Iron Maiden incendeia o Rock in Rio em noite de virtuoso Dream Theater; Living Coulor brilha

Por Bruno Guedes

O Rock in Rio começou nesta sexta-feira (2), no Parque Olímpico, com muito rock. Na noite dedicada ao metal, as guitarras fizeram a felicidade de quase 100 mil pessoas. Entre as atrações principais, o Living Colours repetiu sucesso de outras edições, assim como o Sepultura. No Palco Mundo, Iron Maiden e Dream Theater entregaram o prometido à plateia carioca.

Além de muito rock n’ roll, a representatividade ganhou destaque. No Palco Sunset, o Black Pantera + Devotos levou o debate antirracista. J´á no Espaço Favela, o Gangrena Nervosa chutou a intolerância religiosa. Ambas as bandas chegaram até aos assuntos mais falados nas redes sociais

PALCO SUNSET

Rock in Rio/Divulgação

Exatamente ás 14h49, o Rock in Rio 2022 começou com os brasileiros do Black Pantera + Devotos. O trash metal formado por músicos negros debateu representatividade, igualdade e combate ao racismo. O show começou com “Padrão É o Caralho”, uma das mais famosas canções dos roqueiros.

Projetando uma foto da Elza Soares no telão, o grupo fez uma homenagem a cantora, que morreu no começo de 2022. Assim como a banda, ela foi uma das principais vozes musicas na luta contra o racismo. Em seguida, fizeram uma versão pesada de “A Carne”, música que ficou famosa na voz da artista.

Rock in Rio/Divulgação

Em seguida veio a Metal Allegiance, formada por diversos artistas consagrados. Entre eles, Mike Portnoy, ex-baterista do Dream Theater, última banda a se apresentar no Palco Mundo. E não deixaram o ambiente esfriar. O show começou com “The accuser” e “Bound by silence”.

Logo em seguida, Chuck Billy, vocalista do Testament, entrou no palco Sunset para acompanhar os veteranos. Com pouca interação e muito trash metal de San Francisco, o grupo seguiu com “Can’t kill the devil”, “Gift of pain” e “Dying song”.

Rock in Rio/Divulgação

Uma das lendas do rock, o Living Coulor começou a apresentação dedicando a Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro, em 2018, quando o estado estava sob intervenção federal. Foi logo após a abertura com “Middle Man”.

Corey Glover, vocalista do grupo, esbanjou carisma e conversou bastante com a plateia através de sinais e reações. E parecia estar ciente do complicado momento político e social do Brasil, pois diversas vezes levantou a placa onde estava escrito “Vote” e “Democracia”. Em uma delas, quando cantava “Wave”.

Famosa por seu estilo eclético, essa característica apareceu em “Ignorance is Blind”, “Type” e “Time’s Up”. Logo depois foi a vez de outra lendária figura se juntar aos músicos, Steve Vai. O guitarrista abre sua participação com “Rock and Roll”, de Led Zeppelin.

Em uma outra homenagem, desta vez a Jimi Hendrix, o grupo e Steve tocaram “Crosstown Traffic”. Durante o grande hit da Living Colour, “Cult of Personality”, Corey foi até à plateia e novamente cobrou participação nas eleições. Estava encerrado um dos grandes shows desta edição.

Fechando a noite no Palco Sunset, o Bullet for My Valentine sacudiu o público. Formada em 1998, levou uma gama de fãs mais jovens e bem barulhentos ao festival. A abertura foi com “Your betrayal”, do álbum “Fever”, de 2010.

Com enormes rodinhas punks que se formaram, “Tears don’t fall”, o grande hit da banda, tomou conta da Cidade do Rock. O metal encerrou a participação em grande estilo.

PALCO MUNDO

Rock in Rio/Divulgação

O Sepultura teve a honra de ser a primeira banda a se apresentar no Palco Mundo, o principal do Rock in Rio. No entanto, as honrarias ficaram por conta da Orquestra Sinfônica Brasileira, que tocou ao lado do consagradíssimo grupo do Brasil.

As primeiras notas tocadas foram não de guitarra, mas de música clássica: Um trecho do balé “Le Sacre du Printemps”, do compositor russo Ígor Stravinski. Em seguida, o maior sucesso dos brasileiros entrou em cena, “Roots Bloody Roots”. A canção foi a responsável por lançar o Sepultura na cena mundial do trash metal.

Misturando ritmos, outra marca da consagrada banda, ainda teve homenagem a italiano Antonio Vivaldi e uma versão heavy metal da 9ª Sinfonia de Beethoven. Andreas Kisser, guitarrista da formação, comentou sobre o retorno aos palcos após a morte da sua esposa Patrícia Perissinotto, aos 52 anos, vítima de um câncer:

“Que sentimento fantástico estar aqui com vocês depois dessa pandemia, depois dessa p… toda que aconteceu”, disse Kisser.

Ainda teve “Kaiowas”, instrumental indígena de sucesso do grupo, “Agony of Defeat” e “Guardians of Earth”, numa sugestiva mensagem de encerramento do show em meio aos protestos que rolavam contra o presidente Jair Bolsonaro.

Os franceses do Gojira vieram depois. Com forte apelo em defesa da Amazônia, novamente o vocalista Duplantier se engajou na causa. No ano passado, o cantor participou de um protesto de povos indígenas em Brasília, em frente ao Palácio do Planalto.

Desta vez, levou ao palco duas representantes dos povos originários, sob ovação da plateia. Mas não faltaram hits e muita guitarra, como é típico da banda. No último Grammy, os europeus receberam indicações a Melhor Álbum de Rock, por seu álbum “Magma”, e Melhor Performance de Metal.

Figurinha carimbada do Rock in Rio, o Iron Maiden foi a penúltima banda a se apresentar, mesmo sendo headliner. Nos últimos anos o grupo, já na casa dos 60 anos, vem optando por não fazer shows em horários mais para dentro da madrugada.

Os ingleses abriram com três canções do álbum “Senjutsu”, com a que dá nome ao trabalho, “Stratego” e “The Writing on the Wall”. Mas depois foi uma sequência de hits, como “Blood Brothers”, “Flight of Icarus” e “Fear of the Dark”, uma das mais famosas do Maiden.

Bruce Dickinson, aos 64 anos, manteve a velha forma vocal e física. Com perfeição cantou durante as quase duas horas e ainda soltou seus icônicos “scream for me, Rio”.

Assim como as guitarras de Adrian Smith, Dave Murray e Janick Gers. O trio é um espetáculo à parte em entrosamento, talento e muito, mas muitos solos.

Encerrando com “Aces High”, os britânicos provaram mais uma vez porque é sempre um jogador “camisa 10” do festival: nunca decepciona.

Rock in Rio/Divulgação

Uma das bandas mais virtuosas de todos os tempos, o Dream Theater invadiu o Palco Mundo com seu rock progressivo. Abrindo com “The Alien”, o ritmo mais pesado era um cartão de visitas para não deixar cair o estilo dos artistas anteriores.

Sob o comando dos solos de John Petrucci, os americanos tiveram que enfrentar uma plateia fria e que não reagia à mudança de estilo musical. Mesmo assim, os músicos seguiram entregando, como em “Endless Sacrifice”. Um dos momentos mais marcantes desta edição foi com a canção “The Count Of Tuscany”, cuja duração é de 19 minutos!

A primeira noite do festival foi encerrada com “Pull Me Under” e a sensação de que a organização errou feio. O Dream Theater parecia um peixe fora d’água em um dia com tanto trash metal e sons mais pesados.

FOTOS: Rock in Rio/Divulgação

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