Com debate sobre o empoderamento da mulher, segunda temporada de ‘Sabrina’ repete o sucesso

ESTE ARTIGO NÃO CONTÉM SPOILERS

A Netflix lançou nesta sexta-feira (5) a segunda temporada de “O Mundo Sombrio de Sabrina”. Menos de seis meses após a primeira, a série desta vez mostra uma face mais engajada com o seu público e debate sobre o empoderamento feminino como centro das narrativas. Agora, nem mesmo o #MeToo, movimento de denúncia de assédio sexual, escapou dos holofotes.

Sabrina, a jovem bruxinha de 16 anos que vive a indecisão de seguir o caminho das Trevas ou continuar como mortal, agora parece 10 anos mais velha. Não pela aparência, que permanece a mesma. Mas pelo discurso contra o machismo. Com mais uma ótima atuação de Kiernan Shipka, a temporada ganha fôlego através de ações das mulheres.

“O Mundo Sombrio de Sabrina” é uma releitura sinistra da origem e das aventuras de “Sabrina, a Aprendiz de Feiticeira”, que teve grande sucesso nos anos 60 e 70. Por isso, o roteiro se manteve fiel às amarras do primeiro ano, com muito terror-comédia e alguma sensualidade jovial. Só que agora o foco dos diálogos é fazer pensar, não mais apenas apresentar cada figura do seriado.

A lista de questões vai desde a paternidade negada, até o preconceito que as mulheres sofrem quando tentam ascender socialmente. Inclusive com abusos sexuais. E é aí o diferencial dos roteiristas para dialogarem com o público e sua faixa etária predominante.

Desta vez o afiadíssimo elenco da série ganhou mais espaço. Principalmente as mulheres, claro. Novamente Michelle Gomez como a senhora Wardwell é uma das grandes peças chaves do enredo. Brilhando e quase roubando o protagonismo da bruxa loira, a malvada pero no mucho conquista diversos fãs por conta de Gomez. E é a partir dela que o eixo muda em favor da causa feminina.

As tias da Sabrina, Hilda (Lucy Davis) e Zelda (Miranda Otto), deixaram de ser apoios narrativos na história da sobrinha e ganharam protagonismos diretos nos acontecimentos. Uma das façanhas desta temporada é conseguir manter a característica divertida de cada uma, mas sem perder a seriedade nos assuntos abordados.

Mas não é só. Muito em debate no Brasil atualmente por conta da jogadora de vôlei Tifanny, do Bauru, a participação de transgêneros no esporte também teve seu espaço. Lachlan Watson, que dá vida à binária Susie, convence de forma brilhante na demonstração ácida do preconceito que carrega a minoria. Com uma carga dramática até então não tão utilizada na série, a discussão é feita de forma muito respeitosa, direta e que chama atenção para algo ainda pouco aparente nas artes.

Inegável que ainda há alguns problemas de narrativas longas e cansativas em alguns capítulos, mas “Sabrina” se manteve interessante e agora mais atualizada com as questões paralelas do mundo real. Após um final apoteótico, a terceira temporada poderá esperar seu lugar: a Netflix entregou o prometido.

Avaliação: Muito Bom

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