No último dia dois de novembro, às 21h40, as portas do Coliseu do Porto Ageas se abriram amplamente para a emocionante visita de Gilberto Gil e sua talentosa família. No palco, desdobrava-se um espetáculo extraordinário, com Gil acompanhado por seus filhos e netos.
Os filhos, Bem e José, e os netos, João, Bento e Flor, revelaram-se excelentes músicos, dominando uma variedade de instrumentos, desde a bateria até as guitarras, o violão e as vozes. O talento estava em evidência em cada canto do palco.
A plateia era uma mescla de idades, com uma notável presença de brasileiros que aproveitaram a oportunidade para matar a saudade de sua pátria, o Brasil, graças à presença de Gilberto Gil, já com 81 anos. Essa conexão com a língua portuguesa é compreensível, pois muitos portugueses emigrados, por exemplo, na França, lotam locais como o Olympia, em Paris, para ouvir artistas como Tony Carreira e Pedro Abrunhosa, em busca de um pedaço de “casa” e do conforto da língua compartilhada. Neste caso, a língua é a mesma, mas o português brasileiro traz consigo o samba, a alegria e o cheiro do Brasil. É importante destacar que o público português também estava presente em grande número no Coliseu, desde os avós até os netos, formando famílias inteiras.
No que diz respeito ao espetáculo, o Coliseu estava repleto de espectadores, e ao longo da apresentação, Gilberto Gil compartilhou histórias que serviram de inspiração para suas canções. A plateia reconheceu todas as músicas e as entoou com uma alegria contagiante e entusiasmo fervoroso. O início do concerto com a canção “EXPRESSO 2222” foi recebido com delírio, e a energia do público permaneceu alta do início ao fim do show.
É impossível não ressaltar o espetáculo em sua totalidade, desde as músicas até as vozes que penetraram profundamente na alma, e a maneira como o corpo, quase sem que percebêssemos, se entregava ao constante movimento. Não se pode deixar de mencionar os momentos verdadeiramente especiais, como a emocionante interpretação de “Garota de Ipanema” ao lado de sua neta Flor, um dos ápices da noite. Além disso, a interpretação mágica de “Moon River”, também por Flor, nascida e criada em Nova Iorque, foi absolutamente extraordinária.
A interpretação de Gilberto Gil da música de Bob Marley, “No Woman, No Cry”, rebatizada como “Não Chore Mais” com versos em inglês e português do Brasil, também se destacou como um dos momentos mais marcantes do concerto.
Em resumo, o concerto foi um verdadeiro espetáculo repleto de histórias envolventes, homenagens tocantes, como à Gal Costa, interpretações de canções atemporais e uma comemoração dos 60 anos de carreira de Gilberto Gil. Foi uma noite de pura alegria, dança e duas horas em um mundo perfeito.
Na saída do Coliseu do Porto, voltou-se à realidade, mas com as lembranças de uma noite verdadeiramente memorável.
Por: Leticia Afonso
Fotos: Lívia Bueno
