Os 10 melhores lançamentos musicais de 2018

Sabemos que fazer uma lista dessas é sempre uma tarefa hercúlea! Por mais que o ano tenha voado, e sido difícil para muita gente, a roda não para de girar, e os lançamentos musicais foram muitos. E teve bastante coisa fina… Já afirmo de antemão que essa relação teve muito a ver com questões pessoais, e sensitivas referente a obra em questão. E não curto citar músicas soltas, se os discos foram escolhidos, é porque descem bonito do começo ao fim. Mas farei uma menção honrosa a quem poderia ter feito parte aqui…

1 – JASON BECKER “Triumphant Hearts”

Juro que o viés emocional com relação ao autor do álbum, não foi predominante para a minha escolha. Para quem não sabe, Becker vive em estado vegetativo há 30 anos, em virtude da cruel doença conhecida como ELA (Esclerose Lateral Amiotrofica), em que se perde por completo o movimento dos músculos. Inclusive a capacidade de respirar, comer e falar. Jason se comunica pelo piscar dos olhos. Quem quiser saber mais sobre a sua história, o documentário “Jason Becker – Not Dead Yet” está disponível no YouTube. Já era considerado um fenômeno da guitarra muito jovem, e o fato de continuar compondo, mesmo de forma tão trabalhosa (a doença não afeta o cérebro, continua-se pensando normalmente), é um dos fatores que a medicina atribui para que esteja vivo até hoje. Como obviamente, ele não pode tocar, colegas ilustres como Joe Satriani, Marty Friedman, Trevor Rabin, Steve Vai, entre toda uma constelação, foram a mão de obra desse espetacular registro! Suas principais influências sempre foram o Hard Rock, Erudito e a New Age. E realmente não dá para destacar faixas soltas, é uma viagem sublime que merece sempre ser degustada de uma tacada só. Lindo, maravilhoso, poético, um dos melhores discos compostos por guitarristas na história. Não tenha preconceito, se você passa longe de discos virtuosos de “guitar heroes”, porque é MUITOOO além, acredite! “JASON NÃO ESTÁ MORTO” para a felicidade de todos. Um herói como ser humano, e o compositor de uma obra prima como essa.

2 – DAVID BYRNE “American Utopia”

Experimental SEMPRE e mesmo assim consegue soar POP. Performático, sempre imaginamos como a obra em questão reverberá no palco. E geralmente é em forma de catarse. “American Utopia” é seu melhor disco em muito tempo, e isso diz muita coisa, pq sua regularidade é incrível. E o showwww, UAUUUU! Como citei, consegue deixar as canções ainda melhores! Parece que já foram compostas para essa execução. Foi o melhor concerto disparado dos LOOLAPALOOZA pela América do Sul. Minha resenha sobre o espetáculo no Rio de Janeiro está aqui no link abaixo. Mas frizo que as músicas do novo disco impactaram tanto quanto os clássicos do TALKING HEADS. E isso não é pouca coisa… David Byrne no alto dos seus 65 anos ainda tem muito a dizer.

https://cultmagazine.com.br/david-byrne-em-apresentacao-genial-mostra-o-maior-espetaculo-do-milenio-no-rio-de-janeiro/

3 – DUDA BEAT “Sinto muito”

A recifense chegou “metendo o pé na porta” nesse disco de estréia! Letras deslavadamente confessionais, clima oitentista pelas muitas intercessões eletrônicas, elementos de regional, trip-hop, vocais repletos de sensualidade, inserção de uma simbiose musical perfeita! Não é a toa que tudo está indo muito bem obrigado: clipes com muitos acessos, participação nos principais festivais do país, confirmação no LOOLAPALOOZA 2019, podemos dizer que Duda é merecidamente uma das “bolas da vez”. “Eu sabia que daria certo”, afirmou logo após o lançamento do disco. Ela realmente sabia o que estava fazendo, não foi mera pretensão…

4 – JUDAS PRIEST “Firepower”

Praticamente uma unanimidade, esse deve contar em todas as listas! Desde “Painkiller”, um disco dos “deuses do Metal” não causa tanto impacto. Não tem muito o que falar, Heavy Metal em altíssimo nível. Já tem status de clássico, os shows que o digam, as canções não destoam do repertório seminal! OUÇAM!

5 – SOULFLY “Ritual”

Mais um disco que ficamos com a “pulga atrás da orelha”: seria o melhor da banda? Max Cavalera afirma que sim. Todas as influências que permeiam os mais de 20 anos de estrada da banda estão lá em nível poderosíssimo: Thrash, Death, Groove, Tribal, não restando “pedra sobre pedra”! Se você quiser apresentar a banda para alguém, pode começar por esse petardo irrepreensível. Impossível ficar parado!

6 – BACO EXU DO BLUES “Bluesman”

Urgente e necessário! Por si só, a proposta do disco já enriquece o debate político no país. Sim, é um disco de RAP, mas é BEM mais do que isso, não fuja se não és um admirador do gênero. A sonoridade permeia pelo sincretismo e o blues (como enfoca seu nome artístico), eletrônica, até ecos do Caribe ressoam! Com apenas 22 anos, o rapper soteropolitano faz bonito em seu segundo disco, e impacta! Ainda vamos muito ouvir falar dele, anotem aí…

7 – KRISIUN “Scorge of the enthroned”

Os integrantes do excepcional trio de música extrema, os gaúchos irmãos Koslene, disseram que este é o mais brutal, rápido e sujo, material da banda. Discordo redondamente de vocês! Não sou fã de Death Metal e posso afirmar: esse disco agradará a qualquer ouvinte de música pesada INDEPENDENTE DO GÊNERO. A produção é soberba, e mesmo com toda a fúria de outrora, soa limpo como os clássicos do Metal, principalmente do Thrash. E fatalmente, expandirão o seu público. Digo mais, tem tudo para ser um grande clássico na discografia da banda!

8 – ALICE IN CHAINS “Rainier Fog”

Há tempos que o talento de William DuVall já foi aceito pelos fãs de carteirinha do bardo da geração grunge. Só se esperava um disco definitivo para figurar entre os clássicos da fase com Layne Staley. E ele chegou! Impecável do começo ao fim, tem todos os elementos que caracterizou o AIC entre as maiores bandas do planeta: distorção, melancolia, caos… “Pesado, feio e estranho”, adjetivou o líder e principal compositor Jerry Cantrell. “Mas um disco forte pra cacete”. Concordo apenas com a segunda observação caro guitarrista, é um álbum de belíssimas canções! Como todos da minha lista, pode ouvir do começo ao fim, e viajar mediante a bela atmosfera soturna.

9 – IMAGO MORTIS “LSD”

Os mestres do DOOM nacional estavam há 12 anos sem nos proporcionar um disco de inéditas. E olha, a espera foi deveras recompensada! Ok, sabemos que os três discos anteriores na discografia da banda tem status de clássico, mas o mais badalado disparado foi “Vida (The Play of Change)”, que na época do seu lançamento entrou em todas as listas de melhor disco do ano (como essa!). Pois posso assegurar que “LSD”, além de dar vários passos a frente com uma coesão absurda em suas composições, fazendo uma ponte entre o clássico, a desaceleração típica do gênero e as raízes do Heavy Metal, deixa uma “pulga atrás da orelha”: teríamos uma “ponte” no atual conceito, com o protagonista de “Vida”, 16 anos depois? Deixo a pitada de curiosidade no ar… Embarque na “viagem lisérgica” sem medo, e o deleite será inevitável. Ressalto o belo trabalho de Alex Voorhees, um dos maiores vocalistas desse país, alternando lirismo, agressividade e dramaticidade de forma sublime. E as letras, sempre IMPECÁVEIS e com forte teor poético! Vislumbro destaque mundial nesse disco, isso é inevitável…

10 – CARNE DOCE “Tônus”

Mea culpa, conheci a banda MESMO por acaso. Fui em um festival aqui no RJ, e começaram a sua apresentação (só os conhecia de nome) “quebrando tudo”! Psicodelia já é uma paixão antiga que me arrebata, mas a vocalista Salma Jô coloca uma verve sexual, com letras ousadas e que enfocam  o empoderamento feminino, o instrumental vai te embalando de forma coesa e hipnótica, e… Cheguei em casa e a primeira coisa que fiz foi ouvir o disco!
“Tônus” fez parte da minha playlist a partir de então. Já sabia que Goiânia, com sua ímpar cena roqueira (vide os belíssimos festivais de música independente) iria um dia nos proporcionar uma delícia tão singular como o Carne Doce. E um aviso: a cada audição o disco fica ainda melhor! Maravilha!

Como falei no início, lista absolutamente particular, mas poderiam figurar os lançamentos de Paul McCartney, Angra, Autoramas, Gal Costa, Ghost, Ana Cãnas, o live do Moonspell, Anelis Assumpção, Ava Rocha, Almir Satter e Renato Teixeira, só para citar mais 10 discaços, mas tem muito mais! Se tem algo que não podemos reclamar de 2018, é da riquíssima produção musical. E que venha 2019!

Por Alessandro Iglesias 

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