Mãe cantora, falha no som, hits e muito metal: segunda noite do Rock in Rio levanta o público

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Se o público estava reclamando antes do festival que faltava rock, não pode mais reclamar, ele não faltou neste sábado, 19. O segundo dia do Rock in Rio foi dedicado ao metal e às guitarras distorcidas no volume máximo, mas teve de quase tudo: roqueiro cantando com a mãe, fãs enlouquecidos com clássicos, show histórico, falha no som, estreia com despedida e até uma plateia improvisada em cima do palco.

No Palco Sunset o Noturnall, recebendo Michael Kiske, abriu a tarde misturando músicas pesadas e ‘mulheres-zumbis’ fazendo pole dance. Com os espectadores ainda chegando sob um sol forte, os brasileiros deram o pontapé inicial. O vocalista, Thiago Bianchi, num momento inusitado do show, convidou sua mãe, Maria Odette, e juntos cantaram “Woman in Chains”, do Tears for Fears. Muito aplaudida, Odette agradeceu e virou símbolo do dia. Ao anunciarem Kiske, o público foi ao delírio e cantou todas as músicas com o astro.

Barbara Lopes / Agência O Globo

Barbara Lopes / Agência O Globo

Em seguida veio a consagrada Angra, com Kiko Loureiro ainda nas guitarras. Kiko recentemente foi nomeado guitarrista da Megadeth para gravação do seu novo disco e turnê. Durante a apresentação, Marcelo Barbosa, do Almah, foi anunciado como substituto de Loureiro enquanto ele estiver com os americanos. E os músicos não deixaram por menos a fama: Detonaram o Sunset num dos melhores shows desta edição.

Dee Snider, vocalista e líder do grupo Twisted Sister, e Doro Pesch, ex-vocalista da banda alemã Warlock também marcaram presença e sacudiram os fãs que estavam ansiosos pelo encontro desde o começo da tarde. Encerrando com “We’re Not Gonna Take It”, Dee fez a plateia enlouquecer enquanto voltava aos anos 80, arrancando muitos aplausos de jovens ou mais antigos fãs do bom rock.

O metal industrial do Ministry subiu ao Sunset com muita roupa exótica e um visual peculiar. Usando o tradicional som pesado e bastante atitude vocal, Al Jourgensen, vocalista do grupo, conseguiu segurar o público com hits como “New World Order”. A recepção não foi tão empolgada como a apresentação anterior, mas preparou para a entrada da principal atração neste Palco: Korn.

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A banda entrou com tudo ao som de “Blind”. O baixista Reginald Arvizu ostenta cordas nas cores verde e amarela, em homenagem ao Brasil. Os californianos rapidamente ganharam o público, que cantava todas as canções num coral inédito neste palco até aquele momento. “Lodi Dodi”, do Snoop Dogg, “Need To” e “Clown” foram alguns dos sucessos executados.

Com a sensação de que o local era pequeno demais para uma banda do tamanho da Korn, o show contou com bastante intensidade e participação dos fãs. O grupo encerrou o show no Palco Sunset com o grande hit, “Freak on a leash”. Muitos aguardaram um bis, mas ele não aconteceu.

Um dos caçulas entre as bandas participantes do Rock in Rio 2015, o grupo francês Gojira abriu o Palco Mundo na noite do metal. Abusando da bateria com pedal duplo e bastante velocidade nos riffs e viradas, os músicos conseguiram mais do que simplesmente começar os trabalhos no principal ponto das bandas. Em canções como “L’Enfant” e “Oroborus”, os rapazes mostraram que não estavam ali apenas como convidados e apresentaram bastante volume musical.

Com aproximadamente uma hora, os franceses deixaram o palco com a sensação de que tinham feito muito mais do que a plateia esperava. Após um intervalo de uma hora foi a vez do duo Royal Blood. Formados apenas por Mike Kerr e Ben Thatcher na cidade de Brighton, Inglaterra, em 2013, o grupo ficou conhecido por abrir os shows do Arctic Monkeys e não ter guitarrista.

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Apesar de parecer deslocado do dia por seu estilo mais hard rock e mais progressivo que os demais que estavam escalado no Palco Mundo, os britânicos não decepcionaram com músicas já famosas do seu repertório como “Little Monster” e “Figure It Out”.

– Eu queria apresentar o resto da banda: Ben Thatcher na bateria – brincou o vocalista e baixista Mike Kerr, se referindo à dupla.

Do meio pro final a apresentação explodiu, mostrando que a guitarra não fazia falta alguma. O baterista Ben ainda fez um Stage Diving, o ato de quando o artista se joga na plateia e é carregado pela multidão, em ambos os lados do palco. Encerrando a apresentação de forma apoteótica, o reef de “Iron Man”, do AC/DC, foi tocado e com o público acompanhando.

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Divulgação / Rock in Rio

Ao subirem no Palco Mundo pela primeira e última vez no Brasil, já que o grupo realiza até o final de 2015 a turnê de despedida, o Mötley Crüe deu como cartão de visita a sonoridade clássica dos anos 80 e 90 que consagrou o grupo no cenário musical. As guitarras de centro e riff fizeram todo o cortejo para a inconfundível voz de Vince Neil. Acompanhado de belas backing vocals, o vocalista empolgou os presentes desde o começo com vários hits seguidos, como “Wild Side”, “Don’t Go Away” e “Looks That Kill”.

Num dos momentos de maior empolgação, o grupo ousou e tocou “Anarchy In The UK”, dos britânicos Sex Pistols. Vale lembrar que a banda era de punk rock, um estilo que não agrada muito o público do metal. Mesmo assim os fãs reagiram bem e vibraram com o cover.

Abusando de efeitos especiais e muitas bombas de fogos, o Mötley ainda teve fôlego para cantar clássicos como “Kickstart My Heart” e encerrar ao som da sua conhecida “Home Sweet Home”. Após o fim do show, Nikki Sixx deu o próprio baixo para um fã.

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Reprodução / Internet

Pela terceira vez seguida Rock in Rio, o Metallica fez jus à espera e entrou com força máxima. Abrindo com “Fuel”, um dos maiores sucessos do grupo, os americanos ainda montaram uma pequena arquibancada atrás do palco, com dezenas de fãs. Mas logo após tocarem “King Nothing” e  “Ride the Lightning” uma falha no som quebrou o clima de rock n’ roll. As guitarras base e bateria sumiram, deixando James Hetfield bastante irritado e os integrantes perdidos. Após uma paralisação de quase cinco minutos, os músicos voltaram.

Seguindo com “Unforgiven” e sempre conversando com o público, James tentou manter o astral no alto. Sem a mesma empolgação de antes do problema, o show continuou com “Sad But True” e “Turn The Page”, momento em que o som teve outro pequeno problema. Ao contrário das outras duas vezes em que estiveram no Palco Mundo, não se viu a presença de tantos elementos pirotécnicos, como fogos e sons de tiro. Apenas um jogo de laser acompanhava algumas canções.

– Rio, vocês estão se sentindo bem? Então eu quero vocês melhores ainda! – falou Hetfield, para delírio dos fãs, após começar uma sequência de solos.

Seguindo com “One” e “Fade To Black”, o Metallica parecia deixar de lado os problemas e manter o nível de suas últimas excelentes apresentações no Festival, em 2011 e 2013. Na clássica “Master Of Puppets”, os presentes fizeram um coral de quase cem mil vozes com a banda.

Já na parte final vieram as consagradas “Seek and Destroy”, “Nothing Else Matter” e “Enter Sandman”, talvez maior hit dos californianos de San Francisco. O Metallica é tipo o craque que nunca decepciona quando entra em campo, mas os problemas com o som prejudicaram no geral, deixando a empolgação que tomou conta no início se dissipar. Mesmo assim, fechou a noite que teve de quase tudo em alto nível.

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