Fergie tem problemas durante show, mas Skank, Elza Soares e Maroon 5 marcam ‘golaços’ no Rock in Rio

Dizem que quando o time é bom, as arquibancadas sempre estão lotadas para ver muitos gols. E foi assim a segunda noite do Rock in Rio. Mais uma vez com a diversidade musical que virou marca deste primeiro final de semana do festival, Maroon 5 e Skank se destacaram e “jogaram bonito” no Palco Mundo.

Os californianos golearam de novo, para alegria da “torcida”, que empurrou do início ao fim. Assim como os mineiros, que despejaram hits atrás de hits. Porém os problemas durante a apresentação da Fergie quase estragam o espetáculo. O jovem Shawn Mendes arrancou gritos histéricos, mas fez show apenas morno. No Sunset, a Blitz incendiou o público com sucessos que atravessam gerações e Elza Soares foi ovacionada por todas elas.

COMO FORAM OS SHOWS, UM A UM (Veja após a matéria, a resenha sobre cada dia do Rock in Rio):

PALCO SUNSET

O primeiro show do dia ficou por conta da homenagem a João Donato, liderado pelo quarteto Emanuelle Araújo, Lucy Alves, Tiê e Mariana Aydar. Com músicas que permearam a carreira do compositor, as cantoras conseguiram animar o já bom público sob o sol das 15h. Num dos momentos, Mariana gritou um “Fora, Temer” e levou a plateia ao delírio.

Donato, sempre com seu inseparável teclado dando o tom, alternou momentos de risos com versos cantados com as artistas. As convidadas mostraram entrosamento e uma qualidade vocal que o anfitrião e seu vasto repertório pediam.

Logo depois vieram os roqueiros da Blitz, banda que atravessa gerações com seus sucessos intactos, com Alice Caymmi e Davi Moraes. E lá estavam eles, como “A dois passos do paraíso”, “Geme, Geme” e “Você não soube me amar”. Alice, ao entrar, vestia uma camisa com o rosto da Elke Maravilha, falecida no ano passado. Evandro Mesquita, líder da banda, fez um protesto contra a exploração da Amazônia e, novamente, gritos de “Fora, Temer” ganharam a Cidade do Rock. Em seguida cantou “Aluga-se”, do Raúl Seixas. Mais um grande show desta edição.

Rael e Elza Soares assumiram o Sunset quando a noite tomava conta do festival. Com muita atitude, algo que está em extinção na música brasileira, fizeram um dos shows mais vibrantes e emocionantes desta edição, incendiando os presentes. O rapper, talentoso e expoente dessa ótima geração, se comunicou com o público do início ao fim em músicas do estilo “Do jeito” e “Hip Hop é foda”, conseguindo passar sua mensagem. Quando chamou Elza Soares, a louvação foi maior.

A cantora, sentada sobre uma cadeira devido aos seu problemas para permanecer em pé durante longo tempo, começou com “A Carne”, música que faz alusão ao racismo. Seus bailarinos, em volta, faziam o punho cerrado, símbolo da luta dos Panteras Negras, nos EUA, no combate a desigualdade racial. Sob gritos de “Elza! Elza! Elza”, o encerramento foi com “Mulher do fim do mundo”, sua música nova de trabalho e que foi aclamada pela imprensa especializada. Como um craque ovacionado por sua torcida, a ex-intérprete da Mocidade Independente de Padre Miguel foi o grande camisa 10 desta noite.

O americano Miguel e o brasileiro Emicida finalizaram os trabalhos neste palco. Bastante entrosados e com muita participação popular, os dois rappers conseguiram manter acessa a pluralidade que toma conta do Sunset, marca do seu sucesso durante a nova fase do Rock in Rio.  Em canções como “Simple Things”, “Gravaty” e “Oasis”, o californiano agradou o lotado Parque Olímpico. Emicida fez rimas improvisadas e ambos encerraram com “Adorn”.

PALCO MUNDO

Veteranos de Palco Mundo, já que esteve em 2013, o Skank mais uma vez provou o porquê de estar nas prateleiras mais altas quando se trata de música brasileira. Como diz em “É uma partida de futebol”, cantada a plenos pulmões por 100 mil pessoas, “o centroavante, o mais importante” fez gols atrás de gols. No caso, hits atrás de hits: “É proibido fumar”, “Saideira”, “Jack Tequila” e “Garota Nacional”. Os mineiros sacudiram como poucos o ótimo público. Antes de cantar “Indignação”, música do seu primeiro álbum, Samuel Rosa protestou contra os políticos e foi além:

– Vocês são piores que ladrão, vocês matam gente, isso que é a verdade. – disse o vocalista, com a Cidade do Rock em êxtase e gritando palavras de ordem contra o presidente Temer. Foi um espetáculo do nível que fizeram há quatro anos.

Espalhando clima de romance no ar, o canadense sensação da internet, Shawn Mendes, subiu ao palco sobre gritos histéricos das fãs. Mesmo com um show morno, o astro teen não enganou os que assistiram e, com seu fiel escudeiro, o violão, comandou com força o seu grupo de apaixonadas. Apesar de oscilar diversos momentos, o jovem parece ter um grande caminho pela frente e suplantar a alcunha de “novo Justin Bieber”.

Em hits do tipo “Stiches”, “Mercy”, “Treat You Better” e até em cover do Ed Sheeran, “Castle on the Hill”, Shawn entregou o que dias de espera aguardavam. Quase no fim, um festival de luzes de celulares embalando os acordes metálicos que fecharam a apresentação.

Em clima de sensualidade, Fergie iniciou seu show com o maior setlist até agora no Rock in Rio: 27 músicas. Começando sem empolgar tanto, mesmo com seu sucesso “Fergalicious” no começo da apresentação, a explosão só veio quando Pablo Vittar, fenômeno atual das redes sociais, subiu ao palco. Cantando “Sua Cara”, single que faz sucesso no país com Anitta, a Drag Queen foi aplaudida pela popstar. Em “Mais que nada”, Sérgio Mendes, grande nome do Brasil no exterior, apareceu.

A partir daí foi uma sucessão de problemas. O primeiro veio com falhas no som antes de “My Hump”, clássico do Black Eyed Peas, banda que a californiana fez parte durante quase duas décadas. Depois, seu microfone não parou mais de falhar e “dar microfonia” até o fim, irritando banda, cantora e até mesmo a produção do Rock in Rio. Com o famoso playback ajudando a salvar o show, as músicas começaram a cair de animação e a plateia a tentar interagir.

Sem muito mais o que fazer, Fergie se entregou como pode mas o estrago já era grande. DJs e dançarinos tentavam atrair as atenções para que os problemas fossem resolvidos. Mas não deu certo. Foi o pior show desta edição até agora.

Para superar outro problema inesperado, novamente eles: Maroon 5. Era hora do time grande entrar em campo. Com repertório parecido com o que foi apresentado na noite anterior, Adam Levine e sua turma trataram logo de “abrir o placar” e alimentar de hits a faminta Cidade do Rock. Começando com a sequência de “Moves Like Jagger”, “This Love”, “Harder To Breathe”, “One More Night” e “Misery”, os americanos apagaram rapidamente a má impressão deixada pela companheira californiana.

Com os fãs em suas mãos, o Maroon 5 foi até o fim o que vimos sempre. Ou seja, um festival de sucessos mundiais e a plateia cantando cada uma das canções como se o coral fizesse parte do show. E fazia. Mesmo sem saber falar uma palavra em português, a comunicação entre fãs e banda é algo que somente os grandes artistas conseguem. É o Tik-taka musical.

Na hora de apresentar os integrantes, “Let’s Dance”, do David Bowie, mais uma vez é o tema. A partir de então, até o fim, os popstars vão jogando as suas músicas de discos mais recentes, como “What Lovers Do”, lançada há 15 dias, e “Lost Stars”, parte do filme “Mesmo se nada der certo”. Ainda sobrou tempo para uma declaração:

– De todos os lugares no mundo, esse é o nosso favorito. – disse Levine, para um sonoro grito de todos. E seu público, fiel, continuou segurando a onda no gogó até encerrar com “She Will Be Loved” e “Sugar”.

Maroon 5 jogou em casa, goleou e fez as arquibancadas felizes. Adam Levine e seu time sempre jogam bem. E este ano teve jogo de ida e volta.

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Fotos: Rock in Rio

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