“Relação Explosiva” vale só pelo elenco

Dax Shepard escreve, dirige e protagoniza o longa ao lado de Kristen Bell

Sabe aquele estilo de filme nonsense, híbrido de romance, comédia e ação, a exemplo de Eu, Eu Mesmo & Irene (2000) e Plano de Fuga (2012)? É exatamente essa linha que o diretor, roteirista e protagonista Dax Shepard (Parenthood) segue em Relação Explosiva, desde outubro em algumas salas de cinema. Com um roteiro arrastado, pouco criativo e às vezes confuso, o filme se baseia quase totalmente no carisma do elenco, principalmente da bela e expressiva Kristen Bell (Veronica Mars), para lograr alguma repercussão junto ao público.

Bell interpreta Annie Bean, uma jovem inteligente e capacitada que, após anos em um emprego medíocre numa cidade pacata, recebe uma proposta irrecusável de trabalho em Los Angeles. Só há um problema: seu namorado, Charlie Bronson (Shepard), está sob proteção do programa de testemunhas e não pode voltar à Califórnia. Para poupar Annie de ter de escolher entre a vida amorosa e profissional, Charlie resolve passar por cima da determinação do FBI e acompanhá-la na empreitada.

Porém, a interferência de um ex-namorado dela, o recalcado Gil (Michael Rosenbaum), acabará fazendo com que Charlie volte a se encontrar com Alex Dmitri (Bradley Cooper), o bandido que ajudou a prender. Charlie e Annie se tornam alvos da perseguição de Alex em plena estrada, o que não apenas porá em risco a chegada da moça à Califórnia, onde o novo trabalho a espera, como traz à tona sérios segredos de Charlie que Annie desconhecia.

Além da proposta manjada, Relação Explosiva peca no desenvolvimento do roteiro. A trama é lenta, demora a se encontrar e mesmo a mostrar do que se trata. Os diálogos têm sua graça e o humor não é ruim, mas força a barra às vezes. Algumas cenas do “primeiro ato”, como o momento em que Dmitri espanca um homenzarrão que maltrata animais, são tão descartáveis como descontextualizadas. O mesmo vale para personagens como o fiscal do FBI Randy (Tom Arnold) e o policial gay Terry (Jess Rowland), que poderiam ser interessantes se não ficassem tão “perdidos” no contexto da história. Pura enrolação para disfarçar a falta de conteúdo do filme.

O enredo de Relação Explosiva só ganha corpo a partir de quando vem à tona a verdade sobre o passado de Charlie, provocando um conflito entre ele e Annie – e iniciando o que se pode chamar de o “segundo ato” do filme, bem mais feliz que o primeiro. As coisas enfim começam a correr a contento, e ainda sobra um bom pedaço de entretenimento para o público, com direito a boas sequências de ação e um desfecho digno – embora tão escrachado quanto o restante da fita.

Com tantos equívocos, os maiores atrativos do longa recaem sobre o elenco. Kristen Bell, como já foi dito, sobressai-se o tempo todo pela interpretação afinada e presença em cena. Dax Shepard está à sua altura, e pode-se dizer que trabalha bem melhor diante das câmeras do que nos bastidores. Outra que se destaca é a cômica Kristin Chenoweth, de séries como Pushing Daisies (2007-2009) e The Good Wife (2012). Sua personagem, Debbie, provoca risadas em cada uma das cenas de sua curta participação na história.

Relação Explosiva é uma tentativa infeliz de ressuscitar um gênero que já deu certo. Sem ter a mesma força de seus precursores, mal chega a cumprir com o papel de divertir a plateia. Uma opção fraca em meio a outras bem melhores do cinema atual.

 

Por Felipe Brandão.

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