Taylor Swift assume de vez o seu lado Pop em novo álbum

“Red”, o novo CD da musa teen do momento, Taylor Swift, chegou ao mercado na última semana cercado de expectativa e com uma forte campanha promocional que envolveou até uma mini turnê mundial. Depois de bater recorde de vendas nos EUA e atingir Disco de Ouro no Brasil, o “Cult Magazine” resolveu escutá-lo e opinar sobre o tão aguardando trabalho da loirinha.

Impulsionado pelo single “We Are Never Ever Getting Back Together”, que atualmente ocupa a quarta posição na Bilboard 200, Taylor Swift deixa claro em seu novo álbum que cada vez mais está se aproximando do pop e deixando o estilo country romântico de lado. Parece que é uma Taylor country fazendo uma “experiência” no Pop e vendo como se sai. Muito bem, diga-se de passagem.

Com produção impecável, arranjos joviais e batidas eletrônicas em praticamente todas as faixas, “Red” mostra uma cantora mais segura de seu talento, mas também um contraste entre o original e o que busca o mercado fonográfico atual. E consegue, mesmo assim, agradar Gregos e Troianos. Todavia, o novo trabalho da jovem de 22 anos deixa a sensação geral de que já ouvimos algumas faixas em outros trabalhos do gênero durante os últimos anos. A própria música de trabalho lembra, melodicamente, a “Price”, de Jessie J, em seu refrão. Só que com uma mistura incomum com o country americano ao seu estilo, a coisa flui muito bem.

Com 16 faixas ao todo, algo incomum para um trabalho de estúdio, ele mostra que a cantora busca montar um repertório cada vez mais próprio e variado. Mas o traço forte do disco em vários momentos é a influência de cantoras pop de sucesso como Katy Perry e Rihanna. Isso fica explícito logo na abertura do álbum, na faixa “State of de Grace”, onde por vezes podemos notar o estilo Katy de cantar e a marca Rihanna de marcar cada verso com equalizações no final. A dançante “I Knew You Were Trouble” é praticamente um estilo cover da cantora caribenha, mais ainda pelas pausas musicais nos finais de cada estrofe preparando entrada no refrão e fortes agudos. É uma Taylor diferente, mas que se sai muito bem quando exigida e inevitavelmente comparada.

Porém, mesmo com todos esses caminhos do pop, Swift consegue trazer a sua originalidade que oxigenou o mercado country americano nas letras características e boas melodias. Novamente recorrendo às desilusões amorosas para os temas das canções, como na citada acima, dessa vez há mensagens positivas e uma ponta de alto astral, como pede o novo estilo. Os seus ex-namorados aprontam bastante com a bela, mas rendem boas rimas. A melodia talvez seja o destaque como um todo do álbum, flertando com um new country em alguns momentos e um pop mais clássico em outros, tornando o CD agradável o suficiente para que não pulemos as faixas. O lado negativo fica na insistência de repetir fórmulas que ouvimos a todo momento, como em “22”, que soa como mais um deja vù do pop atual.

Na canção que dá título ao disco, Taylor tenta mostrar que não esqueceu sua raiz por completo, onde um sonoro banjo é dedilhado e faz lembrar que, mesmo com os dois pés no pop, ainda há um pouco daquela “velha” Swift. Mas pára por aí, a canção segue com bastante base rítmica e de novo vocalizações “à lá Katy Perry”. Ela se repete em “Stay Stay Stay”, que de novo começa com o instrumento às alturas durante o arranjo.

Mas o destaque do álbum fica mesmo para “We Are Never Ever Getting Back Together”, single lançado bem antes do disco e que logo estorou, principalmente após a forte execução nas rádios e apresentação no Prêmio VMA, da MTV americana. E ela tem a fórmula nada secreta do sucesso de vendas do pop atual: Letra simples de temática adolescente e com um refrão “chiclete”, junto de uma melodia que, mesmo sendo genérica, agrada mais que do que nos faz torcer o nariz. A doce voz constrasta com a força das batidas e pede muitos “repeats”. Se não é nenhum clássico, é garantia de sucesso. Aliás, já é. A canção figura há quase um mês entre as 10 primeiras da conceituada e influente lista da Bilboard.

Só que não é um CD de pop. As costumeiras baladas também estão lá, mais precisamente em “Treacherous” e “I Almost Do”, canções que poderiam até ser incluídas em discos anteriores da artista. Fazendo se valer do seu jovem espírito (e até controverso para o momento atual da carreira), “Sad Beautiful Tragic” é como sua indentidade, principalmente na letra que, novamente, mexe numa dor amorosa do passado. Mas das faixas “tradicionais” ao seu estilo, “The Lucky One” se torna a segunda melhor depois do single. De arranjo simples, com violão, bateria sem grandes variações e um piano pontilhando a melodia, a voz da cantora ganha força e se destaca como sempre foi.

Não bastasse a confusão rítmica, no bom sentido, o álbum ainda traz um bom dueto de Taylor Swift com Gary Lightbody, vocalista do Snow Patrol. A faixa “The Last Time” brinca com arranjos suaves de sintetizadores e segue a linha do grupo de pop/rock. Também um dos bons momentos do CD. Outro dueto é “Everything Has Changed” com o britânico Ed Sheeran, novamente jogando no “campo do adversário” e não abusando das batidas eletrônicas.

O álbum é encerrado com uma sequência “padrão Taylor Swift”, onde as letras românticas e o estilo balada de “Starlight” e “Begin Again” deixam um aviso: “Estou cantando pop, mas ainda sou aquela velha Taylor que todos conheceram há algum tempo e sei fazê-la ficar viva”

Classificação: Bom

Ouça o single “We Are Never Ever Getting Back Together”

Por Bruno Guedes

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