“Os Mercenários 2” se resume a tiros e pancadaria

Em meio a muito marketing e as melhores expectativas, Os Mercenários 2 chega aos cinemas internacionais para se tornar uma das grandes decepções do ano de 2012. O produtor Avi Lerner (Fúria sobre Rodas), especialista em blockbusters, deita por terra todo o potencial adquirido no primeiro filme da franquia – esse sim um espetáculo – e coloca a continuação no perfeito lugar-comum do gênero: tiros, socos e pontapés rolam soltos, sobre uma história inexistente e um elenco obstinado na tarefa vã de ressuscitar seus “anos dourados”.

A nova aventura de Barney Ross (Sylvester Stallone) e sua gangue de anti-heróis começa quando o misterioso Church (Bruce Willis) os encarrega de uma importante missão, durante a qual Billy (Liam Hemsworth), membro mais jovem da trupe, é covardemente assassinado pelo bandido Jean Vilain (Jean-Claude Van Damme). Os Mercenários então decidem vingar a morte do companheiro e, acompanhados pela intrépida agente Maggie (Nan Yu), chegam ao povoado onde Villain explora a população local em busca de uma quantidade impressionante de plutônio enriquecido, que usará para fabricar armas nucleares. Cabe aos justiceiros impedir que isso aconteça.

O enredo, já manjadérrimo, vai se perdendo à medida que o filme avança em inúmeras sequências de ação, que são sim intensas, mas tão carentes de uma sólida base narrativa que não envolvem o público e mal chegam a causar emoção (no sentido dramatúrgico da palavra). O show de pancadaria e tiroteio mais remete à truculenta franquia Rambo do que ao roteiro inteligente e a direção de cena espetacular que marcaram Os Mercenários 1. Os pontos dramáticos são poucos e tão diluídos que nem vale à pena comentar. Um dos fortes da primeira parte, o sarcasmo marca presença e garante algum sabor a esta sequência, sobretudo as piadas com o personagem do “lendário” Chuck Norris (Booke) – mas nem isso salva o filme de ser um completo fiasco.

Agora, o que dizer das “feras” do elenco? Talento dramático nunca foi o forte de atores como Stallone, Van Damme e Arnold Schwarzenegger, mas, se nos anos 80 e 90 eles pelo menos faziam boa figura nos filmes de ação, hoje é incômodo e constrangedor assistir aos tiozões de Hollywood lutando acima de tudo contra os efeitos da idade e a aposentadoria iminente. Embora essa característica permeie boa parte do longa, é terrivelmente gritante na sequência-clímax em que Stallone/Barney luta corpo a corpo com Villain/Van Damme – de um patético mau gosto.

Os Mercenários 2 é tudo aquilo que a primeira parte escapou de ser: mais uma gororoba comercialoide, sem conteúdo e sem razão, que Hollywood quer nos enfiar goela abaixo. E, a julgar pelos recordes de bilheteria, está conseguindo…

 

Por Felipe Brandão

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