Com um dançante Justin Timberlake, Nile Rodgers e Alicia Keys fazem shows antológicos no Rock in Rio

Durante várias edições o Rock in Rio teve como marca artistas consagrados fazendo shows históricos. Na terceira noite do festival eles reapareceram com Nile Rodgers e Alicia Keys. Os dois americanos, representantes emblemáticos da riquíssima música negra da terra do Tio Sam e oriundos de Nova Iorque, brindaram os presentes na Cidade do Rock com apresentações antológicas.

O primeiro fez variadas gerações passearem por diferentes épocas. Já Alicia, ao contrário de 2013, mostrou o porquê de ser uma das mais talentosas cantoras da sua época só com voz e piano. O dia ainda teve Frejat com bateria de hits e Justin Timberlake, repetindo o bom show de quatro anos atrás, mas quase suplantado pela sua extraordinária banda.

COMO FORAM OS SHOWS, UM A UM (Veja após a matéria, a resenha sobre cada dia do Rock in Rio)::

PALCO SUNSET

Os portugueses do HMB & Virgul & Carlão abriram os trabalhos no palco que é símbolo da diversidade musical. Com muito swing e carisma, os lusitanos conseguiram conquistar o público que chegava ao Parque Olímpico. Criando estilo “baile”, as músicas foram fluindo e animando bastante até quem não conhecia os artistas.

Por falar em diferenças, Johnny Hooker convidou Liniker e Almério e fez um show que se tornou bandeira de protesto contra a homofobia. O pernambucano começou com “Touro”, “Corpo Fechado” e “Alma Sebosa”, para depois convidar os demais cantores. Num dos grandes momentos, Almério interpretou “Respeita Januário”, composição do Luiz Gonzaga. Bastante aplaudidos, o trio ainda cantou “Flutua”, “Volta” e outras.

Logo depois, já com o sol se pondo e fazendo jus ao nome do palco, foi a vez da Maria Rita. Interpretando Ella Fitzgerald, como uma verdadeira diva do Jazz, não poupou na voz. Trabalhada num azul metálico, o clima se tornou totalmente de uma casa de shows ao melhor estilo New Orleans. Abrindo com “Let’s do it”, Maria logo se comunicou com o público.

Após cantar “Encantada” e “Over the rainbow”, clássica música do “O Mágico de Oz”, foi a vez da americana Melody Gardot subir. Cantando em português e inglês, Gardot, que é fã de música brasileira, assumiu sozinha para cantar “Baby, I’m a fool”. Foi então que a brasileira voltou e, após mais quatro músicas, encerrou com as duas cantando “Águas de Março”, de Tom Jobim.

Mas era hora da História ser escrita no Rock in Rio. Nile Rodgers, uma lenda da música mundial, parceiro de Diana Ross, David Bowie, Madonna, Lady Gaga e tantas outras figuras mundialmente consagradas, assumiu o palco com o Chic e fizeram o melhor show do Sunset até o momento. E certamente um dos melhores de todo o festival, desde 1985. Em seu repertório as canções passeavam por todos os seus pupilos, que tiveram discos produzidos ou com participação do mesmo.

Não faltaram clássicos: “Dance, Dance, Dance”, “We Are Family”, “Like a Virgin” (Madonna), “Let’s Dance” (David Bowie) e “Le Freak”. O público dançava e interagia como ainda não tinha acontecido no Sunset nesta edição. Antes de cantar “Get Lucky”, parceria sua com Daft Punk e Pharrell Williams, Nile falou sobre sua luta contra o câncer e pediu orações à amiga Lady Gaga, que apareceu em uma foto no telão:

– Há alguns anos os médicos disseram que eu tinha um câncer. (…) Eu me sinto o cara mais sortudo do mundo nesta noite porque eu estou aqui com a minha banda Chic no Rock in Rio e eu estou livre do câncer. Obrigada Deus por fazer os médicos mais inteligentes que nós. E estou orando para que Lady Gaga se recupere logo. – disse, emocionado, para o delírio da multidão em frente ao palco.

O antológico show acabou com todos os participantes deste final de semana, apenas do Sunset, subindo e dançando com Rodgers. E nada mais apropriado que “Good Times” para finalizar uma apresentação que será lembrada por muito tempo.

PALCO MUNDO

Agora definitivamente fora do Barão Vermelho, Frejar subiu ao Mundo para iniciar os trabalhos neste palco. E como se tornou costume, não faltaram hits. Começou com “Puro Êxtase”, “Pense e Dance” e, pela primeira vez na carreira, cantou “Ideologia”, música do seu maior parceiro, Cazuza. Logo depois homenageou outro amigo, Luiz Melodia, falecido no mês passado, ao cantar “Negro Gato”.

Recém lançado no último dia 15, “Tudo se transforma” estreou ao vivo. Seguindo com sucessos como “Por você” e “Segredos”. Na hora de “Malandragem”, um momento emocionante no Rock in Rio. Lan Lan, histórica percussionista da Cássia Eller, tocou a canção com Frejat visivelmente emocionada. Daí pro fim foram mais hits, como “Bete Balanço”, “Exagerado”, “Por que a gente é assim?” e finalizando com “Pro Dia Nascer Feliz”, música que também encerrou a apresentação do Barão Vermelho em 1985.

Logo depois foi a vez do Walk the Moon. Com um público majoritariamente fã da Alicia Keys e Justin Timberlake, os americanos se esforçaram para que o público ficasse atento. Mesmo com show morno, os músicos cantaram diversos das suas músicas de trabalho, como “Next in line”, “Lisa Baby” e seu grande hit, a “Shut up and dance”.

Um dos poucos momentos de muita interação com a plateia foi quando o vocalista Nicholas Petricca pulou em meio a plateia e precisou que os seguranças o ajudasse a sair dos braços dos fãs. Sem camisa, o cantor voltou a palco aos risos e continuou a apresentação. Mesmo sem desapontar ou algum erro, o Palco Mundo pareceu grande demais para o Walk.

Se alguém ainda tinha dúvidas sobre o talento de Alicia Keys, um dos maiores nomes da História da música negra americana, não tem mais. A nova iorquina apostou e acertou em cheio ao fazer um show quase totalmente cru, despojado de batidas eletrônicas e banda, só voz, piano e improvisações. Era o talento em seu estado bruto. Ao contrário de quatro anos atrás, onde fez uma apresentação apenas correta, desta vez foi antológico.

Não tirando o sorriso do rosto em momento algum, Keys abriu o show com “28 Thousand Days”, “You Don’t Know My Name” e “Try Sleeping With A Broken Heart”. Teve até cover do Prince, uma das suas influências direta. A canção “How come you don’t call me” foi autorizada pelo próprio para ela e somente ela.

Após, em “Kill your mama”, música lançada ano passado e com forte crítica ao ataque ecológico, subiram ao palco Pretinho da Serrinha com alguns percussionistas, além da Sonia Guajajara, ativista pelos direitos indígenas. Com arranjo de samba, a letra foi cantada e, ao fim, Sonia fez um discurso sobre a 342 Amazônia, que visa demarcação de terra para os índios.

Ovacionada, a canção teve sequência com “If I ain’t got you” e “Fallin”. Uma ode à boa música. Logo em seguida foi a vez do Dream Team do Passinho subir e dançar com Alicia em “In Common”. Jorrando talento pelo microfone, sem nenhum tipo de intervenção eletrônica como auxílio, os grandes hits da cantora apareceram e selaram o seu grande show: “Girl On Fire”, “No One” e “Empire States of Mind”. Ao fim, 100 mil luzes de celulares foram pano de fundo para o fim de uma das maiores apresentações desta edição.

Aguardado por fãs histéricas, foi a vez de Justin Timberlake levar seu balanço e swing ao Palco Mundo. Abrindo com um forte jogo de luz, começou com “Only when I walk away” e “Suit and tie”. Abusando do gingado para conquistar o público, era acompanhado com uma banda talentosíssima, principalmente pelo seu excelente grupo de metais. Durante “Summer Love”, Justin desceu e foi autografar a bandeira do Brasil de uma menina na boca do fosso. Ali mesmo, tirou selfie com um outro rapaz.

Ritmado e muito animado, Timberlake seguiu dançando e fazendo a festa de todos com “Señorita” e “Let the Groove”. Então pegou o violão e partiu para o concerto com as milhares de vozes cantando “Love Stoned”. E mais uma vez o grupo de músicos que o acompanhavam quase rouba a cena com diversas improvisações e instrumentos “conversando” entre si. Uma aula de música que a banda do americano fazia. “Until the end of time”, “Holy grail” e “Cry me a river” surgiram para embalar a multidão.

Mesmo fazendo um show com produção impecável e participação forte dos presentes, por vezes a banda do cantor parece ser mais relevante que o próprio. Finalizando, Justin soltou o seu grande sucesso “Mirrors” junto de “Reprise”. Uma apresentação boa, mas cujos músicos quase suplantaram a estrela maior.

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Fotos: Rock in Rio

 

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