Crítica da série TERRORES URBANOS

A premissa foi deveras excitante: a primeira série destinada ao gênero TERROR no Brasil, e ainda com temática calcada em nossas próprias lendas urbanas. Cinco episódios independentes, com transmissão da TV RECORD (em parceria com a SENTIMENTAL FILMES).

Nossa, a torcida para dar certo foi similar a de um fanático por seu time de futebol… Temos tanto produto de qualidade, porque só temos o Zé do Caixão como ícone do estilo? E ainda assim, o mesmo é MUITOOO mais reconhecido no exterior, e convenhamos que seu cinema tem caráter experimental.

Os títulos bem convidativos, de acordo com a temática: “A loira do banheiro”, “A gangue dos palhaços”, “O quadro do menino que chora”, “O boneco amigão” e “O homem do saco”. Essa resenha não terá SPOILER, porque apesar do produto já ter sido exibido em TV aberta, está disponível para os assinantes do Play Plus. Infelizmente, e apesar dos esforços visíveis da produção, o resultado foi decepcionante.

O principal problema acabou ser exatamente o que estávamos aguardando: o feeling de direção e roteiro para dar nossa cara ao gênero. Infelizmente, serei taxativo. Sabe aquele filme de terror americano que você acha sonífero por apelar para eternos clichês, sustos fáceis, roteiro que subestima a inteligência do espectador, trilha enfadonha, enquadramentos risíveis? É por aí… Só que pior, pois fica aquém nos enquadrantes técnicos.

Dois episódios se sobressaem menos negativamente: “O menino…”, talvez por não ser uma lenda tão conhecida, e a escolha da ambientação em uma clínica com pacientes de câncer em estado terminal (o que já causava um mal estar que garante o impacto quando o terror não se sustenta) e “O homem do saco”, com bons momentos de suspense psicológico, mas com grave problema de resolução. Aliás, personagens com provável sensação esquizofrênica (percebi que era para compensar a pobreza do roteiro), é algo que se faz presente nos cinco episódios.

“O boneco amigão” é o mais constrangedor. Basicamente querendo ser o Chucky um dia (isso não serve como SPOILER, prometo, mas as lendas foram “atualizadas”)… Deu pena ver uma ótima atriz como Natália Lage tentando tirar “leite de pedra”. Aliás, vale ressaltar o esforço hercúleo dos protagonistas em vários momentos para fazer acontecer. Definitivamente, interpretação não foi o problema. Voltando ao “Brinquedo Assassino”, referências são sempre válidas, mas fracassar em tentar recriar uma fórmula mais do que desgastada, é triste.

No caso de “Gangue dos palhaços”, eu conheço a lenda, pelo menos aqui no Rio de Janeiro, de uma kombi que sequestrava crianças. Parece que em Sampa (onde foi produzida a série) houveram casos similares envolvendo palhaços. Dessa vez nem foi plágio com algum clássico do gênero, mas os mascarados em questão lembravam demais os assaltantes do aventuresco “Caçadores de Emoção” (lembram?), já que a trama também se projeta em uma situação parecida. Enfim…

Fica aqui os meus sinceros votos para que o projeto reconheça suas falhas, amadureça, continue e principalmente encontre o seu norte. PRECISAMOS! E mesmo querendo atingir o público mais jovem (como em “A loira do banheiro”), é possível acontecer dignamente sim! Mas por enquanto, não rolou…

Por Alessandro Iglesias

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