Um Hamlet do nosso tempo cheio de som e de fúria chega hoje ao Centro Cultural João Nogueira, no Méier

O Centro Cultural João Nogueira – Imperator recebe de hoje a 16 de junho de 2018, sextas e sábados às 19:30h e domingos às 19h, o espetáculo “HAMLET”. Acostumada a processos que resultam na criação de uma dramaturgia própria, a Armazém Companhia de Teatro se volta agora para um outro tipo de processo, onde o que mais interessa é o seu posicionamento sobre a narrativa. Partindo da obra fundamental de Shakespeare, a ideia geral da companhia é encontrar um Hamlet do nosso tempo. Um Hamlet cheio de som e fúria. Não numa atualidade forçada, mas ressaltando aspectos da obra que dialogam com esse coquetel de conflitos contemporâneos que vemos todos os dias jorrando nas grandes cidades do mundo. Patrocinada pela Petrobras desde 2000, a companhia completou 30 anos de existência no final de 2017, travando um complexo diálogo criativo com um dos melhores materiais dramatúrgicos da história.

Hamlet é o príncipe da Dinamarca. Apenas um mês separa a morte repentina e inexplicável de seu pai e o novo casamento de sua mãe. O príncipe tem visões de seu pai, que afirma que foi envenenado pelo irmão, e exige que Hamlet se vingue e mate o novo Rei (seu tio e padrasto). Hamlet se finge de louco para esconder seus planos, e vai perdendo o controle sobre sua própria realidade no meio deste processo. Ou seja, a invenção teatral do século XVI de um príncipe que fingia loucura e o espírito inflamado do nosso século entraram inevitavelmente em colisão. Já não há mais fingimento. A loucura de Hamlet tornou-se a loucura do mundo.

A história de Hamlet é a história da destruição de uma ordem estabelecida. Shakespeare representa a corte real dinamarquesa mergulhada em corrupção. Assassinato, traição, manipulação e sexualidade são as armas usadas na guerra para preservar o poder. No centro dessa história está Hamlet, um homem desesperadamente preocupado com a natureza da verdade, um homem notável que quer ser mais verdadeiro do que, provavelmente, é possível ser. E que exige do resto do mundo que sejam todos verdadeiros com ele. Mas é possível conhecer a si mesmo integralmente? É possível conhecer integralmente as pessoas a seu redor? Hamlet se fragmenta, nossa época o faz assim, um sujeito destrutivo, atormentado e letal.

O diretor Paulo de Moraes acredita que “é importante tratar Shakespeare como se ele fosse um genial dramaturgo recém-descoberto com algumas coisas urgentes a dizer sobre a guerra, sobre a loucura do mundo e sobre nossos líderes políticos modernos.” No HAMLET da Armazém Companhia de Teatro, sete atores e atrizes dão vida aos personagens de Shakespeare: Patrícia Selonk, Ricardo Martins, Marcos Martins, Lisa Eiras, Jopa Moraes, Isabel Pacheco e Luiz Felipe Leprevost. A tradução ficou a cargo de Maurício Arruda Mendonça, parceiro habitual de Moraes em muitas dramaturgias montadas pela companhia. “Maurício conseguiu uma poesia sem pompa, que comunica sem perder a beleza. E é grande mérito dos atores que essa poesia chegue rasgando, ela é língua, ela é corpo, ela é carne”, comenta Paulo de Moraes.

O espetáculo foi vencedor do Prêmio APTR de Teatro nas categorias Melhor Atriz em Papel Coadjuvante (Lisa Eiras) e Melhor Cenário, além de ter sido indicado nas categorias Melhor Espetáculo, Direção, Atriz em Papel Protagonista (Patrícia Selonk), Iluminação e Figurino. Vencedor do Prêmio Cesgranrio de Teatro na categoria de Melhor Iluminação, além de ter sido indicado nas categorias de Melhor Espetáculo, Direção, Cenografia, Iluminação, Figurino e Categoria Especial (Trilha Sonora Original). Vencedor do Prêmio Shell (RJ) de Melhor Cenário, além de ter sido indicado nas categorias Melhor Direção e Iluminação. Vencedor do Prêmio Cenym de Melhor Atriz (Patrícia Selonk) e Melhor Companhia de Teatro.

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