‘God Save The Queen’: Elton John e Rod Stewart consagram o Rock in Rio com talentos e sucessos

Uma noite histórica. Assim ficará definida a terceira noite do Rock in Rio 2015. Um é Sir e o outro é comandante da Ordem do Império Britânico, mas foi no Palco Mundo que eles reinaram. Rod Stewart e Elton John foram os grandes protagonistas de um encontro de gerações com a música em sua face mais popular e talentosa. Com hits que fizeram 90 mil pessoas cantarem, os artistas entraram para sempre na memória do Festival. Ainda teve Paralamas do Sucesso apresentando a todos que após 30 anos continuam sendo referência no rock nacional e conquistando todas as idades, além de Seal com muito talento vocal. No Sunset, após 27 anos Pepeu Gomes e Baby do Brasil subiram num palco juntos para um show que não faltou sucesso, mas sobrou emoção.

O dia mais família do Rock in Rio 2015 começou no Palco Sunset com um nome que carrega uma Dinastia musical: Alice Caymmi. A cantora surpreendeu e abriu o show com “Iansã” e ‘Paint it black’, dos Rolling Stones. O público, que ainda ia chegando mas bem mais animado que nos dias anteriores, pareceu gostar. Na sequência fez versões bastante interessantes de “Princesa”, funk do Mc Marcinho, com violoncelos e guitarra, além de “Joga Fora”, da Sandra de Sá, com batidas eletrônicas. Ainda teve “Summertime”, com Eumir Deodato nos teclados. Pra encerrar, “Black Dog”, do Led Zeppellin. Se este palco é o local ideal para misturas, Alice acertou em cheio e caprichou.

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Reprodução

O segundo show da tarde foi histórico. Após 27 anos separados dos palcos: Pepeu Gomes e Baby do Brasil, com a parceria do filho de ambos, Pedro Baby. Foi uma avalanche de sucessos e clássicos da MPB, consagrada por eles e pelos Novos Baianos. Baby foi a primeira a subir, cantando “Seus Olhos”. Em seguida chamou Pepeu, que chegou a chorar, emocionado, quando os fãs gritaram seu nome.

Um dos maiores nomes da guitarra, o baiano recomeçou a parceria com “Tinindo Trincando”, “Eu também quero beijar” e o antológico “Mil e uma noites”. Em seguida Baby voltou para cantar seu maior sucesso, “Menino do Rio”, acompanhada pelo público. Logo após veio o momento mais marcante do reencontro: Em “Todo dia era dia de índio”, a plateia imitava índio enquanto os músicos tocavam. A cantora chegou a se emocionar:

– Vamos cuidar dos nossos índios. Mesmo depois de tanto tempo, continuam sendo maltratados – discursou Baby, que usava sua já tradicional saia de bailarina.

Encerrando, “Masculino e Feminino” foi a consagração de dois dos artistas mais brasileiros que a música nacional produziu. Sob aplausos e muita louvação, ficou a certeza de um dos maiores shows da História do Rock in Rio.

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Os canadenses do Magic, que aplaudiram a apresentação anterior no backstage, entraram pouco depois das 18 horas e tocando “Don’t Kill the Magic”, que também dá nome ao único disco do grupo. O baterista Alex Tanas vestia uma camisa da Seleção Brasileira e todos esbanjavam carisma. A banda não escondeu a felicidade em cantar no maior festival da vida deles e misturou reggae com pop.

À frente de um enorme ‘M’ no palco, o grupo fez ainda covers de ‘”Girls just want to have fun”, da Cindy Lauper, “Is This Love?”, de Bob Marley e “Message In a Bottle”, do The Police, antes de cantar seu mais conhecido hit, “Rude”. Com menos de uma hora, o vocalista Nasri, parceiro musical de Justin Bieber e Chris Brown, se despediu dos fãs.

Fechando o Sunset, um dos artistas mais talentosos do momento: John Legend. Com seu timbre de voz peculiar e uma sonoridade que conquista até quem não conhece sua obra, o cantor despejou quase todos os seus sucessos. Sempre acompanhado do seu piano, o show começou com “Made To Love”, já animando os presentes. Mas em seguidas começaram as canções mais conhecidas, como “Tonight”, “I Can Change” e “PDA”.

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O clima de romance tomou conta do local nas que seguiram e os fãs curtiam. Conversando o tempo todo com a plateia, Legend conseguiu que cantassem em “You and I”, “All of Me” e a mais pedida no fim, “Glory”. O cantor dedicou a música aos que estavam no local:

– Para todos que lutam por justiça e igualdade. Um dia, quando a glória vier, será de vocês – se despediu John, agradecendo a presença de todos e reverenciando o Rio de Janeiro. O músico foi embora sob forte aplausos e muito bom gosto musical.

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Um turbilhão de clássicos. Assim foi a abertura do Palco Mundo com Os Paralamas do Sucesso. Uma das gerações mais talentosas da música brasileira, Bi Ribeiro, João Barone e Heberth Vianna sacudiram a já lotada Cidade do Rock com hits do calibre de “Óculos”, “Meu Erro”, “Uma Brasileira”, “Cuide bem do seu amor” e “Lanterna dos Afogados”.

Sempre bastante presente em metais e sopros, a banda que acompanhava os brasileiros foi uma atração à parte. Muito bem afinada e entrosada, tinham fundamentais aparições em diversas canções. Quando foram apresentados por Heberth, ganharam as merecidas palmas da plateia, que era bem mais empolgada que a da noite anterior.

Repetindo o que fizeram em 1985, o trio tocou “Vital e sua Moto” e “Inútil”, do Ultraje a Rigor. Também teve Tim Maia com “Você” e “A Novidade”, parceria com Gilberto Gil. Com o público muito animado, ainda deu tempo de “Lourinha Bombril” e encerrar com chave de ouro, lembrando Legião Urbana ao som de “Que país é esse?”. Sob muitos aplausos e gritos, os Paralamas mostraram que 30 anos depois continuam sendo do Sucesso, atual e inspirando gerações inteiras.

Neto de brasileiros, o britânico Seal abriu seu show com um dos seus mais conhecidos hits, “Crazy”. Parecia que a plateia iria entrar na onda do pop e R&B do cantor, principalmente após emendar outro hit famoso, “Killer”, mas o clima foi esfriando. A apresentação era praticamente impecável, com muito jogo de luz e uma presença vocal enorme do artista. Mas a falta de músicas conhecidas prejudicou na participação popular.

Numa das intervenções que fez, se aproximou do público e disse que queria ver o rosto de cada fã:

– Eu quero ver a face de cada um. Eu vejo você. E você. E você atrás. – brincou o cantor, que respondia um “obrigado” quase sem sotaque após cada canção.

Fã de Dorival Caymmi, Seal continou esbajando simpatia até chegar a sua música mais famosa, “Kiss from a Rose”, que foi amplamente divulgada no mundo através do filme “Batman Forever”, de 1995, que contava com Nicole Kidman e Jim Carrey. Ao encerrar o show, o público parecia feliz com a apresentação, já que a excelente voz do inglês foi muito elogiada antes do festival, mas sem a mesma animação de antes.

E era hora de Sir Elton John subir ao palco do Rock in Rio, pela segunda vez na cidade carioca, para mais uma aula de música e canções que já viraram temas de gerações. O britânico entrou com seu extravagante terno azul e muitos aparatos brilhantes e, assim como em 2011, à direita da boca de cena, deu início a um hit atrás do outro.

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Poucos artistas no mundo são tão conhecidos e suas canções tão incorporadas por diferentes gerações como Elton. “The Bitch Is Back” foi a primeira, começando em alto astral e sem seguida veio “Bennie and the Jets”, música que inspirou, entre outros, Axl Rose a cantar de forma peculiar e querer ser uma estrela. Relembrando a Princesa Diana nos versos “Good bye, England Rose”, sua amiga pessoal, o cantor embalou a plateia com “Candle”.

Levantando do seu piano e saudando os fãs a cada duas ou três músicas, “Tiny Dancer”, outro mega sucesso, fez a alegria dos presentes. Assim como antes de começar “Goodbye Yellow Brick Road”, onde incendiou a todos, John improvisou diversas vezes sem ou com a excelente banda que o acompanhava.

Mas a apoteose estava guardada para “Skyline Pigeon” e o famoso “Fly away skyline pigeon fly”, onde milhares de pessoas cantavam junto o famoso refrão. Elton dedicou ainda “Don’t let the sun go down on me” ao público e agradeceu aos brasileiros por “todos os anos de gentileza”. A banda que acompanhava Sir era uma das mais experientes e precisas do festival. Com anos de estrada, os músicos se conhecem apenas com sinais distantes.

Antes de sair pro bis, “Saturday Night’s Alright For Fighting” embalou todos os que aguardavam uma surpresa. E ela veio. Programado para cantar “Crocodile Rock” no encerramento, Elton John voltou ao palco e cantou “Your Song”. A alegria era geral. Era o fim do primeiro tempo da aula britânica de música.

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O segundo tempo começou com Rod Stewart. Impecavelmente preparado, o palco se tornou em um cassino de Las Vegas. Cinco belíssimas mulheres de vestidos brancos faziam parte do backing vocal e instrumentos de sopro do escocês, que abriu o show com “Having a Party”. Na segunda música já veio um hit: “It’s a Heartache”. Mesmo sem a voz consagrada como uma das melhores do rock, o Rock in Rio já era dele.

As meninas que o acompanhavam eram um caso à parte. Sempre bem sensuais, elas dançavam e cantavam conforme as canções iam entrando no repertório. Uma delas era a mais presente, tocando violão, guitarra, violino e até uma guitarra baiana. Foram bastante aplaudidas e conquistaram muitos corações brasileiros.

Quando embalou os fãs com “This Old Heart”, a banda chegou a parar de tocar e só o coral do público continuou. Um espetáculo dentro de outro. Foi então que veio “Have You Ever Seen The Rain?” e ninguém mais duvidava que este era o melhor show da noite. Em “Rhythm Of My Heart”, Rod levou as cantoras para frente do palco e, uma a uma, cantou versos intercalados com agudos altíssimos e delírio dos presentes.

Mudando de roupa a todo instante, saindo do branco pro preto, passando pelo dourado e cinza, o rockeiro também demonstrou a sua paixão pelo futebol. Fanático torcedor do Celtic, time da Escócia, o bumbo da bateria ostentava o símbolo do clube. Durante o show Stewart pegou uma bandeira do clube e chutou diversas bolas na direção dos fãs. Os presentes eram assinados pessoalmente pelo artista, como dizia no telão com uma inscrição.

A cada nova luz, um novo momento. Era como se a apresentação fosse marcada por blocos que fossem passeando por um roteiro pré determinado. Mas a única rota seguida foi a de muito carisma e envolvimento com todos. “Maggie May” e “Stay With Me” foram encaminhando o show para o final, que contou com “Sailing”, onde todos os músicos apareciam e se despediam. Era o fim de um dia histórico no Rock in Rio. Um dia onde as lendas da música mundial se encontraram e fizeram milhares de pessoas como testemunhas do talento consagrador.

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