Selena Gomez oscila entre repetição de formatos e talento pouco explorado em seu novo álbum

Selena Gomez

A cantora Selena Gomez lançou nesta sexta-feira, 9, seu mais novo álbum, “Revival”. Na edição física, vendida nas lojas, o trabalho traz 11 faixas. Já o Deluxe, vendido na internet, são 16. Mantendo a linha pop, o disco traz novamente uma cantora bastante regular enquanto a linha de singles que tentam ficar na cabeça do ouvinte, usando muita batida. Mas o que chama atenção é na valorização em torno da voz da americana em muitas das vezes. Se na capa a artista aparece nua, talvez tenha sido intenção despi-la também na forma de cantar algumas obras. Só que no geral oscila entre algo com certa qualidade e totalmente descartável. Comercial ele é, porém pouco usa o talento que a jovem mostra em passagens diversas.

Costumo dizer que a cena pop britânica é muito superior a americana porque valoriza, primeiramente, a qualidade vocal das suas cantoras e depois o comercial. Jessie J, Lily Alen, Rita Ora e outras provam isso. Um dos fortes da Selena é ter uma voz bem peculiar. Se não é tão talentosa como outras do gênero nos Estados Unidos, como Christina Aguilera, tem bastante força para “grudar no ouvido”, como a maioria. E o álbum em alguns momentos tenta isso, fortalecer sua presença vocal característica. Há bastante sintetizador e batida eletrônica, como em quase 100% dos trabalhos do pop atual. Mas também usam elementos que fazem algumas passagens verdadeiros achados, como uso de assobios e estalar de dedos, bastante marcante em música de rua e R&B.

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Isso é presente já na abertura, com a canção que dá nome ao disco e em “Kill Em With Kindness”. Esta última, inclusive, tem um swing que poderia ser mais desenvolvido no repertório. Muito boa e com presença melódica marcante. Após uma fraca “Hands to Myself”, vem uma das melhores faixas, a “Same Old Love”, que traz melodia diferente das demais e marcação rítmica que mistura batidas beatbox com estalar de dedos. Certamente um forte candidato a single nas rádios.

“Sober” e a já lançada recentemente “Good For You” são formatos repetitivos. Parece que já ouvimos várias vezes com outros artistas, principalmente nas letras. O mesmo acontece com “Camouflage” e “Survivors”. Divulgada na semana anterior ao lançamento, a  “Me and the Rhythm” é basicamente uma canção eletrônica, como também ouvimos essa fórmula em “Body Heat”.

Após essa passagem fraca do álbum, aparece a “Rise”, que volta a Selena Gomez de voz firme e limpa, numa mistura de ritmos que dá certo mas é pouco explorado no disco. Tem soul, R&B, hip hop e, claro, pop. Parece outro disco. É a faixa que fecha o disco físico. No Deluxe temos em sequência “Me & My Girls”, que desvirtua totalmente da anterior. Mais eletrônica.

“Nobody” lembra a “Dark Horse”, da Katy Perry, em algumas marcações eletrônicas. É um formato que ganhou grande espaço no gênero musical atualmente, mas que soa chato quando tão utilizado. “Perfect” é uma baladinha quase sussurrada por Gomez, mais uma vez usufruindo do seu timbre característico. “Outta My Hands (Loco)” é a música que melhor apesenta o pop que o álbum inteiro tenta fazer. É menos previsível, um pouco mais original que os demais. Não é brilhante, mas é a que tenta melhor elucidar uma “identidade”.

E a última faixa é “Cologne”, curiosamente encerrando com o que a Selena Gomez tem de melhor, que é sua forma de cantar. Sem uma seleção interminável de informações sonoras, apenas base e sua voz. Até a letra bastante clichê soa interessante. Assim é americana de 23 anos, tem talento, mas seus trabalhos não o exploram e tentam apenas transformá-la em mais entre tantas figuras pop que podem vender ao público jovem. É um resumo do pop feito nos Estados Unidos.

Classificação: Regular

OUÇA “SAME OLD LOVE”

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