Iza rouba a cena em noite de chuva de hits do Bon Jovi no Rock in Rio

Por Bruno Guedes

Na noite em que o Bon Jovi era a atração mais esperada, a cantora Iza foi quem roubou a cena neste domingo, 29, no Rock in Rio. Com muito swing e comunicação completa entre público e show, a brasileira foi o destaque ao lado dos americanos e seus inúmeros hits no Parque Olímpico, zona oeste da cidade. Ivete Sangalo e Jessie J também entregaram tudo prometido e fizeram grandes apresentações.

Os americanos do Dave Matthews Band assombraram com músicos afiadíssimos e uma equipe de sopro que levou dezenas de artistas para a boca do palco. Ícone da MPB, Elza Soares protestou e arrebatou os fãs. A decepção ficou por conta da pouca participação popular no Goo Goo Dolls. Confira como foram os shows

PALCO SUNSET

Elza Soares mostrou porque é uma lenda da MPB

A terceira noite começou às 15h30 em ponto com o Plutão Já Foi Planeta e Mahmundi. O público ainda começava a chegar no Parque Olímpico e logo se agitou com o pop dançante dos brasileiros. Com melodias alegres e empolgantes, a banda abriu o dia em alto astral e com muitos casais se beijando.

Elza Soares, uma lenda da MPB, assumiu em seguida. Trazendo o recém-lançado álbum “Planeta Fome”, fez um show repleto de mensagens políticas em defesa do direito das mulheres, exaltando a cultura negra e criticando a violência no Rio de Janeiro. Abrindo com “Libertação” e repleta de convidados, a apresentação não fugiu um minuto do estilo. Ao lado dela estavam As Bahias e a Cozinha Mineira, Kell Smith e Jéssica Ellen, que foram entrando sem sequência a cada música.

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Após cantar “Maria da Vila Matilde”, Elza disparou: “Mulheres, os tempos são outros! Gemer agora só de prazer! Machistas não passarão! Denuncie a violência, 180”, sendo ovacionada pelo público que já lotava o local. Além desse, diversos protestos foram feitos, como contra o mau uso do voto e a morte da vereadora Marielle Franco, ainda não solucionado. No encerramento, voltou com todos e cantando “Volta por cima”, de Noite Ilustrada.

Iza e Alcione arrebataram o público

E a representação da mulher negra continuou em alta quando Iza e Alcione entraram no palco, já depois das 19h. Iza, que vem numa carreira meteórica, mostrou o porquê dessa aclamação. A mil por hora, engatou diversos hits e na terceira música já dominava completamente plateia e todo o Rock in Rio. Numa das conversas com os fãs lembrou que em 2013 estava no meio do público assistindo Sam Smith e fez promessa, pedindo a Deus para cantar no festival.

Sem parar e com muita dança, a apresentação seguiu sem cair de ritmo e cada vez mais comunicativo. Num dos momentos mais bonitos da noite, a cantora saiu do palco para trocar de roupa e chamar a Alcione, mas sua banda continou cantando “Man Down”, da Rihanna. Na volta, um “Maria, Maria”, de Milton Nascimento, com um coral negro e emocionante. Marrom então entrou cantando “Não deixe o samba morrer” e logo depois “Meu ébano”.

E conversando com os presentes, fez a torcida: “Se Deus quiser no próximo Rock In Rio quero te ver no Palco Mundo, Iza”, para delírio geral. O Palco Sunset foi pequeno demais para o talento de duas grandes artistas do Brasil.

Jessie J fez um show superior em hits ao de 2013, no Palco Mundo

Fechando o dia no ambiente alternativo, a britânica Jessie J voltou ao festival pela segunda vez – antes tinha sido no Mundo, em 2013 – para milhares de fãs ansiosos. Com a frente do palco lotada, chegou cantando “Masterpiece” com uma roupa colorida e bem tropical. Conversando bastante com seu público, seguiu com “Dude”, “Burning Up” e “Nobody’s Perfect”.

Um dos guitarristas da estrela inglesa era Mateus Asato, brasileiro que a acompanha na atual temporada. Durante as músicas mais intimistas o clima caiu, assim como a chuva, e o show ficou morno. Mas retomou a temperatura alta durante seus grandes hits “Bang, Bang”, “Domino” e “Price Tag”, este seu maior sucesso na carreira.

PALCO MUNDO

Ivete Sangalo provou mais uma vez que nunca decepciona em festivais

Ivete Sangalo subiu ao palco principal às 18h. Abriu o show em cima de uma bateria com a icônica “Eva”, que fez sucesso nos anos 80 com a Rádio Taxi e depois com a própria Ivete, na Banda Eva. Com roupa futurista à lá David Bowie e cenário também moderno, esbajou a costumeira energia e vibração de sempre. Após cantar “Sorte Grande” emendou diversos funk do Rio de Janeiro.

Com todos os seus hits no repertório, a baiana mais uma vez entregou o que sempre se espera. E encerrou com “Levada Louca”, onde bailarinos com as cores do arco-íris entraram em cena.

Fazendo sua estreia no Brasil, o Goo Goo Dolls entrou depois e como pedido do Bon Jovi, já que fazem a abertura dos shows na atual turnê. Mostrando o estilo anos 80 e 90 que tão em alta está no dia, os americanos quase não fizeram pausa entre as canções. Abriram com “Big Machine” e “Slide”. Bastante carismático, o vocalista John Rzeznik arriscou algumas palavras em português.

Grupo que mostra extraordinário domínio sobre os instrumentos e grande entrosamento, teve pouca interação com a plateia mas nem por isso fez um show abaixo do esperado. Os fãs pareciam apreciar as muitas canções no estilo pop-rock alternativo. Como “Miracle Pill”, “Come to me” e “Broadway”. O grande estouro veio no seu hit mais famoso, “Iris”, onde a Cidade do Rock fez um enorme coral.

Retornando após 18 anos, a Dave Matthews Band subiu às 22h30 para um show com bastante força musical e a base que misturava folks, rock e pegada pop. Bastante popular no Brasil, onde veio com frequência nos últimos anos, o público recebeu com entusiasmo e expectativa pelo Bon Jovi. O uso dos metais e sopro deram uma diferenciação até então não ouvida no Rock in Rio na noite. Os fãs gostaram.

Dave, vocalista e que dá nome ao grupo, mostrou toda sua potência vocal e que fez o Parque Olímpico dançar. Aliás, o estilo bem diferenciado das canções fez com que os americanos se destacassem em meio a um dia tão eclético e cheio de hits. O grande diferencial estava no conjunto. E foi assim com obras como “Don’t Drink”, que abriu, “Crash into me” e “Jimi Thing”. Quase no fim, um cover de AC/DC com Bee Gees, misturando “Back in Black” com “Stayin’ Alive”.

Bon Jovi distribuiu hits no Rock in Rio

Mas a grande atração chegou depois. Passava das 0h30 quando a voz de Jon Bon Jovi rasgou a Cidade do Rock e a explosão da galera inaugurava o mais aguardado da noite. Abrindo com “This House Is Not for Sale”, música que dá nome ao disco da turnê que já passou pelo Rock in Rio em 2017, os cabelos grisalhos mostravam os mais de 35 anos de estrada.

Em “You Give Love a Bad Name” a primeira grande explosão da plateia em um coro de 100 mil vozes. Porém, intercalando em excesso canções dos discos mais recentes, o ritmo oscilou entre grandes momentos e outros menos participativos.

Não faltaram hits, como “Have a Nice Day”, “Blood on Blood” e “Bed of Roses”. Os fãs das partes mais próximas às grades de proteção do palco cantaram todas as músicas de forma uníssona com o vocalista. A devoção ao grupo, aliás, foi marca do dia inteiro. Havia pessoas de diversos estados do Brasil e até uma caravana do Paraguai que chegou na manhã de sábado.

Em “Bed of Roses”, como de costume, Jon trouxe uma fã para dançar no palco. Uma não, duas. Porém a primeira, mais tímida, fugiu em meio à dança. Já a segunda até pentear os cabelos brancos do cantor ousou. E histeria entre as mulheres. O tradicional selinho aconteceu em meio às risadas.

Após encerrar com “Bad Medicine”, o show voltou com o bis. Fora do setlist inicial, “Always” foi cantada para delírio de todos. Assim como “Livin’ on a prayer”, mais famosa música do Bon Jovi. Uma surra de hits para fechar a noite e mais uma apresentação de gala dos veteranos de Nova Jersey.

FOTOS: ROCK IN RIO

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