‘O Despertar da Força’ tem a magia da Saga, mas esbarra na falta de mais George Lucas

Star Wars

Com certeza ao ler esta crítica sobre “Star Wars: O Despertar da Força”, que fez sua estreia no último dia 17 no Brasil, vai temer por ler os famosos “spoilers”. Sim, haverá alguns, mas nada que a previsibilidade do roteiro do novo filme da saga possa impossibilitar de ver. O novo longa projetado por Gerge Lucas há quase 40 anos mantém viva a magia e o espetáculo dos outros seis, mas esbarra na falta de um roteiro mais imprevisível. Não que isto torne o filme ruim ou cheio de clichês, pelo contrário, porém não absorve a magia das descobertas em cada uma das partes dos anteriores. E em se tratando dos estúdio de Walt Disney, a diversão e a qualidade são garantidas.

A primeira parte da nova triologia fala sobre a luta da Resistência (antiga Aliança Rebelde) contra a Primeira Ordem (antigo Império Galáctico) e é protagonizado por Daisy Ridley, John Boyega e Oscar Isaac, que interpretam, respectivamente, Rey, Finn e Poe. Aproximadamente 30 anos após a destruição da segunda Estrela da Morte em “O Retorno de Jedi”, a Aliança conseguiu restaurar a República Galáctica, mas reminiscentes do Império reorganizaram-se como a Primeira Ordem, cujo crescimento é combatido pela Resistência da República.

“O Despertar da Força” tem como grande mérito a manutenção de elementos que fizeram sucesso na Saga. Principalmente no que diz respeito a efeitos visuais e batalhas, ainda que estas estejam bem abaixo das épicas como Anakin e Obi-Wan ou Darth Vader e Luke Skywalker. Por esses caprichos, se aproxima bem mais da última trilogia, lançadas a partir de 1999 e que inaugura o enredo, que da inicial, de 1977. De fato a filmografia geek está mais viva que nunca no Episódio VII, ainda mais com sua fotografia peculiar, com tomadas que se abrem e fecham a cada corte. Os cenários também, passeando por locais que remontam aos lugares já vistos ou familiares aos loucos pela película.

A parte dos personagens é a mais polêmica e aí sim, diferente de tudo. Han Solo e Princesa Leia estão lá. E é impossível não se emocionar ao ver o reencontro de ambos, como se nós também voltássemos no tempo e reencontrássemos velhos amigos. Talvez seja a cena mais emblemática de “O Despertar da Força”, unindo novos e velhos fãs, além de encadear os filmes. Luke Skywalker também aparece. Mas este só estará de fato nos Episódios VIII e IX. As grandes figuras que pegam o bastão da velha guarda (ou melhor, o sabre de luz) são os dois novos protagonistas, a jovem Rey (Daisy Ridley) e o divertido Finn (John Boyega).

Se Han Solo é o piloto/cafajeste/amado dos mais antigos, agora é Poe (Oscar Isaac) quem incorpora a herança voadora. Só que mais sério, focado e bem menos divertido. O vilão Kylo Ren (Adam Driver) incorpora o Lado Negro da Força em seu mais sujo e cruel caminho, mas sem o mesmo encantamento que Darth Vader tinha, fazendo com que até os que torciam pelo mocinho gostassem dele. Talvez seja essa principal intenção, torná-lo frágil frente a um dos maiores nomes do mal na História do cinema.

E sobra pra Rey o grande destaque. A excelente interpretação de Daisy traz um nome que já se encaixa no hall de futuros cosplays nas feiras de amantes de Star Wars. O despertar da Força na jovem se faz entender o título do filme, que brinda o público com uma atuação das mais brilhantes entre os sete episódios. A heroína conquista o público através da emoção, não apenas pelas batalhas. Mesmo assim, sua luta contra Kylo Ren é de tirar o fôlego e faz você pular na cadeira como se estivesse com o sabre em mãos. Já é um ingrediente e tanto para os futuros lançamentos a descoberta de como será o caminho da Jedi.

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Chewbacca e Han Solo repetem a parceria

 

ATENÇÃO: O PARÁGRAFO A SEGUIR CONTÉM SPOILERS

Já o enredo varia entre o previsível e o inesperado. Há novidades, mas como um paradoxo, poucas coisas que surpreendem e tirem o fôlego. A trama repete histórias que já foram vistas em anteriores, como o caso de paternidade revelada face a face com Han Solo e Kylo Ren, seu filho com a Princesa Leia e que era treinado por Luke Skywalker. Ou a jovem esperança da Força que surge em meio a pobreza de um planeta habitado por seres hostis, no caso, a nova esperança Jedi, Rey (assim como foi com Anakin Skywalker). Conforme vai se desenrolando o filme é possível ir encaixando as peças e percebendo que a narrativa não tentou coisas muito inventivas propositalmente, até como forma de não fugir dos outros seis longas e desagradar os fãs. E não desagrada, até por conta de muitos novos personagens.

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A jovem Rey (Daisy Ridley) e o divertido Finn (John Boyega)

“Star Wars: O Despertar da Força” vale a espera de mais de 10 anos para um novo filme e também atende às expectativas dos últimos meses que atordoaram os fãs. Mas não tem tantas “histórias dentro de outras histórias” como nos outros seis filmes, além de carecer de personagens mais emblemáticos e marcantes. Falta George Lucas e suas ideias. Se nas outras duas trilogias os espectadores se dividiam entre tantos nomes para torcer, nesse ele se limita a conhecê-los e entendê-los. Sim, é um grande filme.

Entre muitas virtudes, a que mais fez Star Wars entrar na categoria de inesquecíveis e com milhões de fãs é indiscutivelmente estar muito à frente do seu tempo. Numa época em que a tecnologia não permitia começar a Saga do início real, a sequência inaugurou um formato que hoje é ocupado pelas séries: Um novo episódio, uma nova revelação que o faz aguardar pelo próximo. E aqui estamos, já aguardando os próximos capítulos.

Classificação: Muito Bom

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