Rock in Rio Déjà Vu: O festival onde os ‘velhinhos’ roubaram a cena dos mais jovens
O Rock in Rio 30 anos começou no dia 18 de setembro sob muita desconfiança da maioria dos amantes de música após um lineup desequilibrado e com bastante nomes repetidos de outras edições. Mas o que se viu na Cidade do Rock não foi exatamente isso. Pelo menos em parte. Se nas outras duas recentes organizações, 2011 e 2013, o alinhamento de apresentações era bem mais equilibrado, nesta a emoção compensou. E muito dela veio dos “velhinhos” da música. Se era essa a intenção, reviver 1985, conseguiram. Foi o Rock in Rio Déjà Vu, como assim será lembrado.
Alguns nomes de peso e shows surpreendentes salvaram a edição deste ano. Só que os grandes destaques foram os artistas que fizeram sucesso em outras épocas. No primeiro dia, o Queen, mesmo sem a sua alma, Freddie Mercury, conseguiu levar aos jovens o repertório que marcou os anos 70 e 80. Dois dias depois foi a vez do Elton John e Rod Stewart mostrarem às mais diferentes gerações que o talento segue intacto apesar do passar dos anos.
Pepeu Gomes e Baby do Brasil, 27 anos depois, voltaram a tocar juntos e não surpreendeu o sucesso originário de outras épocas. O Faith No More ganhou uma homenagem até de Corey Taylor, no show do Slipknot, lembrando como marcaram os que vieram depois deles. E o A-Ha emocionou até jovens que nem tinham ouvido falar do grupo até este ano. Já o Hollywood Vampires levou uma constelação veterana aos palcos e conseguiu a unanimidade.
Entre os memoráveis, Slipknot e System of a Down comprovaram porque são expoentes de uma geração que conseguiu vencer a indústria cultural pop e escrever o nome entre as grandes bandas da história. Foram shows que tinha tudo o que se espera de grandes artistas e principalmente a consagração popular. Mas muitas bandas desconhecidas do grande público e a falta de hits prejudicaram o todo. Foram os casos dos shows do The Script, Sheppard e AlunaGeorge. Em um festival em que a marca principal são grandes estrelas, estes se tornaram apenas mais alguns shows em meio a tantos. Inclusive prejudicando até a importância do Palco Mundo, local principal dos astros internacionais. Aliás, a má distribuição deles pelos Palcos foi marca desta edição, como Korn, John Legend e Deftones no Sunset, quando poderiam facilmente estar no principal.
Já a música nacional conseguiu mostrar que está sim a nível mundial. Paralamas do Sucesso, Lulu Santos, Cidade Negra e Ultraje a Rigor fizeram shows dignos de headliners e sacudiram os fãs com caminhões de hits. E o mais impressionante, tiveram aprovação de gerações diferentes, majoritariamente por jovens. Para cereja do bolo, Andreas Kisser e sua guitarra mágica apareceram inúmeras vezes e em todas ovacionado por seu talento! Assim se comprova que foi um grande festival, mas ainda com alguns problemas para acerto em 2017, como melhor distribuição das atrações e, principalmente, os nomes escolhidos.
Há uma lado pouco abordado e que vem tornando o Rock in Rio num festival muito maior que apenas atração musical, que é a de exposição cultural. Desde 2011 o evento vem apresentando nomes poucos populares ao grande público ou que sempre tiveram um público específico. E isso parte tanto do lado pop, quanto do lado do metal. Diversos foram os amigos jornalistas que desconheciam nomes como AlunaGeorge ou Mastodon, mas muitos foram os que agora se tornaram novos seguidores e observadores dos trabalha desses e tantos outros artistas.
O Melhor Show de 2015: Rod Stewart
Escolher apenas um nome entre tantos estilos diferentes é complicado. Mas comparando apresentação, participação da plateia e principalmente repertório, o título vai para Rod Stewart. O britânico conseguiu agradar fãs de mais variadas cenas musicais, além de apresentar músicas que a imensa maioria participava. Pesa ainda nesse contexto, o fato de ser um nome consagrado da música e que não demonstrou desgaste com o tempo, fato comum aos artistas.
Mas vale o registro ao System of s Down, que transformou a Cidade do Rock em um coral gigantesco.
O Melhor Show do Palco Sunset: Pepeu Gomes e Baby do Brasil
Em meio a um Sunset com tantos nomes de peso, os ex-Novos Baianos, que já tinham fugido das vaias dos fãs de metal em 1985 graças à guitarra virtuosa do Pepeu, novamente repetiram a dose. Mas agora com emoção e um repertório impecável. Contando com apoio de um público que assistia bem mais próximo do que encontraram ao longo da carreira, 27 anos depois os dois conseguiram fazer com que a plateia inteira cantasse obras que estão na história da MPB. Junta-se ainda a emoção do Pepeu chorando ao ser ovaciado por jovens e mais velhos.
O Melhor Artista Brasileiro: Paralamas do Sucesso
Nada mais emblemático para simbolizar como de fato foi o Rock in Rio Déjà Vu, que os Paralamas enfileirando hits na boca de gerações inteiras. De “Vital e sua moto”, música que abriu o show em 1985, até “A Novidade”, música mais recente. Um show histórico e que marcou a também o grupo. Considerada uma das mais importantes da geração dos anos 80, não deixaram qualquer dúvida sobre a afirmação.
O Momento Mais Marcante: Show do A-Ha
Poderia falar de “Love of my life” 30 anos depois, com Brian May emocionado ao violão ouvindo o coral novamente e Freddie Mercury no telão. Ou então Nando Reis cantando “All Star”, em homenagem a Cássia Eller, enquanto público e banda choravam de emoção. Mas nada será igual ao show do A-Ha. Quando os noruegueses entraram no Palco Mundo até a atmosfera ficou diferente, a nostalgia tomou conta. Até a chuva foi embora para que a lua fosse testemunha e milhares de lágrimas compartilhassem do mesmo sentimento.
A Revelação de 2015: Royal Blood
Os britânicos já vinham dominando o cenário musical do Reino Unido há cerca de um ano, principalmente depois que o baterista do Arctic Monkeys apareceu com a blusa do duo. No Rock in Rio tiveram o “batismo de fogo” e comprovaram que vão muito além de apenas o single “Little Monster”. Um showzaço. Entre os melhores do dia. E isso tudo apenas com baixo e bateria. Ao final, ainda teve um Stage diving do batera Ben Thatcher.
Vale menção honrosa a Lzzy Hale, da Halestorm, que apesar de não ser uma novidade na cena, conquistou muitos novos admiradores com sua voz poderosíssima.
O Pior Show de 2015: The Script
Não necessariamente o show foi um desastre, mas com tantos artistas de peso distribuídos de forma irregular pelos palcos, os irlandeses fizeram a apresentação menos expressiva entre todas. O Palco Mundo ficou grande demais e a ausência de hits prejudicou ainda mais, fazendo com que até fãs do Queen reclamassem.
A Decepção de 2015: Rihanna
Considerada uma das melhores artistas pop, a pouca expressividade e até o uso excessivo de base a tornou com a headliner que menos agradou. Até os seus sucessos, alguns até mundialmente famosos, não tiveram o efeito esperado. Aos fãs, certamente agradou, ao público geral e mais abrangente, deixou a desejar. Alguns questionaram até a sua sensualidade por vezes exagerada fora do palco e que não foi levada para o Rock in Rio. Mas aí é outra história…
O Mico de 2015: Pulo do vocalista do Faith No More
Pobre Mike Patton, foi pular em meio a plateia mas, para seu desespero, só havia um enorme fosso separando a grade do resto. O resultado foi que o vocalista acabou o voo no chão, sendo levantado pelos seguranças e mancando. Ainda assim, voltando para um show com o padrão Faith No More de qualidade.
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