Slipknot explode Rock in Rio na noite em que Mastodon quase rouba a cena
O Dia do Metal teve de tudo o que os fãs esperavam e o Slipknot encerrou em grande estilo. Usando e abusando das performáticas apresentações, o grupo americano foi a grande atração. Se apresentando pela primeira vez no Brasil, o Mastodon fez um dos melhores shows e conquistou o público. O Faith No More também distribui hits e até tensão, quando o vocalista Mike Patton pulou nos fãs e acabou caindo no fosso. De La Tierra abriu com ótima performance. No Palco Sunset, Nightwish e Steve Vai mostraram porque são tão idolatrados no Brasil.
O Palco Sunset começou de uma forma inusitada: Com um show de músicas que fizeram trilhas de filmes de terror. E deu certo. Os músicos André Moraes, André Abujamra, Constantine Maroullis e The Heavy Metal Allstars tocaram AC/DC, Black Sabatth, Ramones e até o tema de “Os Caça Fantasmas”. A banda encerrou a divertida apresentação com “Hallowed Be Thy Name” do Iron Maiden.
Em seguida vieram os lusitanos do metal gótico, como eles mesmo se proclamaram, Moonspell. O show contou com Derrick Green, vocalista do Sepultura. O grupo cantou músicas da carreira de mais 20 anos, como “Breathe (Until We Are No More)” e “Em Nome do Medo”.
Derrick puxou “Territory” e “Roots, bloody roots”, que estão entre as canções mais famosas do Sepultura, para delírio dos fãs. A apresentação foi encerrada com “Vampiria”, onde os portugueses fizeram bastante dramatização e ganharam o reconhecimento do público.
Com muita carga dramática e em um dos shows mais impressionantes desta edição, os filandeses do Nightwish foram os penúltimos do Palco. A bela cantora Floor Jansen entrou com uma bota de cano alto, salto agulha e muita voz pra soltar aos fãs, que já gritava seu nome. Misturando cânticos de soprano com guitarras no volume máximo, os músicos foram um dos mais aplaudidos do dia.
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Começaram com “Shudder Before the Beautiful”, pra depois soltarem “Yours Is An Empty Hope” e “Wishmaster”. O vocalista do Sonata Arctica, outra banda de metal finlandesa, Marko Paasikoski, foi convidado e cantou “Stargazers”. No final da apresentação, uma emocionante “Ghost Love Score” fechou um grande show no Sunset.
Um dos maiores nomes da guitarra de todos os tempos, Steve Vai foi responsável por fechar o rock n’ roll no Palco Sunset. O consagrado guitarrista tocou com a Orquestra Camarata Florianópolis. Ela foi responsável por releituras de clássicos do gênero em forma de sinfonia, como Queen e Pink Floyd.
Esbanjando o tradicional e completo domínio do instrumento, Steve parecia fazer um ensaio de luxo. E a participação da plateia surpreendeu até ao músico que saudava os fãs. Apesar de ser um show onde não há qualquer canto, o ainda lotado palco respondia de forma muito positiva a cada momento. Entre os seus hits estavam “Kill the guy with the ball”, “Lotus feet”, “Liberty” e encerrando com “For the love of God”.
O primeiro show do Palco Mundo nesta sexta foi por conta do De La Tierra, projeto latinoamericano que conta com o guitarrista brasileiro Andreas Kisser (do Sepultura), pelo baixista argentino Sr. Flavio (de Los Fabulosos Cadillacs), pelo vocalista e guitarrista argentino Andrés Gimenez (do A.N.I.M.A.L.) e pelo baterista mexicano Alex González (do Maná).
Se quando estão separados eles seguem cenas musicais diferentes, juntos são heavy metal pesado. Liderados por Gimenez e sua poderosa voz, os músicos começaram com “Somos Uno”, mostrando que o idioma espanhol ia prevalecer, assim como em “San Asesino”, “Rostros” e “Chamán de Manaus”
Mas a banda também fez um cover em português, na canção do Titãs “Polícia”, em estilo bem mais hardcore que a dos brasileiros. Sempre com a atuação segura de seus integrantes, velhos conhecidos de palcos internacionais, o grupo conseguiu animar o público.
De La Tierra encerrou sua apresentação com “Cosmonauta”, onde todos os participantes faziam pequenos solos intercalados. Ao final, foram bastante aplaudidos, e o cantor agradeceu:
– Muito obrigado, Brasil! Aqui tem gente do México, Venezuela, Colômbia, Argentina, Peru, Equador. Somos muitos os latino-americanos – finalizou.
Em seguida vieram os americanos do Mastodon, considerados uma das melhores bandas do festival. E eles mostraram o porquê de tanto prestígio: Com uma técnica impecável e músicas que variavam bastante o estilo, os músicos conseguiram agradar gregos e troianos.
Diferente de outros, o grupo revezava de vocalistas. Eles abriram com “Tread lightly” cantada pelo baixista Troy Sanders. Depois foi a vez do guitarrista Brent Hinds que cantou “Once More ‘Round The Sun” e o baterista Brann Dailor com “The Motherload”, que levantou a plateia.
A comunicação com os fãs também foi um dos trunfos. Com o estilo meio psicodélico e meio anos 70, de onde vem a inspiração musical. Foram certamente um dos mais aplaudidos deste dia. No final teve “Aqua Dementia”, “Halloween”; “Bladecatcher”, “Black Tongue” e “Ember City”.
Por fim, Dailor deixou o recado para uma volta futura:
– Devemos voltar? Não acabamos, estamos apenas começando – encerrou o baterista.
Consagrada no cenário musical, os californianos do Faith No More entraram disparando hits. Começaram com “Motherfuck” e em seguida “From out nowhere”. A banda repetiu a ornamentação do palco no mesmo estilo de 2011, quando estiveram no SWU, em São Paulo, num show carregado de críticas divididas. Eram flores e e várias plantas.
“Caffeine” embalou uma cena curiosa: Ao final da canção, Mike Patton, polêmico vocalista do grupo, se jogou no meio do público que não esperava. O cantor acabou caindo no fosso, próximo aos fotógrafos e a grade. Sem causar danos, mas dando muito trabalho para os seguranças, ele voltou para cantar um dos grandes sucesso da banda, “Epic”. “Black Friday” foi a seguinte.
Na hora de cantar o maior hit da banda, “Easy”, um coral de dezenas de milhares de vozes metaleiras foram base para uma das canções que mais foram tocadas nos anos 90. Arriscando palavras em português, Mike a todo momento falava “Cariocas”, “Tudo bom?”. Mas apesar de toda interação, a animação dos presentes foi caindo conforme ia chegando ao fim. Muito em razão de a esmagadora maioria estar a espera do Slipknot.
Encerrando a apresentação, o Faith cantou “We care a lot”, “I Started A Joke” dos Bee Gees e “Just a man”. Apesar de um bom show, parece que o festival errou em escalar o quinteto num dia de metal pesado e diferente da eclético e diversificado repertório dos americanos.
E o Slipknot entrou com o pé na porta, como se diz na gíria musical. Com uma nova formação, após saída do baterista Joey Jordison e a morte do baixista Paul Gray, Jay Weinberg e Alessandro Venturella são os substitutos da vez, respectivamente. Abrindo com a incidental “XIX”, o grupo literalmente tirou todos do lugar com “Sarcastrophe” e “Psychosocial”. Ainda no começo o vocalista, Corey Taylor, retirou a parte superior de uma das duas máscaras que usava. Nessa mesma hora começou também a chover fraco na Cidade do Rock.
No palco sobrou fogo e um enorme cabeça demoníaca ao fundo. A apresentação seguiu com “Aov” e “Vermilion”, causando enorme alvoroço entre os fãs, que não paravam de “bater cabeça” em enormes rodas punk. Corey falou então com os presentes:
– É um prazer retornar aqui para revê-los! Estão se divertindo? Quero que façam barulho pro Faith No More, sem eles nós não estaríamos aqui – revelou o cantor, que também é o frontman de outra banda, a Stone Sour, que se apresentou em 2011.
O show seguiu com “Killpop” e as clássicas “Before I Forget” e “Duality”, que antes desta última teve um enorme “Parabéns pra você” em inglês ao “Palhaço”, cujo nome real é Shawn Crahan. Num enorme mar de mãos e vozes, teve espaço ainda para “Spit It Out”, “Custer” e “(Sic)”, já na volta para o bis. O grupo encerrou com “Fuck it all”, dando fim a ansiedade de milhares de pessoas que há quatro anos esperava os americanos. Os cumprimentos finais entre os músicos mostravam a satisfação em repetir outro grande espetáculo no Rock in Rio.
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