Lily Allen alega em biografia que foi abusada por executivo: ‘Ele tentou me penetrar’

A cantora Lily Allen revela em sua autobiografia “My Thoughts Exactly” que foi abusada sexualmente por um executivo da indústria fonográfica. De acordo com a inglesa, o crime teria sido cometido por um profissional que trabalhou com ela em Los Angeles. O ocorrido, segundo o relato, foi após uma festa. O livro será lançado no próximo dia 20 de setembro no Reino Unido. As informações foram divulgadas em uma entrevista ao The Guardian Weekend. Na publicação, narra ainda eventos como depressão, drogas e a vida com a família.

Lily confirmou o abuso em uma longa entrevista veiculada neste sábado, 15, à revista britânica The Guardian Weekend. Nela, afirma que estava bebendo e acabou dormindo no quarto de hotel do executivo. Na manhã seguinte, ela teria tomado consciência do ocorrido:

– Acordei às 5 da manhã porque senti alguém ao meu lado, pressionando o corpo nu contra as minhas costas. Eu também estava nua. Foi quando senti alguém tentando enfiar o pênis na minha vagina, tentando me penetrar. – A cantora ainda diz que o executivo deu um tapa em suas nádegas “como se eu fosse uma stripper.”

Ao perceber a gravidade, Allen explica que tentou fugir:

– Eu me afastei o mais rápido possível e pulei da cama. Eu achei minhas roupas rapidamente, corri para fora do quarto dele e fui para o meu. – escreveu no livro.

A cantora escreveu ainda que viveu com grande frustração por não ter confrontado ou divulgado o comportamento do homem e que continuaram trabalhando juntos para seu desespero. Lily não revelou o caso antes porque o executivo teria “mais dinheiro e poder que ela”. Entretanto, disse que assinou uma declaração detalhando o suposto ataque.

Convidada para se apresentar em um show promovido pela BBC Radio 1, a inglesa afirmou ter recusado porque um dos clientes do executivo também estaria no local.

“O livro não é para mim, é para as minhas filhas”

Ela explica que a decisão de escrever um livro não partiu para desabafar, mas sim para que suas filhas,  Ethel de 6 anos e Marnie de 5, pudessem saber sobre a mãe através da sua verdade. Ela se separou do seu marido Sam Cooper em 2015, onde descreve que ambos estavam “muito tristes” ao decidirem pelo divórcio:

Se eu cair morta amanhã e elas jogarem meu nome no Google – ou morar com o pai delas – terão uma versão diferente dos eventos. Eu queria ter a minha versão. Minha história, da minha perspectiva. E isso não quer dizer que a minha está certa ou a de Sam (ex-marido) que está… isso foi exatamente como eu me senti na época que decidi escrever. – disse, ao receber os jornalistas em sua casa, na capital da Inglaterra

E é justamente quando fala sobre as herdeiras que a entrevista toma um rumo mais triste. Lily Allen conta que a morte prematura de George, o que seria seu primeiro filho, e a doença da mais velha foi um grande peso emocional em sua vida:

Com a Ethel tão doente foi difícil desde o início. Foi muito difícil. Estar longe dela. E a Marnie (caçula) não foi planejada nem um pouco, então foi muito complicado. Houve um tempo entre George morrer e Ethel nascer – 13 meses. Eu lamentei, mas você realmente não sabe quando o processo de luto acabou e então parou de sofrer. – revela.

Na entrevista, a cantora também afirma que passou por depressão pós-parto causado pela falta de experiência em ser mãe:

Nenhum dos meus pais era bom em criar filhos, então não era algo que eu sabia fazer ou conhecia. Eu meio que presumi que tudo aconteceria naturalmente. E não aconteceu. Acho que foi o gatilho para a minha depressão pós-parto. Minha infância inteira eu  sonhei com quatro crianças – tudo ia se encaixar e eu seria essa mãe perfeita – E não aconteceu. Fiquei muito chocado e desapontado. – diz, segunda a publicação, de em voz baixa e triste.

“Talvez seja a hora da heroína, porque nada mais está funcionando”

Sempre às voltas com uso de drogas, Lily também disse que a depressão pós-parto a levou novamente a usá-las. Ela afirma que acordou um dia e nada mais estava no lugar: “Talvez seja a hora da heroína, porque nada mais está funcionando”, revelou. Foi a partir daí que buscou outra experiência: sexo com mulheres.

De acordo com a inglesa, teve a ideia de contratar uma profissional do sexo porque estava lendo um livro sobre vício e vergonha. Então a visitou três ou quatro vezes:

Ela era cara. Prostitutas de alta classe são caras. Eu não me importei. Eu só queria que ela me ajudasse a sentir algo. Pensei ‘OK, há um lugar pior que eu posso entrar’. Não é algo que me orgulha ou sinta vergonha. Eu estava no meu pior momento. – desabafa.

Sobre amizades, Allen afirmou que Chris Martin, vocalista do Coldplay, e a atriz Gwyneth Paltrow, a ajudaram durante sua estadia nos Estados Unidos. Ela revelou também que certa vez estava bêbada em uma festa de Halloween na casa da atriz Kate Hudson e acidentalmente atacou o ator Orlando Bloom.

Atualmente a cantora está em turnê divulgando seu quarto álbum, “No Shame”, lançado em junho.  Aos 33 anos, Lily Allen é uma das artistas pop mais ativa nas redes sociais e sempre discutindo com outros usuários sobre seus posicionamentos. Durante o #MeToo, movimento onde mulheres denunciavam abusos sofridos, a inglesa participou emitindo opiniões e compartilhando relatos.

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