Rock in Rio termina com exibição de gala do Red Hot Chili Peppers; 30 Seconds decepciona

O último dia do Rock in Rio terminou com uma grande exibição do Red Hot Chili Peppers sobre o palco. O grupo, que é quase uma unanimidade quando o assunto é música, mostrou para 100 mil pessoas como seu som é original, versátil e totalmente atemporal. Com mais de 30 anos de carreira e pegando diversas fases do rock, os californianos continuam renovando seu público e crítica. Já o 30 Seconds to Mars decepcionou. Com muita firula e pouca música, Jared Leto e turma deixaram péssima impressão. Capital Inicial e The Offspring soltaram todos os seus hits e ganharam a plateia.

No Sunset, o Metal dominou. Com destaque para o Supla, os brasileiros do Sepultura, mais uma vez, roubaram a cena e fizeram um show aclamado por fãs, críticas e artistas do festival. O Ego Kill Talent também mostrou grande potencial para futuras apresentações maiores.

COMO FORAM OS SHOWS, UM A UM (Veja após a matéria, a resenha sobre cada dia do Rock in Rio):

PALCO SUNSET

O Ego Kill Talent abriu o Palco Sunset levando o ótimo som do rock nacional. Com arranjos pesados e intensa participação popular, os brasileiros usaram e abusaram dos riffs, levando o público ao delírio com muitas rodinhas abertas. A sonoridade foi tão bem aceita e elogiada que os jovens pareciam veteranos no Rock in Rio.

Mesmo com letras em inglês, os fãs cantavam canções do primeiro álbum “Ego Kill Talent”, lançado em 2017, além dos hit “My Own Deceiver” e “We All”. Ao final, a plateia reagiu gritando o nome da banda. Era a aprovação final.

Em seguida foi a vez da a banda Doctor Pheabes, única a ser escalada tanto para o Rock in Rio quanto para o Lollapalooza em 2017. Diversos integrantes são executivos e médicos, o que torna ainda mais interessante a abordagem musical feita também em inglês. Com eles, o sempre showman Supla, que com seu carisma e estilo próprio, nunca dá errado quando o assunto é comunicação popular.

No início do ano eles lançaram o segundo álbum, “Welcome To My House” e levaram ao Sunset faixas desse trabalho. Contando com o punk mais amado do rock nacional, a banda chamou o paulistano para cantar “Imagine”, de John Lennon; “Heroes”, de David Bowie e “Dancing With Myself”. O público interagiu do início ao fim com o cantor.

O República veio depois. O grupo está finalizando o seu quarto álbum, o “Brutal & Beautiful”, o primeiro a ser distribuído por um selo internacional. Produzido nos EUA por Matt Wallace, que colaborou com Faith No More, Maroon 5 e Deftones, teve como carro-chefe o single “Beautiful Lie”. Pensando forte no estilo metal, apostaram em hits como “Broken”, “Endless Pain” e “El Diablo”.

O show conseguiu atrair bastante público e, principalmente, atenção sobre uma das bandas que mais cresceu no cenário internacional graças aos festivais como o Rock in Rio.

Ícones internacionais quando o assunto é Brasil, o Sepultura subiu ao Sunset com a Família Lima para um encontro que já começou sucesso pela euforia do lotado e concorrido palco. Sempre com a poderosa voz de Derrick Green, a apresentação começou avassaladora. O som das cordas eruditas dos Limas quase ficaram inaudíveis de tão pesada que era a comunhão entre banda e povo. Até o Supla, atração anterior, foi para o meio do povão e fez a festa de todo mundo.

Essa foi a terceira vez que os brasileiros estiveram no festival. Em 2011 foi com o Tambours du Bronx e em 2013 com o Zé Ramalho. Este ano o grupo lançou Machine Messiah, décimo quarto álbum de estúdio. Não faltaram canções como “Phantom Self” e “I Am The Enemy”. Reverenciados pelos estilos de death metal e metal progressivo, “Refuse/Resist” foi um dos auges do show. Fechando de forma apoteótica com os clássicos “Ratamahata” e “Roots Bloody Roots”. Agora, Sunset só em 2019.

PALCO MUNDO

Última atração brasileira no Mundo, o Capital Inicial comandou um show-protesto, como sempre foi marca da cena do rock nacional dos anos 80, de onde saíram. Dinho e sua turma usaram bastante recursos pirotécnicos, tentando animar a já incendiada Cidade do Rock. Abriu com “O Bem e o Mal”, “Independência” e “Quatro vezes você”.

Sempre passeando pelo palco e convocando a massa, Ouro Preto lembrou a “Fátima”, canção do seu amigo Renato Russo. Antes de começar a icônica “Que País É Esse?”, o vocalista disparou contra os políticos:

– Essa música é quase um dever cívico tocar. Tem que dedicar a uma longa lista de pessoas, indo de A até Z. Políticos de esquerda, de centro, de direita. Do Aécio à Dilma, ao Eduardo Cunha, Sergio Cabral, Collor. Uma longa lista de políticos que sequestrou a democracia brasileira. Conspiraram contra a esperança de todos nós, cidadãos brasileiros – afirmou.

Sob euforia, continuou:

– Estou convencido cada vez mais de duas coisas: o poder corrompe e o Brasil é maior e melhor que seus representantes. Essa aqui é pro Michel Temer – finalizou.

Por fim, o Capital soltou seus grandes hits “Natasha” e “À sua maneira”.

Grandes expoentes da juventude dos anos 90 e 2000, o The Offspring estreou no Palco Mundo. Após muitos apelos de 2013, quando fizeram o melhor show no Sunset, os californianos chegaram com o pé na porta. Dexter Holland e companhia começaram com “You’re Gonna Go Far, Kid”. Ao longo do concerto entregaram todos os seus grandes hits, como “All I Want”, “Come Out And Play”, “Original Prankster”, “Bad Habit”, “Why Don’t You Get a Job” e uma versão de “Gone Away” ao piano.

Com pouca firula e muito som, a comunicação popular era muito forte. Com a faixa etária exatamente compreendida entre a época do seu grande momento musical no Brasil, os americanos executaram seis obras do “Americana”, o disco mais famoso deles no país num total de 16. Dexter, aliás, continua em plena forma vocal, algo raro para cantores de punk, mesmo os artistas mesclando o estilo com um pop.

Antes de encerrar, não faltaram elogios como “melhor plateia do mundo” e “vocês são lindos”. Fechando o grande show, “Pretty Fly (For a White Guy)”, “The Kids Aren’t Alright” e “Self Esteem” para êxtase de todos. Desta vez não haverá reclamação: o Offspring estava no lugar certo e para a plateia exata.

Jared Leto já é consagrado com um Oscar pela sua atuação nas telonas e lidera um das bandas mais aguardadas pelos fã nesta edição do Rock in Rio: 30 Seconds To Mars. Mas o seu show este ano foi péssimo. Participantes também de quatro anos atrás, os americanos começaram com “Up in the air” e Leto vestido com roupas coloridas à lá ameríndio. Porém teve um repertório curtíssimo, apenas 10 músicas.

Sempre conversando e interagindo com o público, diversas vezes Jared parou as canções para preparar o que ia aprontar. E não foram poucas aventuras, como saltar de tirolesa sobre a plateia (como em 2013), chuva de papel picado, bolas coloridas voando, bandeira do Brasil nas mãos e açaí ingerido ao vivo. Ufa. A plateia, obviamente, caiu dentro. Mas em termos musicais, uma decepção.

A banda tentou com hits tipo “Search and destroy” e “The kill”, porém o resultado era sempre muito abaixo do esperado do que se ouve nas gravações feitas em estúdio. Talvez a excessiva preocupação em brincar e envolver os seus aficionados tenha perturbado o trabalho musical. “Do or die” foi o maior exemplo, decepcionante em relação ao trabalho divulgado. “Closer to the edge” encerrou a fraca passagem pelo festival.

Poucas bandas são tão unânimes com o público em geral quanto Red Hot Chili Peppers. Até pelo seu ímpeto atemporal e que resume muito do que já passou no Palco Mundo. Talvez por isso tenha tido a missão de fechar o Rock in Rio 2017. E pra variar, um grande espetáculo. Abrindo com o mega sucesso “Can’t Stop” e “Snow”. Os californianos vieram ao Brasil com trabalho novo, o “The Getaway”, décimo primeiro álbum de estúdio. Com pouco papo e muito ritmo, não precisam se esforçar para ter todos que assistem sob controle.

Há uma segurança e precisão muito grande em cada música tocada. Flea com seu baixo é uma referência, Chad Smith na bateria parece se divertir mais do que tocar, Josh Klinghoffer já deixou a desconfiança de lado há anos e Anthony Kiedis com seu timbre característico é o fio condutor dessa energia que emana dos artistas.

Misturando diversos trabalhos, como o single “Did I Let You Know”, do penúltimo disco, “I’m with you”, os RHCP, como são conhecidos, é acompanhado por milhares de vozes em músicas até novas, como “Dark Necessities”. O Red Hot tem mais de 30 anos de carreira, mas continua parecendo que está de frente a um público com algumas dezenas de pessoas: se entregam com tudo e muito entusiasmo.

Porém os fãs sentiram falta de muitos sucessos, como “Otherside”, “Dani California” e “Monachy of Roses”. Fechando o show, os hits “Under the Bridge”, “By the Way” e “Give Away”. Não há erro quando falamos dos intrépidos meninos já não tão jovens da Califórnia. Sempre há uma sonoridade jovial, agradável e originalidade muito em falta no mercado fonográfico.

É o fim do Rock in Rio 2017.

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Fotos: Rock in Rio

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