Dia do Metal no Rock in Rio tem Iron Maiden avassalador, aula dos Scorpions e despedida do Slayer

Por Bruno Guedes

Se faltou uma noite do metal na edição passada, em 2019 ela passou como um furacão pelo Rock in Rio, nesta sexta-feira, 4, no Parque Olímpico. O Iron Maiden fez sua melhor apresentação no festival e com direito a mega produção. Antes, o Helloween despejou todos os seu hits e incendiou o público. Já os veteranos dos Scorpions mostraram porque são respeitados por todas as gerações com seus grandes sucessos. Sepultura voltou ao Palco Mundo e provou ser a maior banda de metal nacional.

No Palco Sunset, o Slayer fez sua despedida em grande estilo e o Anthrax dominou milhares de vozes durante sua apresentação. Antes, as brasileiras do Nervosa protestaram e ganharam muitos aplausos com o rock nacional.

PALCO SUNSET

Nervosa abriu o Palco Sunset

A programação do dia começou 40 minutos mais cedo por conta do show do Iron Maiden. Formada pelas brasileiras Fernanda Lira nos vocais e baixo, Prika Amaral na guitarra e Luana Dametto na bateria, o trio Nervosa fez jus ao nome na abertura do Sunset. De estilo bem pesado, agradou em cheio o público que lotava o local já às 15h. Com letras politizadas, não se furtaram de exaltar a mulher e fizeram referências até à Marielle Franco, para quem dedicaram a canção “Raise your fist”.

Sob gritos de “Nervosa! Nervosa!”, as meninas passearam pelos discos da carreira que as levaram para 56 países ao redor do mundo. Com músicas em sua maioria em inglês, “Guerra solta” foi uma das poucas em português porém com mensagem direta aos problemas políticos atuais. O trash metal acertou em cheio para o palco e fãs que esperavam.

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Logo depois vieram Claustrofobia e Torture Squad com participação de Chuck Billy, do Testament. A primeira manteve a pegada forte e com bastantes rodinhas em frente ao palco. Grupo que tem grande alcance no Leste Europeu, voltou a tocar no Brasil após diversas passagens no exterior. Em seguida o Torture abriu a sua participação com uma mulher vestida tal qual Kali, uma das divindades dos hinduísmo.

E seu repertório estiveram “Blood Sacrifice”, “Raise Your Horns” e “Horror and Torture”. A vocalista Mayara Puertas então convidou Chuck Billy, cantor do grupo norte-americano Testament. Ele cantou “Disciples of the Watch”, “Practice What You Preach” com a Torture Squad e o show foi encerrado com “Electric Crown”, onde todas bandas subiram ao palco.

Anthrax segurou o público durante todo o show

Um dos pilares do metal, o Anthrax veio em seguida pela primeira vez no Rock in Rio. Sempre com muita fúria e velocidade nas execuções, a banda viu em seu vocalista Joey Belladonna a comunicação perfeita com a plateia. Correu pelo palco durante toda a apresentação e não se furtou de conversar com os fãs nos intervalos.

Trazendo a turnê “For All Kings”, canções como “Cought In a Mosh”, “Madhouse”, “Now It’s Dark” e “Indians”. O começo e o fim do show tiveram covers da “Cowboys From Hell”, do Pantera. A massa, completamente dominada, cantava cada uma e preparava o terreno para o grande encerramento que viria.

Slayer pisou em um palco pela última vez

Lendas do rock, o Slayer pisou em um palco pela última vez para encerrar a programação no Sunset. Uma multidão tentava assistir Tom Araya em sua turnê de despedida. E não se decepcionaram. Foram todos os grandes hits jogados, um a um, para que a plateia cantasse. “Disciple”, “Seasons in the Abyss”, “South Of Heaven” e “Raining Blood” foram quase uníssonas na Cidade do Rock.

Já passavam das 20h30 e algumas pessoas estavam no local desde às 14h. Mesmo assim a animação e fidelidade foram do início até o final. Do meio pro fim da apresentação uma catarse tomou conta, fechando em grande estilo o palco.

PALCO MUNDO

Sepultura abriu o Palco Mundo

Às 17h20 em ponto, o Sepultura abriu o Palco Mundo com a turnê “Machine Messiah”. Mais famosa banda brasileira de metal do mundo, foi a nona participação no festival, incluindo as versões mundiais. Com 35 anos de carreira, cantaram todos os seus grandes hits como “Territory”, “Attitude”, “Kairos” e “Roots Bloody Roots”. Além da apresentação, anunciaram também o novo single “Isolation”, cujo álbum será lançado no início de 2020, de acordo com Andreas Kisser.

Durante a música “Refuse”, Andreas Kisser, Derrick Green, Paulo Jr. e Eloy Casagrande fizeram homenagem ao cantor André Matos, ex-fundador e vocalista do Angra, falecido no último dia 8 de junho. Uma foto do artista apareceu nos telões do Parque Olímpico e foi ovacionado.

Helloween pisou no Palco Mundo mostrando porque é um dos pilares do metal

Substituíndo o Megadeth que teve um problema com seu cantor Dave Mustaine, o Helloween pisou no Palco Mundo mostrando porque é um dos pilares do metal. Em apresentação apoteótica, os alemães reuniram os seus três vocalistas para uma noite especial. Kai Hansen, Michael Kiske e Andi Deris. Começaram com “I’m Alive”, “Dr. Stein” e “Eagle Fly Free”.

A plateia, completamente lotada, fazia um coro de 100 mil vozes e muita energia. O clima só ficou mais calmo quando a balada “A Tale That Wasn’t Right” ressoou pelo Parque Olímpico. A banda, que esteve no Rock in Rio em 2013 no Palco Sunset, fez um concerto mais reduzido por conta da necessidade de tempo para os demais shows. E com quase uma hora e muita euforia, o maior clássico da banda, “I Want Out” encerrou. Se duvidavam da substitução dar certo ou não, a dúvida agora é quando eles voltarão para algo maior na Cidade do Rock.

Iron Maiden fizeram o melhor show desta edição

Chegando com direito a avião da Segunda Guerra Mundial no palco e tudo, uma das atrações mais aguardadas desta edição: Iron Maiden. Os britânicos, carismáticos como sempre, abriram com “Aces High” e já levantaram os presentes. A noite foi dividida em três atos, como numa ópera: Guerra (De “Aces High” até “The Trooper”), Igreja (De “Revelations” até “Number of the beast”) e Inferno (De “Iron Maiden” pra frente). E foi a melhor desta edição até o momento.

Sempre correndo pelo palco e com muita cenografia, o Iron fez tudo e mais um pouco do que se espera dele. Segundo pesquisa, o Brasil é o país onde mais se ouve os britânicos, com 14% das buscas no youtube só de brasileiros. A fidelidade pôde ser comprovada com as milhares de vozes em cada uma das canções cantadas a plenos pulmões na noite.

Uma mega produção tomou conta da noite, com cenários, luzes, fogo e muitas roupas para caracterização. Um show no sentido literal da palavra. Com roteiro e enredo, a temática foi sendo narrada de forma musical.

Durante “The Trooper” – uma das icônicas músicas da banda – o Eddie the Head, famoso mascote do grupo, apareceu vestido à caráter e “lutando” com os integrantes. No fim, Bruce Dickison, vocalista do Maiden, disparou um tiro e “matou” o soldado. Exatamente como narra a canção que foi inspirada em um poema do século XIX.

Em termos sonoros é difícil falar do Iron Maiden, porque sempre estão impecáveis. Mais uma vez foi assim, com guitarras casadas e Nicko McBrain conduzindo tudo com sua bateria de pegadas rápidas e batidas secas. Assistí-los é um privilégio musical. Foi avassalador. E a melhor apresentação do grupo na história do festival.

Scorpions subiu para encerrar a noite do metal

Uma das bandas mais antigas desta edição, o Scorpions subiu para encerrar a noite do metal. Os alemães, cujos fãs brasileiros são um dos maiores do planeta, teve a ingrata missão de tocar após um épico show do Iron. Por isso começaram com as mais pesadas, como “Going out with a bang”, “Make it Real” e “The Zoo”.

O público reagiu bem, mas não com o mesmo entusiasmo que a apresentação anterior. E faz sentido, haja vista que os headliners da noite não seriam eles. Bruce e sua turma trocaram e os veteranos toparam. Mas Klaus Meine, vocalista dos Scorpions, segurou a onda no alto dos seus 71 anos. O espetáculo foi crescendo e do meio pro fim se manteve no nível do anterior. A reação aumentou consideravelmente.

Era um misto de respeito e admiração. Estamos falando de uma banda que tem 54 anos de carreira, viveu as principais fases do rock e os que assistiam sabiam disso. Ficou nítido como gerações inteiras conheciam os hits até menos famosos do grande público.

Em “Wind of Changes” o maior coral desta edição. A música tem uma simbologia especial para a data: exatamente neste dia 4 de outubro, há 29 anos, a Alemanha vivia seu primeiro dia reunificada. E a trilha daqueles tempos foi justamente ela.

No fim, as mais aguardadas: “Still Loving You” e “Rock You Like a Hurricane”, duas das mais famosas do grupo. Um encerramento em alto estilo, mostrando uma aula de velho e bom rock n’ roll.

FOTOS: ROCK IN RIO

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