Não tem rock no Rock in Rio? Foo Fighters, Whitesnake e Raimundos incendeiam a segunda noite

Por Bruno Guedes

A segunda noite do Rock in Rio no Parque Olímpico, zona oeste da cidade, contou com bastante hits e muito rock n’ roll neste sábado, 29. Capitaneados pelo Foo Fighters que fizeram grande show, repetindo o de 18 anos atrás, Whitesnake e Raimundos também conquistaram o público que esgotou os ingressos. Com a figura carismática do Black Jack, o Tenacious D levantou a plateia com sucessos e Junior Groovador. Os americanos da Weezer deixaram a desejar em meio a tantas atrações de peso e mainstream.

Já no Palco Sunset, os Detonautas levantaram os fãs com bastante protestos e os clássicos do Pavilhão 9. Titãs, com convidados, e o Ego Kill Talent também agitaram a plateia e foram muito aplaudidos. Confira como foi a segunda noite:

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PALCO SUNSET

Detonautas e Pavilhão 9 levaram o tom político para ao festival

Às 15h25, os brasileiros do Ego Kill Talent abriram os trabalhos no Palco Sunset e repetiram o ótimo show que já tinham feito em 2017. Com um rock pesado e todo em inglês, os músicos animaram o já grande público presente. Com direito a uma enorme rodinha punk que o vocalista Jonathan Correa pessoalmente desceu para abrir. A reação da plateia foi altamente positiva e comunicativa.

Em seguida subiram para uma apresentação conjunta duas das bandas que marcaram os anos 90: Detonautas e Pavilhão 9. Já próximo das 17h, marcando um atraso considerável na programação, a banda liderada por Tico Santa Cruz iniciou o show com o vocalista entrando em uma moto. Com bastante protestos contra a intolerância e indiretas ao Governo Bolsonaro, os que assistiam iam ao delírio com as manifestações do cantor.

Enfileirando seus hits como “Quando o Sol Se For” e “Você Me Faz Tão Bem”, o Pavilhão entrou após seis canções e incendiou de vez. Mascarados, os paulistanos, notórios críticos da violência contra a periferia do Estado, continuaram o tom político do show. Quando a plateia gritou palavras de ordem contra o presidente, Tico não diminuiu poupou: “Não vamos evocar energia negativa!”.

Já veteranos no festival, os Titãs chegaram ao Palco Sunset com todo seu repertório de 37 anos de carreira. Abriram com “Homem Primata”. Convidaram Érika Martins, que cantou “Flores” e “Lugar Nenhum”, e Ana Cañas, que subiu com apenas um adesivo cobrindo os seios e um short curto, cantando “Comida” e “Sonífera Ilha”. Na primeira canção a mensagem: “respeita as minas”.

Não faltaram também “Epitáfio”, “Polícia” e “Bichos Escrotos”. Uma das maiores bandas de todos os tempos no país deixava o palco preparado e mais que aquecido para o headliner do Sunset.

Whitesnake sacudiu o público no Sunset.

Banda que esteve em 1985 e antes dos seus maiores hits estourarem dois anos depois, o Whitesnake subiu para fechar o Sunset com o clássico rock dos anos 80. Com muitas guitarras e solos, os britânicos mostraram ao público que esperava há horas por eles o porquê de serem venerados após décadas. Abriram com “Bad Boy” e “Slide it in”, já levantando os fãs.

Cheio da versatilidade do grupo que usa e abusa de muitos solos, ao melhor estilo hard rock, os veteranos pareciam donos do Rock in Rio. Se a voz do David Coverdale está longe do seu auge, sua comunicação popular e companheiros continuam dando aula aos mais novos de como se faz um clássico rock. “Slow and Easy” e “Trouble” foram a porta de entrada para o grande momento, a balada “Is This Love”, canção mais famosa do grupo no Brasil.

No encerramento, o guitarrista Doug Aldrich assumiu o protagonismo e incendiou com os solos de “Still of the night” e “Burn”. Como diz o velho clichê, fechando com chave de ouro o palco.

PALCO MUNDO

Raimundos e CPM 22 cantaram juntos.

Em 2001, no auge da carreira, o Raimundos – ainda com Rodolfo – liderou um gigantesco boicote das bandas brasileiras ao Rock in Rio por relegarem os menores palcos a eles. E 18 anos depois cantaram no festival com todos os grandes sucessos adiados. Ao lado deles, CPM 22, que esteve no palco em 2015. Com vários sucessos de ambas, o público respondeu com grande entusiasmo e cantando quase todo o repertório.

Tenacious D veio em seguida e jogou gasolina na fogueira do Palco Mundo. Com repertório bem eclético e músicas que conquistaram os fãs, a banda liderada pelo ator Black Jack intercalou canções e performances artísticas. Não faltaram “Dude (I Totally Miss You)”, “Dio” e “Double Team”.

Tenacious D agitou a Cidade do Rock com muito carisma e rock.

O ponto alto foi a entrada do Junior Groovador, baixista que ficou famoso na internet ao tocar Nirvana em ritmo de forró. Para delírio do público, o músico repetiu “Smells Like Teen Spirit” no swing nordestino e levou a todos os presentes, inclusive o grupo, ao êxtase. E o alto astral continuou durante todo o resto do show, tornando-se um dos mais aclamados até o momento.

Weezer voltou ao Brasil pela segunda vez e já no palco principal do festival. Com uma enorme massa de fãs, principalmente jovens, os californianos investiram muito no som e pouco no cenário. Apesar de um show morno, brindou o seu público com músicas tipo “Buddy Holly”, “In The Garage” e “Say It Ain’t So”, que fechou. Sem tantos hits conhecidos da maior parte dos presentes, abusou dos covers, como em “Africa” de Toto, “Take On Me” do A-Ha, “Paranoid” do Black Sabbath e “Lithium” do Nirvana.

Apesar de todo esforço, principalmente falando em português por diversas vezes, o show foi o menos comunicativo da noite. Mas Palco Mundo foi grande demais para a banda. Principalmente com uma Whitesnake no Sunset antes.

Foo Fighters entregaram todos os sucessos aguardados.

Atração mais aguardada da noite, o Foo Fighters entrou no palco à 0h15 e enfileirando hits. Abriram com “All My Life”, “Pretender” e o seu primeiro grande sucesso mundial “Learn To Fly”. Sempre com a energia de Dave Grohl que logo se espalha, o show não caiu em quase momento algum.

Nas muitas da brincadeiras que fazem durante as quase duas horas de canções, o rosto de Noel Gallagher, ex-guitarrista do Oasis, apareceu no bumbo da bateria. Durante um show em Reading, na Inglaterra, Grohl e sua turma colocaram uma foto de Liam e Noel no mesmo local e dizendo querer reunir o grupo novamente. E disseram mais: iriam fazer até uma petição.

Noel não gostou e ainda disparou em um show em San Diego: “Alguém aí vai assinar a petição do Dave Grohl para que a gente se reúna? Pois eu gostaria de criar uma petição para que o Foo Fighters se separe”. Foi o estopim para a bem humorada tirada de sarro dos Fighters desde então.

Provocações à parte, em “Times Like These”, outro mega sucesso da banda, mais euforia na Cidade do Rock. Durante a apresentação dos integrantes, o baterista Taylor Hawkins cantou “Love Of My Life”, do Queen, repetindo a cena de 1985. Na sequência, antes de “Under Pressure”, imitou Freddie Mercury conduzindo a massa. Nessa hora, ao invés de convidar um fã para tocar bateria, o próprio Dave assumiu as baquetas.

O concerto continuou em alto nível até que Dave viu um fã com uma faixa. E nela dizia que queria pedir a namorada em casamento no palco. O cantor não pensou duas vezes e aceitou a ideia. Delírio total. O encerramento veio com “Best of You” e “Everlong”.

Especialista em fazer grandes shows, o Foo Fighters fechou a noite com um sentimento de que ainda poderia ficar mais duas horas que todos iriam gostar. E disseram que não tinha rock no Rock in Rio…

FOTOS: ROCK IN RIO

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