YES proporciona noite mágica no Vivo Rio

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 Quem pode no ano passado presenciar as grandes apresentações de Jon Anderson no Brasil com seu projeto solo acústico, certamente ficou matutando sobre que diabos de doença tão grave assim acometia o vocalista para ter sido substituído pelo líder de uma banda cover oficial (Jon Davison) no YES.
Afinal, trata-se de um dos vocais mais admirados de toda a história e uma das marcas registradas para o sucesso do grupo inglês, um dos baluartes do denominado rock progressivo. Faz sentido nesse caso, a escolha de um quase-clone para substituir Anderson, pois as longas suítes com arranjos virtuosos extremamente elaborados e  possuidores de uma sonoridade minimamente particular, não teriam o menos impacto sem a sua característica voz.
Mas a banda deu uma resposta à altura aos fãs, uma espécie de tratamento anti-decepção… Pela primeira vez, temos a turnê de um artista com nada mais do que TRÊS álbuns clássicos tocados na íntegra! “The Yes Album” (1971), “Close to the Edge” (1972) e “Going for the One” (1977,) foram os escolhidos de toda a extensa discografia da banda. Se os fãs aprovaram a ideia???  Sim, todas as datas no Brasil foram esgotadas com grande dose de antecedência (no Rio à precisamente um mês), o que prova que a ansiedade é deveras grandiosa por tal feito. A trinca mais duradoura de todas as formações do YES esta confirmada: o guitarrista Steve Howe, o baixista Chris Squire e o baterista Alan White.
Mas além da ausência de Anderson, os mais puristas também estão clamando pela presença do mago dos teclados Rick Wakeman, que com sua brilhante carreira solo estabilizada desde os anos 70, fez suas participações ao lado da banda que o lançou ao estrelato serem cada vez mais raras. O expediente é batido dessa vez por Geoff Downes, que além do YES, integrou anteriormente o supergrupo (na formação além de também ter Steve Howe, possuía Jonh Wetton, do KING CRIMSON e Carl Parlmer, do EMERSON, LAKE & PALMER) de air-rock, ASIA.
Bem, TODAS as expectativas e questionamentos possíveis caíram por terra após o que foi visto nesse sábado (25/05) no palco do Vivo Rio. Tirando meninas acompanhando seus respectivos namorados com ar enfadonho de “estou fazendo meu programinha obrigatório da noite de sábado”, cada uma daquelas pessoas que lotou o espaço tinha o êxtase refletido no olhar. Três discos clássicos tocados na sequência, já é uma ideia que não tem como a execução dar errada… Ainda mais quando os senhores com suas rugas e cabeleiras brancas tocam com vontade e vibração juvenil!
O público de prog costuma ter hábitos referentes à concerto de música erudita, como só aplaudir as músicas ao final para não “atrapalhar” a evolução musical, poder ouvir os solos nitidamente, as intrínsecas passagens musicais, etc. O povo até que tentou, mas logo após Chris Squire entrar com seu baixo triplo durante a hipnótica “Awaken” (que fecha o álbum “Going for the One”) e fazer coisas incríveis de improviso com tão complexo instrumento, o protocolo foi devidamente quebrado e a audiência foi mais rock’n’roll do que nunca na vibração.
Era perceptível a alegria dos músicos do YES com a calorosa recepção, ainda mais que a metade era formada por jovens, ao contrário do que sempre se espera de show de uma banda setentista. E falando nessa década, as projeções com colorização lisérgica sobre os músicos e aqueles vídeos bem primitivos característicos da época, nos fizeram o devido teletransporte para os anos 70, o que caracterizou uma sensação mágica, independente de ser fã do estilo ou não.
Mas tirando as namoradinhas, atesto que TODOS os presentes eram fãs até a medula, cada um dentro de sua faixa etária. E se não eram, passaram a ser, isso ficou nítido! “Starship Trooper” (9:26), “And You And I” (10:07), “I’ve Seen All Good People” (7:00), “Your is no Disgrace” (13:06), quase todas as mais longas suítes da banda estavam lá e juntas!!!! Privilégio absoluto para quem gosta desse tipo de som.
E a pergunta que não queria calar: e Jon Davison, como foi? Olha, o cara se saiu muito “bem na fita” com os fãs. Além de conseguir recriar com exatidão todas as linhas vocais de Jon Anderson com timbre rigorosamente igual (o que rigorosamente é uma tarefa hercúlea!), o seu carisma pessoal também ajudou. Simpático e principalmente demonstrando uma grande humildade no palco por estar tendo a permissão de se apresentar com seus maiores ídolos, o cara era a felicidade em pessoa. E não é para menos, não acham?
Após o bis surpresa com o hino supremo “Roundabout” (que não estava no roteiro), a ovação foi tão incrível, que ficaria muito difícil relatar seu impacto aqui. Prefiro descrever o relato de um simpático fã de cabelos brancos, que me passou suas impressões comigo após o término: “Melhor show que já vi do YES. Esperava que fosse bom, mas não tanto. Fui em todas as vezes que eles estiveram aqui no Brasil e esse foi disparado o melhor, superando até o do Rock in Rio de 1985, que foi considerado histórico e um dos melhores do festival. E como canta esse novo vocalista, não fez falta o Jon Anderson”!  E a voz do povo, o restante do dito popular vocês já sabem… Show soberbo, sensacional, sem palavras. Quem foi, agradeça pela grande permissão obtida.
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Texto: Alessandro Iglesias
Fotos :Ronaldo Bahouth Jr.

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