Com muito som e até Johnny Depp, Hollywood Vampires e System Of A Down sacodem o Rock in Rio

Agência O Globo

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O segundo final de semana de Rock in Rio começou com muito rock. Considerado um dos dias mais aguardados, os adoradores de heavy metal saíram da Cidade do Rock com a sensação de que tiveram o que esperavam. O tão sonhado Palco Mundo teve os brasileiros do CPM 22 mostrando que o estilo não morreu no país, a super estelar Hollywood Vampires que sacudiu todas as gerações com clássicos em uma das melhores apresentações do festival, além da Queens Of The Stone Age e System Of A Down mostrando porque a legião de fãs é tão fiel. No Sunset, o metal tomou conta e consagrou jovens como Lzzy Hale, do Halestorm.

No quarto dia do Rock in Rio, as guitarras pesadas abriram o Palco Sunset com dobradinha brasileira. As bandas John Wayne e Project 46 levaram muito heavy metal e palavras de ordem aos presentes. Fazendo bastante gente “bater cabeça”, os representantes do rock nacional abriram com animação o local. Entre as músicas que sacudiram o público estiveram “Tempestade” e “Aliança” pela John e “Empedrado” e “Vergonha na Cara” pela 46.

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Reprodução

A segunda banda a subir no palco foi a americana Halestorm, liderada pela vocalista Lzzy Hale, que esbanjou agudos fortíssimos. Lzzy é uma das revelações desta edição de 2015. A cantora, apesar de jovem, conseguiu manter o ritmo intenso e a todos animados até o fim. Com muita presença de palco e um repertório que agradou aos fãs, o grupo apresentou hits como “I am the fire” e “Apocalyptic”. Durante o solo, o baterista Arejay Haley tocou e cantou com a plateia “Rock n roll all night” e “Highway to hell”, soltando um “I love you Rio” ao final.

Em seguida vieram os metaleiros do Lamb of God, banda que o Slash, ex-Guns N’ Roses, já chamou de “melhor banda de metal de todos os tempos”. O grupo começou com “Walk with me in hell”. Causando um enorme alvoroço, os músicos abriram enormes ‘rodas punk”  no público. “512” e “Still echoes” vieram em sequência.

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Antes de cantarem “Ruin”, Randy Blythe, vocalista da banda, dedicou a canção ao grupo que viria em seguida: Deftones:

– Essa próxima música é para os Deftones, porque eles fazem música sensacional e sexy. E para o Chino, que cantou em nosso disco.

Lamb of God

Lamb of God – Reprodução

E eles vieram. Os Deftones encerraram as atrações do Palco Sunset. De Sacramento, na Califórnia, a banda fez um show com altos e baixos. Os americanos tocaram hits como “Engine No. 9”, “Be Quiet and Drive”, “My Own Summer (Shove It)”, “Headup”, “Knife Party”, “Passanger” e “Change”. O público começou o show bastante animado, mas foi caindo de empolgação aos poucos.

Chino, vocalista do grupo, arriscava bastante palavras em português e até citou a volta da banda ao festival, já que se apresentaram em 2001. O cantor usava uma camisa de Morrissey e uma bandeira brasileira que ia para todos os lados com ele. Terminando com “Headup”, Deftones terminou bem, mas abaixo da expectativa que foi criada antes do evento por ser umas das mais conhecidas do público que foi nesta quinta.

CPM 22

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Pisando pela primeira vez no Rock in Rio e abrindo o Palco Mundo neste dia 24, o CPM 22, representante do punk rock nacional, começou enfileirando hits. Primeiro veio “Regina let’s go” e depois “O mundo dá voltas” e “Tarde de outubro”. Bastante falante e visivelmente emocionado, Badauí, vocalista do grupo, agradeceu os fãs por estarem ali. Luciano, baixista do CPM, falou ao microfone sobre o festival:

– É emocionante e realização de um sonho estar aqui. Eu lembro de quando era adolescente e colocava o sofã em casa, à frente da TV, para ver os Guns N’ Roses, AC/DC… é um sonho aqui. – falou o músico, para delírio dos fãs.

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Tiveram ainda “Dias atrás” e “Atordoado”, antes de acontecer um dos momentos mais empolgantes da noite. A banda fez um cover de “Sheena is a Punk Rocker”, dos Ramones. Durante uma das pausas, o público fazia coro de protesto contra a presidente Dilma Rousseff e Badauí disparou:

– Quem planta m…, colhe bosta! – disparou o vocalista, lembrando o movimento de protesto que as bandas nacionais lideraram nos ano 80 no mesmo festival. Encerrando a excelente apresentação, “Anteontem” e “Desconfio”, onde a banda agradeceus os presentes e aos organizadores do Rock in Rio.

Hollywood Vampires Rock

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Quando entrou o Hollywood Vampires no palco, nenhum rockeiro ou amante do rock poderia falar que faltaram lendas nesta edição. Liderados por Alice Cooper, Duff McKagan e Matt Suron, ex-Guns N’ Roses, Joe Perry do Aerosmith e o ator Johnny Depp cantaram de tudo: The Who, Aerosmith, John Lennon, Jimi Hendrix, Rush, Led Zeppellin. Rolling Stones, Pink Floyd…

A banda é batizada com o nome em homenagem a um grupo de bebedeira que reunia gente como John Lennon, Ringo Starr, Keith Moon e o próprio Alice nos anos 70. Os amigos entraram caracterizados, com direito a “mordidas” nos pescoços dos músicos. Os “vampiros”, como Cooper falava a todo momento, abriram com “Raise the dead”, após introdução narrada pelo ator falecido Christopher Lee, famoso Drácula do cinema. O que veio depois foi um verdadeiro passeio pelo hard rock dos últimos 40 anos.

Hollywood puxou “My generation”, do The Who, seguido por “I Got a Line on You”, “Cold turkey” do John Lennon, “Break On Through (To The Other Side)” do The Doors e “Manic Depression” do Jimi Hendrix. A plateia parecia que estava assistindo a uma uma reunião de clássicos dinossauros do rock, vibrando a cada saudação dos músicos. Na hora da apresentação, Depp foi o mais aplaudido, assim como Duff McKagan e Perry. O ator teve uma atuação discreta, por vezes parecendo apenas dar “peso” na fama da turma, mas se arriscou em alguns solos, como na canção de Hendrix.

Hollywood Vampires

Divulgação / Rock in Rio

E não faltaram surpresas. Com participação de Lzzy Hale, do Halestorm, que fez um dos melhores shows do Palco Sunset, Vampires tocaram “Whole lotta love”, do Led Zeppelin. Mas teve T-Rex também, com “Jeepster”. Em ‘I’m a boy’, do The Who, Zak Starkey, filho de Ringo Star, assumiu a bateria e fez a felicidade do público.

Alice Cooper não deixou passar as suas canções, como “School’s out’ e emendando “Another brick in the wall”, do Pink Floyd, com o guitarrista brasileiro Andreas Kisser. A resposta da plateia foi histeria e muitos aplausos. Encerrando a apresentação, “Brown sugar”, dos Rolling Stones, colocou um ponto final em um show histórico no Rock in Rio 2015. Se os fãs, antes do festival, reclamavam que tinha muito artista pop, não tem do que reclamar: Foi uma ode ao clássico Rock N’ Roll.

Queens Of The Stone Age

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Os Queens of the Stone Age foram os penúltimos a subirem no Palco Mundo. Tentando apagar a polêmica causada por Nick Oliveri, ex-baixista da banda, que no Rock in Rio de 2001 tocou nu e saiu preso do festival. O grupo contrastava com o estilo da anterior: Saiu a marca performática e vibrante dos anos 80 e entrou o som seco e direto dos anos 90. Não tinha painel com filme, não tinha show de luzes e muito menos roupas coloridas. Mas tinha muito som.

Começaram com “You Think I Ain’t Worth a Dollar, But I Feel Like a Millionaire” e “No One Knows”, ambas canções do CD “Songs For The Deaf”, de 2002. Com a plateia menos participativa que no show anterior, mas nem por isso menos animada, veio “Smooth sailing”.

O vocalista Josh Homme conversava com o público e perguntava se estavam gostando. A resposta “sim” vinha sempre acompanhada de gritos. O show ainda teve “Sick sick sick” e ”The Vampyre Of Time and Memory”, com os músicos quase nunca saindo de suas posições iniciais. A reação dos fãs, apesar de positivamente responder bem à apresentação, também era estática. O grupo encerrou o show com “A song for the dead”, onde riffs e viradas de bateria adiavam a cada nova volta dos vocais a apresentação. Foi a redenção de 14 anos atrás.

SOAD

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Um transe armênio. Assim poderia ser definido o show do System Of A Down. A banda que tem como característica a mudança de estilo numa mesma canção, conseguiu o que até agora nenhuma outra apresentação fez: Intensa participação popular. Os fãs cantavam todas as músicas. Serj Tankian, vocalista do SOAD, como são conhecidos, esbanjava a sua costumeira simpatia.

Com um setlist bastante extenso, 27 músicas, o System abriu com “K.I.T.T”. Com várias em sequência, vieram “Know”, “Aerials” e um dos hits, “BYOB”. A essa altura, os presentes estavam totalmente nas mãos dos californianos que são descendentes de armênios, país do Leste Europeu. Serj reclamou algumas vezes do microfone baixo demais e fazia sinal para o operador de som aumentá-lo.

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Na plateia teve de sinalizador (o que é proibido pelo Rock in Rio) e muitas “rodas punk”, até pirâmide humana. Com uma hora de apresentação, quase metade das canções programadas já tinham sidas cantadas. Mas ninguém deixava o local. Na hora da tão aguardada “Chop Suey”, os fãs deliraram. Um enorme coral acompanhava os músicos nos famosos versos que se tornam trava-língua em qualquer mortal.

Se aproximando do fim e quase todos os hits cantados, o público parecia começar estabilizar, mas não de aplaudir. A performance do System é uma espécie de Ópera, onde a cada momento há uma cena, em cada cena uma história. As expressões de cada integrante evidencia isso, revivendo o que em 2011 foi considerado um dos melhores shows daquela edição.

O grupo encerrou com a clássica “Toxicity”, que teve a participação de Chino Moreno, do Deftones, e fechando o dia com “Sugar”, pra eternizar as quase 100 mil vozes na Cidade do Rock.

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