Roupa Nova comemora 33 anos de carreira em grande estilo

07072013-_JR_2989“Percebemos que todos os gêneros musicais no Brasil sofriam uma renovação com a passagem das décadas. Como continuamos sendo o único grupo falando diretamente ao coração, nós fomos ficando”! Essas palavras do baixista Nando, esclarecem bem porque o ROUPA NOVA mesmo com todos os altos e baixos da indústria fonográfica, comemora 33 anos de carreira com uma renovação abrupta do seu público. Aí vocês podem estar se perguntando: a maior parte da produção musical brasileira (Sertanejo, Pagode, Pop, Emo Rock, etc) não investe no romantismo desbragado em suas letras? Mas esse é o grande “X da questão”! O ROUPA NOVA se destaca muito mais pelo lado instrumental de suas composições. A “adocicação verbal” acaba sendo mero detalhe, proveniente de um conjunto de estratégias extremamente vencedora.

O grupo que começou no final dos anos 70 como banda que animava bailes em clubes do subúrbio no Rio de Janeiro, gravou seus primeiros discos com grande influência do CLUBE DA ESQUINA, com os dois tecladistas da banda (Ricardo Feghali e Kleberson Horsth) carregando a sonoridade nos timbres “prog”. O hino “Sapato Velho”, é o maior exemplo dessa fase. Apesar do namoro imediato com a MPB (o nome da banda veio do título de uma música do Milton Nascimento), foi através da reviravolta musical para o estilo AOR (sigla criada pelas rádios americanas para qualificar o pop bem acabado feito nos anos 80 e 90) que o grupo alcançou as grandes audiências na década oitentista, disputando lugar nas Fms populares com os gringos expoentes do estilo, como CHICAGO, AIR SUPPLY, TOTO, entre outros…

E o ROUPA NOVA se manteve ali, impávido e colosso nessa linha, com concorrência zero em se tratando de alguma outra banda do estilo em terras brasilis. E outra coisa que os favoreceu bastante, foi o absurdo talento individual dos seis integrantes da sua formação (que se perpetua intacta até os dias de hoje), conseguindo respeito até em setores mais radicais (ouvintes de rock, por exemplo). Como todos cantam muito bem, produzem arranjos vocais harmoniosos em suas canções, como o primoroso feito a capela para “Yesterday”, dos BEATLES. A imagem de banda popularesca ao extremo, fatalmente partiu pela incrível marca de músicas encomendadas para trilha sonora das novelas da rede Globo (32!!!). As letras oscilaram em qualidade ao longo dos anos, mas o instrumental continuou “tinindo”.

O álbum “Acústico Roupa Nova” (2004), com releituras de todos os seus sucessos, marcou uma guinada na história da banda, a aceitação foi incrível, principalmente por parte da juventude. E a partir daí, sucesso e mais sucesso: disco de inéditas gravado no lendário estúdio ABBEY ROAD (onde os BEATLES registraram toda a sua produção) e o DVD do registro foi ganhador do GRAMMY LATINO, mais um álbum acústico, um extremamente bem produzido trabalho ao vivo comemorando os 30 anos do grupo… Até descambar nesse CRUZEIRO ROUPA NOVA, que como o nome já indica, foi gravado num transatlântico repleto de fãs e com quatro canções inéditas (três delas versões de músicas estrangeiras, uma outra característica histórica da banda).

Nesse sábado (06/07) no Citibank Hall, em um palco que recriava a proa de um navio, eles mostraram que o sucesso praticamente ininterrupto nesses 33 anos é mais do q merecido. Bem, já sabemos que tirando as novas canções, o restante do repertório é cantado em uníssono por quem gosta da banda. Mas tivemos momentos especiais de singular beleza que nos surpreenderam…

Um batidão eletrônico, com um rap nitidamente improvisado por Nando, relatou as últimas manifestações ocorridas no Brasil. E com a soberba iluminação sugerindo lanternas na direção do público, resultou em grande impacto! Serginho, exímio baterista, mostrou seus talentos ao piano numa linda versão intimista de “A força do amor”. Um medley (também cantado por Serginho) com versões acústicas (e que também consta no DVD) de vários sucessos, inflamou a galera que superlotava as dependências da casa. Os dois músicos convidados fizeram excelentes interferências com instrumentos de sopro em várias canções, só engrandecendo a qualidade melódica das mesmas.

A mesma “Yesterday” que citei anteriormente, dessa vez foi executada de forma radical: capela absoluta, sem nenhum microfone e com muitos pedidos de silêncio da banda para que o público respeitasse aquele momento. Um engraçadinho resolveu gritar o nome de um time de futebol carioca no meio da apresentação, o que gerou uma “chamada” de Nando ao final: “O brasileiro tem que saber quando é para brincar, e quando a coisa é séria. A gente se esforçou tanto para fazer algo bonito para vocês”… Pois é, EDUCAÇÃO, problema geral que assola não só as nossas audiências, mas o País de uma forma geral.  Uma seleção de todas as trilhas incidentais, jingles e gravações em discos de outros artistas que o grupo gravou em toda a sua história (música da Xuxa, tema da Vitória, Rock in Rio, Vídeo Show), além do fator curiosidade, gerou um resultado bem satisfatório.

O prometido final com clima rock estava apenas começando, com a dobradinha das clássicas “Show de rock’n’roll” e “Whisky a go go”. O bis foi algo inacreditável, ali eles mostraram a força dos seus tempos de músicos de baile e mostraram que dominam qualquer tipo de repertório. Um “grand finalle” da pesada com “You give love a bad name” (BON JOVI), “Have you ever seen the rain” (CREDENCE CLEARWATER REVIVAL), “Stain Alive” (BEE GEES), “Twist and Shout” (BEATLES), “Another brink in the wall 2” (PINK FLOYD), “Satisfaction” (ROLLING STONES), “Smells like a teen spirit” (NIRVANA), “Sweet child a mine” (GUNS N‘ROSES), “We wil rock you” e “We are the champions” (QUEEN)!!! E isso tudo numa tacada só, foi de tirar o fôlego! Destaque para o vocalista Paulinho (sua versatilidade em todas as canções foi incrível!) e para o guitarrista Kiko (mostrando a habitual destreza nas 6 cordas). O público extremamente heterogêneo saía com a expressão mais satisfeita possível. Uma grande aula de palco, profissionalismo, competência técnica e carisma. Mais 33 anos de vida para o ROUPA NOVA!

[dmalbum path=”/wp-content/uploads/dm-albums/Roupa Nova (Citibank Hall)/”/] Texto: Alessandro Iglesias Fotos: Ronaldo Bahouth Jr.

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