Fernando Moura e Ary Dias lançam o CD ‘Cosme Damião’

O show de lançamento da dupla acontece no dia 25 de setembro, no Studio RJ, Ipanema.

Carregando em sua bagagem décadas de trabalho, os dois é claro, já sabiam o que fazer. O resultado: nasceram as treze faixas do CD Cosme Damião, cheias de suingue, improviso e divisões um tanto que arriscadas, daquelas que deleitam quem toca e também quem ouve, pelo que têm de simples, saborosas e inovadoras.

Moura é carioca, instrumentista de formação erudita, e foi seduzido pela música popular. Já acompanhou inúmeros colegas ilustres, de Moraes Moreira a Marisa Monte, passando por lendas do porte do guitarrista americano Chuck “o pai do rock” Berry e do produtor inglês George “o quinto beatle”, ambos em históricas apresentações no Brasil. No estúdio, é um requisitado criador de temas, vinhetas e trilhas para TV e cinema. Ary é baiano e tornou-se mais conhecido como o responsável pela percussão risonha e franca do grupo “A Cor do Som”, estouro do pop nacional entre os anos 70 e 80. Também emprestou seu virtuosismo a bandas alheias, como as de Gilberto Gil, Jorge Ben Jor e Rita Lee.

De tempos em tempos, Fernando Moura troca a rotina profissional pela produção de discos autorais, movido por aquela satisfação que acabou o unindo a Ary. Ao ouvir Tudo Piano (2010), o mais recente CD solo daquele cara com quem já tinha trabalhado junto até em trio elétrico, o músico baiano descobriu que já estava na hora deles tocarem juntos, mas juntos mesmo. Empolgado, construiu uma caixa, que chamou de “caixambor”: a estrutura de madeira abriga dois tambores, o africano djembê e o turco derbak, é parte do criativo arsenal com que ele acompanha o piano de graves fortes do canhoto Fernando Moura.

O som de Moura e Dias passeia entre o jazz e a MPB. Dois estilos de música muito amplos para serem trabalhados. Mas o forte toque afero da percussão de Ary consegue dialogar facilmente com o refinado piano de Fernando formando um álbum de canções pertinentes, fortes. Os dois músicos se completam e o entrosamento deles resulta em um disco vigoroso onde a experiência e o talento se encontram.

Em “CosmeDamião”, temas de “Tudo Piano”, o álbum anterior de Moura que encantou Ary, entraram naturalmente. Amizade, Sumatra e Pedra do Leme nasceram originalmente das teclas brancas e pretas e dos recursos de computador. Agora, o mundo digital dá espaço ao calor dos instrumentos: cajón, calimba, cuíca, tamborim, triângulo e prato, além do “caixambor”, usados com muita personalidade por Ary Dias. O pianista Antonio Adolfo, ouviu o trabalho e decretou: “um estilo se funde com o outro, tem um pouco de baião, um pouco de samba. Mas, quando você tenta definir, se estrepa ao ouvir o triângulo, muito usado na música nordestina, tocando samba”. A mistura se prolonga entre os clássicos do jazz (Armando’s Rhumba, de Chick Corea) e da música brasileira (Água de Beber, de Tom Jobim), antes de atingir as composições próprias. Estão lá também a primeira parceria da dupla, a faixa-título CosmeDamião, e 44 do Segundo, fruto da empolgação de Moura surgida nos últimos momentos de gravação. Dias comparece com a singela Atenção e, em momento único do CD, solta uma voz arrepiante Afro Bebê, inspirada em ponto de candomblé que ouvia na infância. A canção retorna no final do disco em versão bônus, com arranjo de cordas.

Serviço

Fernando Moura e Ary Dias – lançamento do CD CosmeDamião
Data: 25 de setembro (terça-feira), 21h30
Noite Jazzmania – Studio RJ
Av. Vieira Souto, 110 – Arpoador
informações: (21) 2523-1204

 

 

Por Juliana L. Farias

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