ciúme”, onde Erasmo também cantava. Depois foi a vez da Jovem Guarda tomar conta com “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno”, “Negro gato”, “Eu sou terrível” e “É proibido fumar”. Pra encerrar de forma apoteótica, Roger e Erasmo se juntaram para enfileirar hits: “Festa de Arromba” e “Nós vamos invadir sua praia”. Um show pra marcar esta edição de 2015.

Angelique
Divulgação / Rock in Rio

De Benim, na África, veio o som que fez até o Supla voltar ao palco para dançar: Angélique Kidjo. A africana tocou no Rock in Rio 2013 com o Living Colors, mas voltou com força máxima este ano. Ao lado do baixista camaronês Richard Bona, Kidjo fez a maior festa que o palco viu este ano. Com músicas como “Kulumbu”, “Batonga” e “Pata Pata”, os presentes literalmente se divertiram.

Ao final do show, Angélique foi até à plateia e cumprimentou dezenas deles. Mas o melhor estava por vir: Ao som da música de encerramento, “Tumba”, a cantora levou diversas pessoas para cima do palco, inclusive Supla, para dançarem e cantarem juntos dela. Depois de duas outras atrações que alegraram o Sunset, mais uma que fez valer o local.

Sergio Mendes Carlinhos Brown
Divulgação / Rock in Rio

Responsável pela popularização da Bossa Nova no mundo, Sérgio Mendes entrou para encerrar o Sunset com uma coleção de obras-primas da MPB. Começou com “País Tropical” do Jorge Benjor, “Águas de Março” em inglês e “Água de Beber” de Tom e Vinícius. Um rapper improvisava, na língua inglesa, em cada música. Um dos momentos mais bonitos foi a versão para “Never Gonna Let You Go”.

Finalizando o show, Carlinhos Brown subiu e tocou repique, antes de cantarem juntos a música tema do filme “Rio” e “Mas Que Nada”, canção do Benjor que Sérgio eternizou com os americanos do Black Eyed Peas.

Lulu Santos
Divulgação / Rock in Rio

Um dos nomes mais conhecidos da música brasileira, Lulu Santos abriu o Palco Mundo com um sucesso atrás do outro. O primeiro foi “Toda forma de amor”, que veio com “Ja é” e “Aviso aos navegantes”, onde uma das backing vocals participava. Em “Sábado à noite”, Pretinho da Serrinha, tradicional sambista carioca, entrou tocando cuíca.

No pot-pourri de “Um certo alguém” e “Último romântico”, a participação foi de Rodrigo Suricato, vocalista da banda que traz no nome. Apesar de muitos conhecidas, a participação do público foi um pouco fria, talvez por contraste com o terremoto causado pelo Palco Sunset e suas três anteriores atrações. Em “Condição”, a presença foi de Mr. Catra, para surpresa de muitos e gritos de “Uh papai chegou”.

Com um repertório impecável e que fez a cabeça de muitas gerações, os jovens pareciam ansiosos e gritavam “Rihanna” a cada intervalo. Na hora de “Apenas mais uma de amor” a plateia enfim respondeu à altura do Lulu. Um coral imenso cantava o famoso refrão. Se aproximando do fim, o artista cantou “Sereia”, “De repente, Califórnia” e “Tempos Modernos”, voltando a ter uma resposta positiva do público.

sheppard
Divulgação / Rock in Rio

Praticamente desconhecidos do público, os australianos do Sheppard subiram ao palco com bastante swing vindo de um pop meio colegial. George, o tecladista, começou o show descendo da tirolesa, repetindo Jared Leto do 30 Seconds To Mars, em 2013. A primeira música, “Halfway To Hell”, parece que agradaram os fãs, que respondiam positivamente. Mas o grande momento inicial foi em “Let me down easy”, onde um coral acompanhava o grupo.

A falta de músicas famosas para a maioria dos que estavam assistindo prejudicou bastante e tornou ainda mais ingrata a missão de conquistar num dia que tem Rihanna. Com “Flying Away” e “Find Someone”, os irmãos foram se soltando e conquistaram de vez os presentes em “Geronimo”, maior single e o mais popular. A verdade é que o Palco Mundo ficou grande demais para uma atração tão pouco expressiva.

Sam Smith
Divulgação / Rock in Rio

Vencedor de quatros Grammys este ano, Sam Smith abriu seu show com o maior hit “I’m Not The Only One”. Com uma banda muito afiada e um cenário simples mas bem planejado, rapidamente os fãs entraram na onda. E foi com bastante interação e participação entre ambos que seguiu com ”Like I can” e ”Restart”.

Arriscando uma aproximação dos que estavam à frente do palco, o britânico foi até a eles enquanto sua banca fazia danças ao som de “Tears dry on their own” a qual dedicou a Amy Winehouse, uma das suas inspirações musicais. Mas ao voltar com a balada “Lay Me Down”, à base de piano, o clima de romance tomou conta e o Rock in Rio. Virou um enorme campo de apaixonados, bem diferente de como começou, às 15h, com bastante punk. Essa mistura e falta de critérios nos lineups talvez sejam os maiores obstáculos para o festival desde sempre.

Cara Delevingne. ex-modelo e atualmente cantora pop, estava à frente do palco e ganhou até um beijo do cantor. Teve “Money on my mind” e ”Finally”, de Cece Peniston. Encerrando a apresentação, um dos seus maiores sucesso, “Stay with me”. Um bom show de um jovem talento que já mostra seu valor, mais muito abaixo de tantos outros excelente que passaram pelo Palco Mundo.

Rihanna
Divulgação / Rock in Rio

Repetindo 2011, Rihanna atrasou 40 minutos para entrar em cena e encerrar o primeiro dia do pop. Ao som de “Rockstar 101” e “Only girl” a estrela de Barbados entrou sob uma enorme gritaria dos fãs e flashes para todos os lados. Vestindo um traje amarelo e com muita batida beatbox, por vezes escondendo a base por trás da voz da cantora, a popstar disparou todos os seus sucessos ao público. Durante “Birthday cake” um problema no sistema de som atrapalhou e precisaram interromper. A musa até brincou:

– Pelo jeito a gente não estava preparado pra vocês, Rio! – disse em meio aos gritos da Cidade do Rock.

Depois de resolvido, a sequência de famosos singles seguiu com “Rude boy”, “What’s My Name” e “Man Down”. Sempre dançando e com bastante sensualidade, Rihanna parecia se divertir tanto quanto os milhares de seguidores que a esperavam desde ontem na fila. No momento de grande euforia deles, veio o seu hit de maior sucesso e fama, “Umbrella”, que foi acompanhado por um coral. Durante a canção, uma bandeira do Brasil foi jogada e desfraldada pela cantora.

Atrás da artista, um complexo palco com luzes e muita fumaça ia mudando conforme a sonoridade. Um telão gigantesco mostrava imagens em preto e branco, além de efeitos, do show. Mas também seria de cenário musical em diversos momentos. Na parte acústica do show vieram “Unfaithful” e “Love the way you lie”. O clima de megaevento se tornou mais tímido e onde melhor a filha ilustre do Caribe conseguiu mostrar seu talento escondido por trás de bases e backing vocals.

À propósito, do meio pro fim o espetáculo melhorou consideravelmente, principalmente porque a verdadeira artista apareceu. Em “We found love” a guitarra ressoou alto e mostrou que a apresentação poderia estar em outra pegada rítmica, apesar de agradar em cheio os seus mais radicais pupilos. Assim seguiu até o fim com “Stay” e “Diamonds”, onde encerrou com o seu mais novo sucesso, “Bitch Better Have My Money”. Ao ver as notas de dólares, em referência à letra, ela se divertiu:

– Oh meu Deus! Vocês são incríveis, muito obrigada! Jamais vou esquecer isto, obrigada a todos vocês! Todos! – falou a diva, surpresa com a homenagem.

Em um Rock in Rio com tantos artistas e shows fora da curva, o da Rihanna ficou abaixo da maioria dos headliners. Apesar de toda estrela e presença de palco, a artificialidade apresentada em boa parte do concerto, que valoriza demais as nuances que fogem o musical, prejudicou o todo.

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