“Os Penetras” é a comédia mais nonsense do ano

Longa com Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch, do “Pânico”, sobrevive apenas pelo talento dos dois comediantes

“Escrachada” seria eufemismo para definir a comédia brasileira Os Penetras, dirigida por Andrucha Waddington (Casa de Areia) em sua primeira incursão pelo gênero. O filme tem sua graça, mas é tão sem pé nem cabeça que chega a lembrar a franquia satírica Todo Mundo em Pânico – embora, na verdade, não esteja parodiando nada além de si mesmo.

O ponto de partida da história é o encontro entre o malandro Marco Polo (Marcelo Adnet), que vive de pequenos golpes na capital do Rio de Janeiro, e o interiorano Beto (Eduardo Sterblitch), que chega à cidade em busca de um amor não-resolvido, Laura (Mariana Ximenes), em plena época de Réveillon. Marco decide aproveitar-se da ingenuidade de Beto e propõe resolver sua situação com Laura, apenas para tirar dinheiro do rapaz. Com a desculpa de procurar Laura, os dois começam a entrar de penetra em festas da alta sociedade carioca, usando das mais variadas artimanhas e criando confusões inimagináveis.

A sinopse, já bastante manjada, desenvolve-se da maneira mais tola e sem noção possível. O roteiro é tão frouxo e mal amarrado que o espectador dificilmente conseguirá enxergar algo parecido com um enredo no que é mostrado na tela. Há muitas sequências divertidas, é verdade, mas, se a intenção era apenas fazer rir sem necessariamente contar uma boa história, que fizessem esquetes para o Zorra Total ao invés de um longa-metragem, oras.

A presença do Marcelo Adnet (Comédia MTV) e Sterblitch (o Freddie Mercury Prateado do Pânico na Band) é o que salva Os Penetras do completo fiasco. O carisma da dupla, considerados melhores comediantes de TV da atual geração, faz a diferença e consegue arrancar risos em cenas que teriam tudo para ser apenas idiotas. Percebe-se que ambos tiveram muita liberdade de improviso, o que foi excelente. Mariana Ximenes é outra que consegue manter seu brilho mesmo em meio a um contexto tão constrangedor.

Afora isso, o restante da fita é composto por situações exageradas e apelação sexual desnecessária. Os Penetras termina após 1 hora e meia de duração, deixando no público a pergunta: como os conceituados Andrucha e Pedro Buarque de Holanda (A Mulher Invisível) permitiram que seus nomes aparecessem nos créditos de uma “coisa” assim?

 

Por Felipe Brandão.

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