“Solo”, vencedor do Seleção Brasil em Cena, estreia no CCBB-Rio

Um homem solitário, criado entre lápides de um cemitério, tem uma profunda devoção pela terra. É nela que ele encontra aceitação e afeto e é por ela que ele se transforma. Solo, texto vencedor da 8ª edição do concurso de dramaturgia Seleção Brasil em Cena, é de autoria do dramaturgo Fabrício Branco e tem direção de Viniciús Arneiro. A temporada estreia no CCBB-Rio no dia 9 de janeiro de 2019 e seguirá de quarta a domingo, no Teatro III, às 19h30.

No cemitério onde trabalha como coveiro, o homem (Kadu Garcia) percebe que os sepultamentos diminuíram, enquanto o número de cremações aumentou. Ele resolve então despir-se de suas máscaras sociais e passa a ouvir seu instinto primitivo: começa a alimentar a terra que o acolheu até ali. “As relações da solidão e do homem com a terra se misturam através da apresentação de diferentes personagens, que contam a história de vida de um homem moldado pela morte”, explica Fabrício. “Em suas mãos, a valorização do único afeto que recebeu em vida: o amor pela terra”.

“Solo” foi inicialmente escrito como um monólogo, onde um ator contava a história do coveiro e dos demais personagens. Durante os ensaios para o ciclo de leituras dramatizadas, o diretor Viniciús Arneiro sugeriu dar voz aos demais personagens, trazendo assim a individualidade a cada um. “O texto do Fabrício levanta uma poeira que a gente tenta baixar. Ele retrata arquétipos sob o olhar do senso comum ”, diz o diretor.

No elenco, ao lado de Kadu Garcia (coveiro), estão Aliny Ulbricht (gorda), Bárbara Abi-Rihan (mendigo) e Jansen Castellar (pastor). Cada personagem fala sobre suas mazelas, sem máscaras. Em comum, eles têm o mesmo sentimento: o de “não pertencimento”.

A peça apresenta uma narrativa de terror psicológico, tendo como referência inicial o monólogo “Cine Monstro”, do premiado autor canadense Daniel MacIvor. “Os livros ‘Intermitências da Morte’, de José Saramago e ‘Teoria Geral do Esquecimento’, do angolano José Eduardo Agualusa, também serviram como inspiração para o texto”, lembra o Fabrício. “Solo” traz uma reflexão sobre questões contemporâneas e apresenta diversas referências atuais. “Considero o teatro um local de denúncia e esta peça levanta questões ligadas às minorias, aos excluídos”.

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