Heavy Metal para todos os gostos encerra com chave de ouro o Rock in Rio 2013

Última noite do Rock in Rio e com um gosto de nostalgia já tomando conta da Cidade do Rock, o heavy metal novamente invadiu o maior festival do mundo com força total e grandes estrela. Recheados de nomes que são referências, como Slayer e Iron Maiden, a segunda noite do Metal fechou com chave de ouro o Palco Mundo da quinta edição do Rock in Rio. No Palco Sunset, André Mattos, Helloween e o encontro histórico do Sepultura com Zé Ramalho foram os destaques.

Assim como aconteceu na quinta-feira (19), a turma do Metal invadiu a Cidade do Rock com força total e abraçou seus ídolos. Comprovadamente o público mais fiel do festival, o baixo número de ocorrências policiais e médicas, além das entradas mais tranquilas, deixou a organização do Rock in Rio satisfeita com os dois dias dedicado exclusivamente ao gênero. O pedido de que em 2015 se repita partiu de todos os que estavam no local e deixou Roberto Medina com uma baita dor de cabeça. Às 14 horas já havia dezena de milhares de pessoas dentro do local e outras milhares no Palco Sunset, a espera da primeira atração.

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Um dos ícones do Metal no Brasil, André Mattos começou agitando o público no Palco Sunset, junto da banda Viper. Reconhecido por sua potência vocal  e admirado até por lendas como Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden e atração principal do Palco Mundo, Mattos mostrou novamente porque tanta importância. Com um bom público para o horário, 14h30, os fãs só tiveram o trabalho de admirar.

O show começou com o cantor e a banda, que agora faz parte da sua carreira solo, cantando sucessos dos anos 80 e as que registrou na década seguinte com o Angra. Entre os destaques, “Fairy tale”, gravada por ele ainda durante a banda Shaman e “Lisbon”, do Angra.

Sempre com seus agudos que conquistaram gerações, a união de ambos superou Autoramas e B Negão no quesito “melhor abertura” do Rock in Rio. A apresentação terminou com uma homenagem a Freddie Mercury, lembrado por André como “a figura icônica do Rock in Rio”. A música escolhida foi “We will rock you”, do Queen.

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Com a plateia agitada e os “camisas pretas”, como carinhosamente são chamados os fãs de Metal, devidamente apresentados ao Rock in Rio deste domingo, foi a vez dos alemães Helloween, que contaram com a participação do ex-membro fundador Kai Hansen. E assim como The Offspring no dia 14, o palco foi pequeno demais para eles.

Abrindo com “Eagle fly free”, o vocalista Andi Deris vestia uma camiseta em que aparecia Gene Simmons do Kiss. Depois de passar pelo repertório da banda, Hansen é chamado ao palco e ovacionado. Após cantar “Dr. Stein”, “Future world” e terminar com “I want out”, o grupo é aplaudido pelos exigentes fãs do dia aos gritos de “Hello, Hello”.

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Fechando o Palco Sunset, a mistura mais ousada desse Rock in Rio: Sepultura e Zé Ramalho. O que parecia um tanto quanto estranha, se tornou uma memorável e histórica reunião de dois extremos da cultura nacional. Primeiro o Metal das guitarras começou com o repertório do dia cantando “Dança das borboletas”, que ganhou uma versão bem sombria e vocais agressivos de Derrick Green.

Após cantarem “Dust” e “The Hunt”, aconteceu um dos momentos históricos entre os quase 30 anos do Festival: Sepultura convidou Zé Ramalho para cantar. E para surpresa geral, o paraibano foi ovacionado pela massa fã de Metal.

Misturando hits do Heavy Metal e canções do próprio, Zé conseguiu algo que ficará marcado neste evento, que foi a saudação do público com irreverência e num encontro onde exalou brasilidade:

– Zépultura! Zépultura! Zépultura! – gritavam os fãs do Sepultura, numa referência a mistura dos nomes. Não suficiente, o público gritava “Avohai”, pedindo a Ramalho que cantasse o que é um dos seus maiores hits.

Quando anunciou o fim e a música seguinte, Andreas Kisser então novamente foi surpreendido com um coro imenso cantando “Admirável Gado Novo”. Era o Olimpo do Zé Ramalho em plena noite do Metal. Aos gritos de “Zé”, o épico show terminou, mas o sucesso da apresentação para sempre ficará na história do Rock in Rio.

Palco Mundo tem “guerra” entre bandas e fãs

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Kiara Rocks, banda de Metal nacional descoberta num reality show do SBT, ficou encarregada da árdua tarefa de abrir o Palco Mundo para referências do gênero. E o peso não pareceu atrapalhá-los, que trataram logo de começar com um cover de “Ace of Spades”, do Motorhead. Era o que o público esperava para “bater cabeça” nas rodinhas em frente ao quarteto.

Com um pequeno problema na sua guitarra na segunda canção, o vocalista Cadu Pelegrini não perdeu o rebolado e puxou um solo de guitarra com bateria. Foi o suficiente para contornar o contratempo e dar o prosseguimento com hits da própria banda. E os fãs pareciam gostar do que ouviam, aplaudindo com entusiasmo cada canção.

Num ato de surpresa e bastante ousadia, enquanto o público começava a cair em animação, Kiara convocou Marcão, guitarrista do Charlie Brown Jr e Paul Di’Anno, ex-vocalista do Iron Maiden. Juntos, cantaram e tocaram nada mais, nada menos, que “Highway To Hell”, do AC/DC. Foi o estopim para uma enorme euforia de todos.

Enquanto todos pensavam que tinha acabado, a banda tocou “Blitzkrieg bop”, do Ramones. Di’Anno disse que era uma homenagem aos irmãos do punk rock. Fechando a sua participação, levou “Wrathchild”.

Novamente repetindo o discurso político das bandas nacionais, Cadu lembrou que o público não deve descontar nos grupos do Brasil a raiva:

– Não é em quem tá batalhando aqui em cima que vocês têm que descontar a raiva, mas sim naqueles políticos filhos da p* que estão roubando a gente – disse um inflamado Pelegrini, para depois se emocionar com os gritos de “Kiara” vindo da plateia.

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E se o público gostou da abertura, mal sabia do que viria pela frente: Slayer com um setlist para “headbager” algum reclamar. Apesar de muitos problemas com o som e até retorno para os músicos, To Araya não deixou a peteca cair e sacudiu os fãs.

Sem a presença de Dave Lombardo na bateria, que foi demitido meses atrás e substituído por Paul Bostap, além da morte de Jeff Hanneman, ocorrida em maio e que teve Gary Holt, da banda Exodus, em seu lugar, o grupo cantou clássicos como “Disciple”, “War Ensemble”, “At Dawn They Sleep”, “Mandatory Suicide”, “Hallowed Point” e “Die by the Sword”.

Com enormes rodas punk e muita animação no palco, o Slayer conseguiu se basear nos seus hits antigos e celebrar com a plateia uma grande reunião do heavy metal com os fãs de todas as gerações. Conversando pouco e tocando muito, solos e mais solos faziam a alegria dos enlouquecidos coros que acompanhavam cada canção.

Deixando “South of Heaven” e “Raining Blood” para o final, veio a merecida homenagem, com fotos de Hanneman exibidas no telão e um grande pano de fundo com o nome do músico ao lado do título “Angel of Death” (anjo da morte), música que encerrou a apresentação e deixou um espírito de “som pesado e rock n’ roll ainda é da velha guarda do heavy metal”.

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Da nova geração do Metal, o Avenged Sevenfold também não deixou barato e pisou no Palco Mundo com força total. Usando e abusando dos efeitos especiais e sob os gritos de “Iron Maiden”, os americanos não se intimidaram e fizeram um show à altura dos fãs que tinham na Cidade do Rock.

No cenário, bem ao fundo da banda, três portões de cemitério em chamas davam o tom do peso que a banda queria transmitir para os que duvidavam do seu som. E foi com hits pesados como “Shepherd of Fire” que o Avenged foi conquistando o público.

“Hail to the King”, novo disco lançado em agosto, canções como “Beast and the Harlot” ilustraram a força que tem com o seu público. Porém, escorrega quando entra numa sonoridade mais de balada. “Buried Alive”, “Bat Country” e “Fiction Nightmare” também fortaleceram a imagem de um Metal jovem, mas capaz de bater de frente com as grandes bandas que estiveram ao longo do dia.

Com problemas no som em algumas passagens, o vocalista M. Shadows usou e abusou dos agudos, justamente o que mais teve no show do Iron Maiden. A partir daí, foi apenas seguir em frente e até os gritos iniciais sumiram e sobraram aplausos.

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Pela terceira vez no Rock in Rio, já estivera em 1985 e 2001, a tão aguardada atração principal da noite entrou no Palco Mundo como sempre: Super produção no cenário, figurino a caráter do seu vocalista  e muitos, muitos hits. Assim era Iron Maiden.

Abrindo com “Moonchild”, do álbum “Seventh Son of a Seventh Son”, de 1988, os britânicos pisaram forte e não abriram mão do seu fiel público embalando cada canção. Bruce Dickinson sempre apelando para o “Scream for me, Rio” (Grite para mim, Rio) cativava a todos e jogava a apresentação ainda mais pra cima.

Usando e abusando de hits, 85 mil vozes cantaram “The Trooper” e “The Number of the Beast”. Era a consagração de uma das mais importantes bandas do século XX se repetindo, assim como anteriormente o Rio de Janeiro havia feito. Bruce fazia gestos e comandava a massa como um maestro sem batuta, apenas com microfone e seus agudos inseparáveis. E claro, sempre uma roupa diferente a cada música.

Os fãs não se entregavam ao cansaço e cantavam a plenos pulmões as canções, que variaram entre início da carreira da banda até as mais recentes. O tão aguardado Eddie apareceu em “Seventh son of a seventh son”, com bastante jogo de luz e uma cenografia excelente, foi a parte da apresentação mais cênica.

Se faltava alguma coisa para a consagração, “Fear of the Dark” tratou de suplantar qualquer dúvida e colocou um ponto final em quem ainda duvidava sobre qual era o melhor show da noite do Metal. E na volta para o bis, “Aces High”, “The Evil That Men Do” e “Running Free”, trazidos pelo mascote Eddie, fecharam uma apresentação perfeita do Iron Maiden.

Se em 1985 e 2001 eles passaram pelo Rock in Rio e deixaram saudades, dessa vez não foi diferente. Bruce e sua turma estão todos na casa dos 60 anos, mas a sonoridade continua sendo a dos jovens revolucionários da década de 80, com o espírito dos anos 2000.

Por Bruno Guedes

Fotos: Divulgação – Rock in Rio

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