“O Quarteto” e “Amigos Inseparáveis” abordam vida na 3a. idade

IMAGEMNem podemos fazer um parâmetro dos dois filmes que deportaram nas salas brasileiras nesse final de semana, com o sublime austríaco “Amor” (vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro 2013), que chamou a atenção para uma história com o inquieto conflito de uma realidade não rara aos idosos: a sensação de impotência, movida pelas dificuldades angustiantes que problemas de saúde podem causar nessa idade e de como as pessoas ao redor irão se relacionar com isso. Não, no caso de “O Quarteto” e “Amigos Inseparáveis”, contrariamente a premissa se destina a mostrar que é possível sim, ter vida plena após os 70 anos. E fica notória a ousadia, coragem e charme que possuem seus personagens centrais, com todas as possibilidades para ainda poderem ter seus sonhos, anseios, inseguranças, expectativas e afastando qualquer intenção de associarmos essa fase tão temida por todos nós, como algo tedioso nessas tramas subseqüentes.

“Amigos Inseparáveis” conta a história de Doc (Christopher Walken, 69 anos), saudoso de uma amizade verdadeira que tinha com companheiros numa época longeva de bandidagem, mesmo estando numa pacata fase em que dedica-se a pintar quadros. Por isso é mais do que uma questão de honra ir recepcionar seu velho companheiro Val (Al Pacino, 72 anos), saindo da cadeia após 28 anos e que assumiu a condenação todo esse tempo sem denunciar os comparsas no crime. Decidem literalmente “tirar o atraso” e não vão medir esforços para querer se divertir da sua maneira peculiar e inconsequente, inclusive resgatando o outro componente do bando Hirsh (Alan Arkin, 78 anos) de um asilo, mesmo sabendo do seu enfisema pulmonar. O tempo para isso pode ser curto, já que Val está com a cabeça a prêmio por ter matado o filho de um mafioso. Com esse trio de verdadeiros patrimônios do cinema mundial (dispensam comentários), já podemos imaginar no quão divertida e imprevisível se dará essa jornada de amigos ávidos por retomar o tempo perdido em sua convivência.

Essa mesma sensação tem os protagonistas de “O Quarteto”, que moram numa casa de repouso com músicos e cantores aposentados no interior da Inglaterra. Com a súbita ameaça de fechamento do local por falta de financiamento, resolvem voltar a ativa preparando uma retomada do quarteto da ópera Rigolleto, uma homenagem a Giuseppe Verdi. A maior dificuldade esta em convencer Jean (Maggie Smith, 78 anos), diva de outrora, a participar da empreitada, pois um dos componentes do grupo teve um relacionamento rompido de forma drástica com a cantora. Primeira investida do excepcional Dustin Hofman (75 anos) na direção, essa adaptação da peça de Ronald Harwood nos brinda com uma trama leve, divertida e palatável (mesmo para quem não é apreciador de ópera) e sem deixar de abordar temas frágeis, como o mal de Alzheimer e limitações físicas naturais da idade.

Mas a mensagem acaba sendo a mesma do filme citado anteriormente. Superação e alegria em prol de um objetivo em conjunto e único: viver fazendo acontecer, apesar de qualquer tipo de barreira que possa vir a surgir pelo caminho. E isso independe de quantos anos possui o indivíduo…

 Por Alessandro Iglesias

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