Por Bruno Guedes
A cantora inglesa Ellie Goulding revelou que foi assediada no começo a carreira por produtores musicais. O desabafo aconteceu em uma entrevista ao The Guardian, nesta sexta-feira, 10. Segundo a artista, ela só conseguiu falar agora, após o movimento #MeToo, por medo de ser julgada.
Às vésperas do seu novo álbum, “Brightest Blue” desembarca nas plataformas online de streaming no dia 17 de julho, Goulding deu uma reveladora entrevista ao jornal inglês enquanto estava em uma casa para estudantes durante o lockdown. Após o isolamento social com o marido, Caspar Jopling, que está realizando MBA na Universidade de Oxford, falou sobre sua vida, carreira e assédio. Hoje aos 33 anos, disse que quando tinha 19 sofreu abusos de diversos produtores musicais.
Segundo o relato, inicialmente queria ser atriz e estudar teatro, “mas era muito tímida”. Com isso, acabou indo para a música porque “cantar parecia ser uma maneira de eu ter confiança enquanto não estava segura”, disse ela. Mas após o sucesso, em 2010, as reuniões com produtores passaram a ser um pesadelo para Ellie:
– O primeiro produtor que conheci queria dormir comigo. E eu fiquei tipo, por quê? Eu não me via como um objeto de desejo sexual. – afirmou, ressaltando que muitos se aproveitavam da sua pouca idade e vulnerabilidade da época.
Com um pai ausente após o divórcio, quando ela tinha cinco anos, e um relacionamento difícil com a mãe e o padrasto, Goulding se disse desprotegida:
– Eu não podia ir para casa porque não tinha como pagar, então eles (assediadores) diziam ‘você pode ficar’. Mas sempre sugeriam algo a mais. Eu ria. Apenas poderia rir. – desabafou.
Ellie foi além, revelou que muitas vezes os assédios aconteciam em reuniões à base de bebidas alcoólicas. Aproveitando o momento do efeito, alguns assediavam com promessas e sugestões obscenas:
– Muitas vezes diziam coisas sugestivo que me deixava bastante desconfortável. Toda a minha carreira começou sendo transformada em objeto sexual e ameaçada nessas reuniões. Muitas cantoras vão ouvir isso e dizer ‘eu posso confirmar’. – declarou.
Bebida, aliás, foi um dos problemas que revelou conviver com ela. Apesar de não ser alcoólatra, Goulding afirmou que a droga foi presença constante em sua vida. À entrevista, disse que é impossível não beber enquanto se é tímida ou para compor:
– Certamente escrevi músicas enquanto estava bêbada e me relacionava com as pessoas. Provavelmente escrevi as “Your Song” e “Anything Can Happen” assim (alcoolizada). – falou ao The Guardian e prosseguiu – uma festa, jantar ou evento, acho que nunca estive em nenhum desses sem ter tomado uma bebida. – finalizou.
De acordo com a popstar, que esteve na última edição do Rock in Rio, ela foi “tola” por não se aliar ao movimento de mulheres que denunciavam homens que assediaram ou cometeram crimes. Ao vê-lo ganhar força nos últimos anos, nunca se sentiu preparada para a exposição:
– Eu estava um pouco assustada, pensei que talvez fosse julgada. – disse em entrevista ao The Guardian, assinado por Ben Beaumont-Thomas.
A cantora também falou sobre as constantes publicações que a relacionavam com o também britânico Ed Sheeran. O artista chegou a sugerir na canção “Don’t”, com versos promíscuos, seria acerca da artista. Para a popstar, isso atrapalhou sua carreira porque os jornais sempre perguntavam “quem está namorando a Ellie Goulding agora?”.
Ellie também afirmou que tantos obstáculos em sua vida a fizeram buscar apoio emocional em outras pessoas, como relacionamentos que não foram saudáveis. “Brightest Blue”, de acordo com a estrela, seria uma nova fase após turbulentos momentos. O disco tem lançamento mundial agendado para o dia 17 de julho em todas as plataformas digitais.