Instalação de realidade virtual ‘Os mundos de Isaac’ será lançada neste sábado no Oi Futuro Flamengo

Todo bom cientista deve ser criativo, ter espírito investigativo e uma certa obsessão pelo desafio. Mas como será que nasce esse cientista?  Ou melhor: será que existe um cientista desses em cada um de nós? A provocação contida no livro inédito de Elika Takimoto levou a diretora Joana Lebreiro e a produtora Camila Vidal a criarem o projeto infantil multiplataforma ‘Isaac no mundo das partículas’, que combina teatro e artes visuais no Oi Futuro, com o espetáculo infantil homônimo e a instalação “Os mundos de Isaac”, que vai inserir o espectador em universos poéticos virtuais com o uso de óculos especiais.

Com direção de Joana Lebreiro e direção musical de Ricco Viana, o musical quântico Isaac no mundo das partículas estreou dia 27 de janeiro, às 16h, no Oi Futuro. A peça infantil é uma adaptação do livro homônimo da escritora e professora de física Elika Takimoto (que será lançado dia 17/02) e trata de um tema nada fácil – a física de partículas – de maneira envolvente, divertida e informativa. O músico David Bowie e seu lendário personagem Ziggy Stardust inspiram a estética e a proposta da encenação, que propõe transformar o palco em um show de rock. A partir deste sábado, dia 3 de fevereiro, às 17h15, a temporada da peça será acompanhada pela instalação Os mundos de Isaac. Criado pelos videoartistas Rico Vilarouca e Renato Vilarouca – que também assinam as projeções do espetáculo –, o trabalho permite que o público entre no mundo interior do personagem título com o auxílio de óculos de realidade virtual. O projeto tem patrocínio da Oi, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, Lei Estadual de Incentivo à Cultura e correalização do Oi Futuro.

 

Musical fala do despertar para a ciência

 

A história começa quando o protagonista Isaac (João Lucas Romero) vai à praia, segura um pequeníssimo grão de areia e começa a se interessar pelos mistérios universais. O grão de areia (Claudio Mendes) ganha vida e, na tentativa de responder a dezenas de perguntas, leva o menino para uma viagem que começa na Grécia e acaba no Cern (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear). Tudo isso é narrado por um enigmático personagem: a partícula subatômica Bóson de Higgs (Julia Gorman), um dos mais fundamentais elementos do universo. No elenco, também estão André Arteche e Júlia Shimura, que vivem músicos-partículas e cientistas.

A diretora Joana Lebreiro conta que o projeto nasceu de maneira curiosa, já que a física era uma das matérias de que menos gostava na adolescência. “Eu já acompanhava a Elika no Facebook e, no dia 30 de dezembro de 2016, li um post em que ela mencionava ter um livro de física para crianças. Mesmo sendo uma data nada propícia para um pedido desses, mandei uma mensagem falando que tinha interesse em ler o livro. No dia seguinte, o texto já estava na minha caixa de email”, lembra Joana, também responsável pela adaptação do texto para o teatro: “Percebi que podíamos fazer uma peça que abordasse, de forma metafórica, o processo do nascimento do ‘cientista’ que pode existir em cada um de nós, focando na curiosidade infinita que nos move como seres humanos pensantes, incessantemente questionadores. Ser cientista para a gente é se apaixonar por algum tema e ir em busca do conhecimento sobre ele. A adaptação do texto para a cena ainda incluiu questões que surgiram nos ensaios e o tema da física de partículas – que arrebatou a todos”.

A autora Elika Takimoto resolveu escrever o livro para estimular os questionamentos das crianças sobre o tema. “Eu estive no Cern (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) durante uma semana fazendo um curso de física de partículas. Quando voltei, meu filho me fez muitas perguntas. E eu fiquei muito feliz, porque muitas das perguntas eram as mesmas que eu tinha feito para os grandes cientistas. Como ele estava encantando com esse mundo, resolvi procurar livros sobre o tema, e encontrei bem poucos. Então, resolvi eu mesma encarar o desafio e escrever”, comenta ela, que vai lançar o livro, dia 17 de fevereiro, no Oi Futuro, logo após o espetáculo.

A trilha sonora é um capítulo à parte. Na primeira leitura do livro, Joana Lebreiro já imaginou a história contada com atmosfera roqueira. Logo depois, vieram as inspirações estéticas e musicais de Ziggy Stardust, personagem criado pelo músico David Bowie que vem de outro mundo para salvar a Terra, mas em vez disso encontra o rock. O diretor musical e arranjador Ricco Vianna criou as melodias do espetáculo enquanto Joana escreveu as letras das canções – em uma parceria azeitada durante o processo de ensaios. “Começamos com a influência de Bowie, que fica clara na primeira canção, mas também seguimos outros caminhos. Temos uma trilha que mistura rock e música eletrônica, com atores que tocam violão, baixo e guitarra”, conta Ricco. Os figurinos de Bruno Perlatto, o cenário de Natália Lana e as projeções de Rico Vilarouca e Renato Vilarouca também acompanham as referências ao músico inglês. Completam a equipe criativa Paulo César Medeiros (iluminação), Bruno Cezario (direção de movimento).

Os mundos de Isaac: arte em realidade virtual

 

A instalação Os mundos de Isaac dialoga com o espetáculo e será realizada no térreo do Oi Futuro, no Flamengo, a partir do dia 3 de fevereiro. Com idealização da produtora cultural Camila Vidal e criação dos artistas visuais Rico Vilarouca e Renato Vilarouca, a obra é o primeiro voo solo dos irmãos – conhecidos por seus trabalhos com projeções para teatro e videografismo para cinema.

Os mundos de Isaac usa a tecnologia para inserir o espectador em realidades virtuais e poderá ser conferida tanto pelo público da peça, como atividade complementar, quanto por qualquer outro visitante do centro cultural. Com o auxílio de óculos especiais e fones de ouvido, a obra permitirá que o observador explore cenários interiores do personagem Isaac na condição de protagonista, imerso em ambientes visitados pelo personagem-título do espetáculo: a praia e o mundo das partículas.

“Ao contrário do cinema, onde o diretor/editor direciona o olhar do espectador, o teatro mantém o estado de livre arbítrio. Cada espectador olha para onde quiser dentro de uma cena. E o grande desafio hoje é fazer esse olhar não se perder num mundo ao mesmo tempo tão cheio de estímulos, mas tão sedento de quem o diga para onde olhar. Aqui o VR (óculos de realidade virtual) parece um bom lugar pra exercitar a liberdade do espectador, que ganha autonomia para escolher como receber esses estímulos, porque a história está não apenas à sua frente, mas ao seu redor”, explica Rico Vilarouca.

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