A música de Alanis continua em uma busca incansável de auto-conhecimento onde os temas emocionais são regados de autenticidade e personalidade. A cantora canadense atingiu um patamar acima do que o público podia esperar com o nascimento de seu primeiro filho. Sua música tem os pés no chão e a cabeça na família.
Hoje é editado o mais novo álbum de Alanis Morissette onde uma nova versão que será vendida apenas em seu site oficial, está para nascer e conta com 7 músicas inéditas que farão parte de um disco duplo.
“Havoc And Bright Lights” é o 12º álbum da artista que conquistou fãs no mundo todo por compor uma música extremamente voltada para as questões pessoais, principalmente os conflitos das relações humanas. Sempre muito íntimo, e também muito exposto, ora mostrando o lado positivista de sua trajetoria, ora desabafando sua revolta pelas dificuldades em que encontra em seu caminho. Em seu novo álbum não seria diferente. A busca por uma espécie de cura e o aprofundamento sobre a vida continua, mas agora seu compromisso é poder dividir suas mais novas pespectivas: a maternidade, a tranquilidade de seu novo amor, e a visão sobre a fama depois de duas década de trabalho.
“Sempre tive uma vida artística e profissional muito preenchida, mas, na minha vida, não me sentia nada realizada. Queria uma família, um casamento maravilhoso – não tem sido sempre fácil -, mas queria fazer parte de uma família. Não queria acordar aos 65 anos e pensar ‘Ups, deixei passar essa oportunidade’, disse a cantora que falava no início de agosto, em um anúncio do lançamento do disco em Portugal.
Para produzir Havoc and bright lights, Alanis contou com a produção de Guy Sigsworth, responsável também pelo disco antecessor Flavors of Entaglement, e talvez por isso, o estilo de algumas músicas sejam bastante parecidos. Em Havoc, as canções soam mais introspectivas e um tanto que etéreas. A primeira faixa Guardian, é brilhante, suave e positiva, mostra claramente sua ligação maternal e as mudanças acarretadas: Agora, nada de sorrir em meio a tristeza, nada de administrar o inadministravel, nada de ficar parada em meio à tempestade de granizo, eu serei sua defensora para a vida, como sua guardiã.
Woman Down segue nos mostrando que Alanis continua forte e irreverente como nas músicas antigas “You Oughta Know” e “Hands Clean“, e como uma mulher de sangue quente há de dizer suas verdades para se defender quando atingida. Chamando todos os inimigos das mulheres, nós baixamos o nível do comportamento que vamos tomar. Por que você nos difama? você está disposta a recomeçar do zero? Mulher atingida. Quem você pensou que eu era?
Porém as faixas seguintes, como Till You, Empathy e Lens, se mostram mais calmas e intimistas. Nos remetem ao estilo de algumas canções do álbum “Under Rug Swept”.
Celebrity surge como uma crítica firme e decidida a respeito do comportamento atual de inúmeras figuras do mundo da música. Definitivamente o caminho em que Alanis anda em contramão: Me deixe participar desse clube exclusivo, ignore a minha falta de intenções maiores, eu sou uma macaca tatuada dançante e sexy, apenas alienada o suficiente para que você me queira. Me dê a celebridade, meu reino para ser famosa, me diga quem eu tenho que ser.
A cantora explica sobre a faixa: “Os valores do Ocidente, em particular na América do Norte e em particular em Hollywood são: fama, dinheiro e ter 21 anos para sempre. É um sistema de valores obsessivo que se espalhou pelo planeta e aquela música é um comentário meu a isso”.
E se o mais novo álbum de Alanis pode soar estranho aos ouvidos de alguns fãs, é importante ressaltar que a cantora canadense passou por diversas fases pessoais e com isso sua música a acompanhou. Logo, se a construção de cada canção é em parte ordem e inspiração, também é natural que o momento tão específico como mãe e esposa se intrometessem nesse processo e fossem tão determinantes em canções como Win and Win, Receive e Edge Of Evolution. Mesmo que não se toque nesses temas o tempo todo e de forma exposta, todo o caminho trilhado por Morissette desde os problemas pessoais com família, sucesso até os inúmeros relacionamentos amorosos mal estruturados, agora dão espaço a uma artista em que enfim se encontra realizada e em paz. Todo esse sentimento é completamente recente em sua vida, está sendo abordado de uma forma em que as músicas de antes não foram.
Alanis diz que seu tentou combinar em seu novo disco, a sensibilidade de cada primeiro registro com a tecnologia atual. A cantora vem ao Rio dia 7 de setembro para um show no Citibank Hall.
Por Juliana L. Farias