Em novo álbum, The Who mostra o porquê deles serem arquitetos do rock; ouça ‘Who’

Por Bruno Guedes

É impossível falar da história do rock sem citar o The Who. A contribuição na transição do gênero, nos anos 60 e 70, passa diretamente pelos hoje veteranos. E após 13 anos, os britânicos lançaram seu novo álbum nesta sexta-feira, 6, chamado apenas de “Who”. Num cenário musical tão pasteurizado, a solidez do trabalho não só impressiona, como destoa de tudo que é feito atualmente.

O disco apresenta 11 faixas (são 14 na versão deluxe) e conta com produção do guitarrista Pete Townshend ao lado de Dave Sardy – que trabalhou com nomes do quilate de Noel Gallagher, Oasis, Gorillaz e LCD Soundsystem -, lém de Dave Eringa. Gravado entre fevereiro e agosto de 2019 em Londres e Los Angeles, a base conta com o baterista Zak Starkey e o baixista Pino Palladino, e participações de Benmont Tench, Carla Azar, Joey Waronger, Gus Seyffert e Gordon Giltrap. Já capa se vê as marcas do pop art que permanecem vivas nos veteranos.

Sólido, as marcas características do grupo que habita o panteão do rock são evidentes. Já longe da juventude, a voz inconfundível de Roger Daltrey permanece sendo uma estrada por onde percorrem a poesia em letras e os acordes de Pete Townshend.

A banda é tão atemporal que o som cai de forma nostálgica aos amantes do gênero, porém sem deixar de soar moderna. Principalmente nos sintetizadores menos agressivos. Face do vanguardismo que acompanhou The Who desde sempre. As letras não deixam de lado o que ocorre no mundo, como versar sobre prédio Grenfell Tower (na música “Street Song”, que é uma das melhores), cujo incêndio em 2017 abalou a Inglaterra.

É assim logo na abertura com “All This Music Must Fade” e na ótima “Ball and Chain”, que traz um teor político, novamente identidade temática dos ingleses. Há espaços até para baladas à lá anos 70, como “Beads on One String” ou a pegada mais anos 2000 dos violinos e guitarras com “Hero Ground Zero”.

Em “I’ll Be Back”, a mística de abordar temas diferentes de tudo aflora. Falando de reencarnação, Townshend empresta sua voz e carisma numa balada marcante. “Rockin’ in Rage” e “She Rocked My World”, que encerra a obra física, são duas outras que mexem com os fãs através da guitarra do ícone Pete.

Eles voltaram com força total. Ouvir The Who é quase como um ritual religioso. E apreciá-los com um trabalho de tão alto nível, um alento em meio à tanto lamento sobre o futuro do rock. Mas ele está vivo e veio do passado a sua grande inspiração.

OUÇA “WHO”


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