Rock in Rio fica aos pés de Bruce Springsteen em sua penúltima noite

Penúltimo dia do Rock in Rio, o festival recebeu diversos estilos musicais e artistas das mais diferentes correntes, mas foi Bruce Springsteen quem deu as cartas na Cidade do Rock. Com toda sua gama de hits, carisma e uma enorme participação popular, o The Boss ditou o ritmo no Palco Mundo e uniu gerações inteiras. No Palco Sunset, o encontro de Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Roberta Sá contou com grande emoção do público e diversos sucessos.

O Palco Sunset foi agraciado com uma seleção de grandes nomes e ritmos nesse penúltimo dia de Rock in Rio. Logo no início, a Orquestra Imperial cantou diversas canções da MPB e logo esquentaram os presentes. Entre os convidados, uma lenda: Wilson das Neves. Sempre com a elegância costumeira dos sambistas da antiga, o percussionista saudou a todos:

– Ô, sorte estar no Rock in Rio e com tanta gente talentosa. Aqui e aí desse lado… – disse o sambista, que cantou “O samba é meu dom”, música dele com Paulo César Pinheiro.

Junto do italiano Jovanotti, a Orquestra misturou salsa, samba e MPB, numa sonoridade que agradou em cheio ao jovem público. Em seguida Emanuelle Araújo cantou “Brasil pandeiro”, dos Novos Baianos. Curiosamente, o show a seguir seria de um dos autores da música, Moraes Moreira. Ao final, o que todo artista gosta de ouvir: A plateia pedindo mais.

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Sacudindo o Sunset e colocando todo mundo para dançar ao som de clássicos da Música Brasileira, Moraes Moreira e Pepeu Gomes entraram em cena com toda a herança sonora dos Novos Baianos. Mas no lugar da Baby Consuelo, Robert Sá, que vestia uma camisa com a sua fotografia, em forma de homenagem. Moraes é o único artista que participou de todas as edições do Rock in Rio.

E não faltaram hits, como “Preta Pretinha”, “Eu também quero beijar”, “Um bilhete pra Didi”, “Mistério do Planeta” e “A menina dança”. Roberta não deixou por menos e também mostrou seu repertório com “Dê um rolê” e “Tinindo Trincando”. Filho do Moraes, Davi Moreira, tocou “Maracatu Atômico” em forma de solo e ganhou o público. Em um show repleto de apelos e aplausos, a cultura brasileira parece ter deixado sua marca nesse festival.

Se a mistura deu o tom do Sunset neste sábado, não poderia faltar também o mais carioca dos ritmos: Carnaval. Ivo Meirelles acompanhado da bateria da Mangueira recebeu Elba Ramalho e Fernanda Abreu, unindo várias músicas em ritmo de samba.

O show começou com o hino sendo executado em ritmo de samba-enredo, com todos os ritmistas, incluíndo Ivo, mascarados. O protesto fazia referência às manifestações recentes e a proibição do uso de máscaras nas mesmas.  Em seguida, Meirelles improvisou uma versão brasileira para “Cocaine”, do Eric Clapton.

Elba Ramalho cantou diversos sucessos seus e chamou Fernanda Abreu, que começou com “Rio 40 graus”. Em 1985, ela também esteve no Rock in Rio, à época ainda como uma das vocalistas da Blitz. A apresentação foi encerrada com Yudi no palco se juntando aos três e cantando “Vou festejar”.

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Fechando o Sunset, novamente o encontro de ritmos: O rock cigano dos Gogol Bordello com o swing do Lenine. E a parceria parece ter dado muito certo, já que o público aplaudiu e cantou o tempo todo, mesmo não conhecendo a maioria das canções do grupo.

Bastante irreverente, o grupo brincou com Lenine, dizendo que ele se chamava Vladimir Ilyich, nome original do ex-líder do Partido Comunista Soviético, Lênin. O ritmo do show foi acelerado como as guitarras do Gogol. Apesar da sonoridade própria, a participação popular se destacava.

Lenine cantou músicas do seu repertório, como “O mundo” e também  covers, como “País Tropical” e “Pagode Russo”, numa clara brincadeira com o grupo que tem sua origem no Leste Europeu.

Pop Rock novamente se destaca no Palco Mundo

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 Sempre repleto de sucessos, o Skank subiu ao Palco Mundo ao lado do rapper Emicida e já agitando os presentes. Enfileirando hit atrás de hit, Samuel Rosa mostrou toda a sua importância para o sucesso do show, conversando e inflamando os fãs.

Durante “É proibido fumar”, Samuel fez um discurso político, novamente levantado pelos músicos nacionais, a exemplo do Detonautas, Capital Inicial e Jota Quest:

– É proibido fumar maconha, mas o Mensalão de novo pode, né?! – disparou, para o delírio do público.

Incluíndo diversas canções conhecidas, como “Te ver”, “É uma partida de futebol”,  “Três lados” e até um cover de “Mas que nada”, o grupo fez uma apresentação impecável. A todo momemnto convidando a plateia a participar, Samuel convidou ao palco Nando Reis para cantarem “Resposta”. Na semana passada  foi o líder da banda que participou do show do ex-Titãs, no Palco Sunset.

Encerrando dizendo que estava emocionando e agradecendo ao público, o Skank fez, até aqui, o melhor show de um artista nacional no palco principal. Assim como em 2011, o grupo conseguiu misturar diversos estilos musicais e agradar a todos. Se a intenção era sacudir a Cidade do Rock, os mineiros conseguiram com sobras.

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Vencedor do “American Idol” e com apenas um disco gravado, o “The world from the side of the moon”, Phillip Phillips subiu ao palco sob o peso da desconfiança de quem não acompanha seu trabalho pós-reality, mas se saiu bem. Com um repertório próprio e misturando coisas que apresentou no programa, o americano conseguiu manter o público ao seu lado em algumas músicas.

Durante a primeira canção, Phillips cantou trechos de “Give it away”, dos Red Hot Chili Peppers, o que cativou os fãs. Variando entre músicas aceleradas e baladas, o cantor de 23 anos ficou o tempo todo com seu inseparável violão. Mas com poucas canções conhecidas, o show se tornou morno e apático para quem esperava as outras atrações ou não estava por dentro do trabalho do jovem.

Os aplausos foram maiores quando cantou um cover de “Thriller”, do Michael Jackson. Durante o reality, Phillips precisou cantar a mesma canção a pedido dos jurados, o que lhe valeu passagem para a etapa seguinte e, depois, vencer o programa.

Em uma das usas canções mais famosas, “Home”, o músico teve a ajuda de milhares de vozes no refrão e com todos cantando encerrou sua apresentação em apenas uma hora. Apesar de todo esforço e alguma simpatia popular, o Palco Mundo foi grande demais para o artista ainda em crescimento.

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Considerado um dos popstar do momento, tanto pelas músicas quanto pelas ex-namoradas famosas, John Mayer subiu ao palco sob gritos e choros do público feminino. Seu blues-rock inicia com “No such thing” e um coro imenso das fãs.

Vestindo uma roupa meio hippie e meio tropical, com bermuda Saruel e um enorme adereço na cabeça, o bom domínio da guitarra aliado aos seus vocais com sonoridade próprias, convenceram a Cidade do Rock e mostraram muito além da figura de “um artista cuja fama vem das namoradas”. Porém, apenas um público fiel ao cantor interagia nas canções, o que não fez cair o ânimo de todos.

John Mayer chega ao Brasil com disco fresquinho. O cantor lançou “Paradise valley” em agosto, e foi do novo trabalho que vieram “Wildfire” e “Dear Marie”. Todas cantadas a pleno pulmões por fãs que, a essa altura, já se derramavam em lágrimas.

Misturado a eles, hits como “Waiting on the world to change” e “Your body is a wonderland” faziam a apresentação do americano um tanto quanto louvável. Lembrando que é a primeira vez no país, John Mayer se desculpou com o público:

– Desculpem-me por tanto tempo longe de vocês e obrigado pela paciência. Desculpem-me mesmo… – disse o cantor, que recebeu como resposta gritos e mais gritos.

Exímio guitarrista, com trabalhos ao lado até de lendas como Eric Clapton e B.B. King, Mayer mostrou todo seu domínio sobre o instrumento em “Gravity”. Ajoelhado e colocando sua companheira elétrica ao chão, John tocou quase deitado. O público feminino entrou em transe.

Com setlist curto, mas passeando por todos os seus sucessos, o cantor encerrou sua apresentação de forma apoteótica e deixando muitos corações no Rock in Rio.

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Quase trinta anos de espera e Bruce Springsteen estava novamente no Brasil e pela primeira vez no Rio. Prometendo três horas de apresentação e 26 músicas, The Boss veio acompanhado pela E Street Band, que reuniu 17 músicos, entre eles o lendário guitarrista Steven Van Zandt. E tanto aparato não poderia render nada inferior ao grande show que todos esperaram e tiveram. Assim como no show em SP, Bruce começou cantando “Sociedade Alternativa”, do Raúl Seixas e Paulo Coelho.

A partir daí foram sequências de hits e sucesso que o público todo cantava. “Badlands” foi a primeira em inglês e com um coral de 85 mil vozes. Bastante à vontade, o cantor sentou nas caixas de som, arriscou frases em português e até correu pelo palco. Numa delas, conquistou de vez os fãs:

– Nesta noite especial nós vamos tocar pra vocês o álbum ”Born in the USA” inteiro – se referindo ao seu sétimo álbum, lançado em 1984. Ele está na lista dos 200 álbuns definitivos no “Rock and Roll Hall of Fame”.

Experiente sobre o palco e de Rock in Rio, já que participou ano passado da edição lusitana, como bom malandro carioca, Bruce foi até o público, subiu as grandes que separam os fãs e pegou até chapéu de um deles. No quesito carisma, foi o campeão deste ano. Depois de tanta agitação, “Downbound Train” acalmou os ânimos, mas nunca sem perder a presença popular, que com palmas respondeu aos gestos do The Boss.

Mas para compensar o clima mais tranquilo, outro mega hit novamente colocou o povo para dançar: “No surrender”. Acompanhado sempre por um arranjo muito preciso e forte de piano e cordas, Bruce pouco trabalho tinha. Por falar nela, E Street Band foi uma das melhores coisas que passaram pelo Rock in Rio. Afiada do início ao fim, os músicos tinham sempre tanta presença musical e de palco quanto o próprio cantor.

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Na canção onde tradicionalmente convida alguém da plateia para dançar, “Dancing in the dark”, Bruce não fugiu a regra e tirou diversas pessoas com cartazes e apelos. Cinco sortudos tiveram a oportunidade de dividir o palco com Springsteen e, uma delas, até tocou violão. Ao final, saiu carregada nos braços do cantor. Os fãs, logicamente, não perderam tempo e entoaram como se estivessem em um estádio de futebol:

– Olê. olê, olê, olê… Bruce, Bruce!

Seguindo faixa por faixa do disco original, “My hometown”, uma das baladas mais famosas da década de 80, encerrou a execução na íntegra do álbum de maior venda do músico. A partir daí foram passeios pelos sucessos da carreira. “Shackled And Drawn”, do álbum “Wrecking Ball”, de 2012, foi o primeiro. “Born to run” e “Thunder Road” completaram.

E durante “Waiting on a sunny day” o momento mais emblemático sobre o que foi Bruce Springsteen no Rock in Rio 2013: O cantor cedeu o microfone para um garoto de aproximadamente 12 anos, que continuou a canção sem parar. Era a apoteose total de um artista.

Encerrando, “Twist amd Shout” dos The Beatles fechou a coroação do cantor numa noite onde gerações inteiras puderam ver uma dos maiores nomes da música de todos os tempos.

Roberto Medina afirmara antes do festival que este seria o maior show desta edição. E ele estava certo. Sem pirotecnia, apenas com carisma e muitos hits, Bruce deixou seu recado a muitos fãs que o aguardavam há anos de que a espera valeu a pena.

Por Bruno Guedes

Fotos: Divulgação – Rock in Rio

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