Girl Power: Dua Lipa fecha Rock in Rio com chave de ouro e Ludmilla prova que favela venceu
Por Bruno Guedes
O Rock in Rio encerrou sua edição de 2022 em grande estilo neste domingo (11), na Cidade do Rock. Com postura de diva do pop, Dua Lipa entregou todos seus sucessos em show de quase duas horas no Palco Mundo. Já no Sunset, Ludmilla mostrou que o lugar dela era no principal e fez apresentação épica.
Antes delas, Rita Ora demonstrou voz e talento mesmo sem tantas canções famosas. O mesmo ocorreu com Macy Gray, que com sua voz poderosa, conseguiu se comunicar com o público. Ivete Sangalo repetiu seus grandes momentos e despejou hits aos fãs.
Confira como foram os shows:
PALCO SUNSET
Abrindo o último dia de Rock in Rio, Liniker convidou Luedji Luna para um dueto de peso vocal. As duas cantoras esbanjaram bom gosto no repertório. Logo na abertura, expressou para os fãs que já lotavam:
“Meu Deus do céu, Rock in Rio. Que dia lindo. Muito obrigado por estar aqui no último dia de festival logo no primeiro horário. Estou muito emocionada, muito realizada. Faço meu trabalho com dignidade para entregar com excelência para vocês. Hoje é sobre ser excelente”, afirmou.
A primeira música foi “Antes de tudo”. Na hora de “Lili”, o público foi ao delírio com os agudos de Liniker. Com o ambiente tomado, Luedji chegou para fazer par em “Banho de Folhas”. O excelente show foi encerrado com “Diz quanto custa”.
Rainha da representatividade, Elza Soares ganhou homenagem no Sunset. Entre os que cantaram músicas da estrela, que morreu em janeiro de 2022, estavam Larissa Luz, Gaby Amarantos, Mart’nália, Majur, Agnes Nunes e Caio Prado.
Uma das mais famosas canções, “A Carne” abriu os trabalhos. Caio seguiu com “Malandro”, de Jorge Aragão e sucesso com Elza. Ao final, fez um discurso pedindo mais representatividade:
“Quero convocar as bichas pretas, afeminadas, as trans, as lésbicas, os não-recomendados desse Rock in Rio”, desabafou.
Larissa Luz surgiu em seguida e cantou “Dura na Queda”, de Chico Buarque, e “Maria da Vila Matilde”. Muito ligada à Mocidade Independente de Padre Miguel, Elza foi relembrada por Majur ao cantar “Saltei de Bamba” e “Salve a Mocidade”.
Ao final, todos retornaram com “Até o fim eu vou cantar”. Elza merecia.
Entretanto, as homenagens para Elza Soares prosseguiram na abertura. A cantora teve um vídeo, com entrevista e tudo, projetada no telão. Mas o som não era samba.
Com sua voz rouca, Macy Gray foi a próxima e parece ter conquistado o público com seu talento vocal. Mesmo longe de ser mega estrela para os que lotavam o Sunset, a americana esbajou carisma e vozeirão.
“Every Night” abriu, logo depois vieram “Why Didn’t You Call Me” e “Relating to a Psychopath”. O momento de grande comunicação popular foi durante a versão soul de “Creep”, do Radiohead.
Sua banda estava repleta de brasileiros e foi um dos destaques da apresentação. Afiada, mostrou a força da música negra. O encerramento veio com “White Man”.
“Mulher, negra, periférica e bissexual”, foi assim que Ludmilla se descreveu e chegou, provando que deveria estar no Palco Mundo. E não foi para brincadeira. Disposta a provar seu valor na cena musical brasileira.
Em um gatilho só vieram hits como “Favela chegou”, “Verdinha” e “Rainha da Favela”. A reação foi imediata.
À essa altura, o Sunset já estava em êxtase. Mas logo ainda teve “Socadona” e “Invocada”. Surpreendendo os fãs, uma mesa apareceu no palco e Lud homenageou diversas mulheres funkeiras, cantando seus hits.
Tasha e Tracie, Mc Soffia, Tati Quebra Barraco e Majur foram ovacionadas. A cantora então brindou as convidadas: “Na minha mesa, essas mulheres sempre vão se sentar”.
Porém, se enganou quem achou que só teve pop. Alertando que iria passear pelos gêneros, o momento pagode começou com “Teu Segredo”, do Exaltasamba, seguindo por “Amor Difícil” e “Maldivas”.
Só que se tem uma área onde Ludmilla é especialista, é no funk. E o seu público aguardava ansiosamente pelo momento. Ele veio com seus maiores sucessos: “Vem amor”, “Cheguei” e “Fala mal de mim”.
O final apoteótico, foi com “Onda Diferente”. De fato diferente. E merecia o Palco Mundo.
PALCO MUNDO
Ivete Sangalo é figurinha carimbada no Palco Mundo. Retornando para comemorar 50 anos, a baiana emplacou na abertura “Tempo de alegria”, “Abalou e “Sorte Grande”.
A cenografia trouxe seu nome em tons metálicos e muita luz. “Festa” e “Acelera aê” incendiaram a plateia. Que virou um grande carnaval com “Faraó, divindade do Egito” e “Baianidade nagô”, clássicos da axé music.
No entanto, não faltaram canções dos tempos de Banda Eva, como “Me Abraça” e “Beleza Rara”. Seu filho, Marcelo Sangalo, apareceu tocando timbal e recebeu gritos dos fãs.
O final teve “Arerê” e “Eva”. Se Ivete fosse jogadora, seria aquela experiente que sempre vai bem em campo. Como foi mais uma vez.
Um dos maiores talentos da música britânica na última década, Rita Ora subiu ao palco depois. Pouco conhecida no Brasil, a cantora mostrou seu talento com muita presença vocal.
Vestida numa roupa metálica, apostou em danças e carisma para conquistar o público. E conseguiu. Abriu com “Ritual” e “Body on Me”. No meio do show convidou Pablo Vittar para cantar “Amor de quê” e os fãs foram ao delírio.
Após “For You”, interpretou “Running Up The Hill”, canção de Kate Bush, que voltou às paradas musicais após 37 anos por conta de Stranger Things. Apresentou ainda “Black Widow”, gravada com Iggy Azalea.
Teve tempo também para dançar funk e encerrar com “Anywhere”. Rita mostrou que é a artista perfeita para festival. Se não tem a quantidade de hits para ser uma headliner, preenche o lineup como poucas.
Megan Thee Stallion teve um show de altos e baixos. Inegavelmente é uma rapper raiz: um microfone, um DJ e muitas, mas muitas músicas. No que diz respeito ao lado musical, a Cavalona, como é conhecida, não decepcionou.
Chegou fantasiada de passista de escola de samba e arrancando aplausos. Abriu com “Realer” e “NDA”. Fez um cover de Cardi B em “WAP”.
Entretanto, ao convidar os fãs para o palco, a apresentação acabou esfriando. O fato aconteceu em “Budget” e “Kitty Kat”.
A americana não esperava a reação dos participantes, que interromperam a artista para conversar e tirar fotos. Na Cidade do Rock, a impaciência parece ter sido percebida por conta de alguns ruídos de reprovação.
Houve espaço ainda para “Sweetest Pie”, colaboração com Dua Lipa. E o encerramento foi com “Her” e “Savage”. A rapper mostrou talento, mas a apresentação acabou abaixo do esperado.
Fechando a edição de 2022 do Rock in Rio, Dua Lipa prometeu e entregou. Além de muitos hits e talento, a inglesa dançou e se comunicou com os fãs à altura de uma headliner. A única ressalva foi quanto ao rigor com que as coreografias foram executadas, por vezes engessando o ritmo do concerto.
Os destaques ficaram por conta dos sucessos do aclamado álbum “Future Nostalgia”, que foram os mais vibrantes esta noite. O show começou com “Physical”, cantada a plenos pulmões pelos presentes.
Seguiu com “New Rules” e “Love Again”, onde a reação do público continuou em alta. Com uma roupa completamente verde, assim como vem ocorrendo na turnê na América do Sul, fez diversas coreografias com bailarinos bem entrosados.
O que se provou em seu mega sucesso “Break My Heart” e um coro de 100 mil vozes. Ao término da obra, agradeceu os fãs e disse que estava feliz por finalmente estar no Rio:
“Eu não tenho palavras para além do tanto de amor que sinto por vocês. Obrigada por estarem aqui desde o primeiro dia”, concluiu.
A apresentação foi dividida em quatro atos. No segundo, “We’re Good” e “Good in Bed” vieram acompanhadas de mudança de figurino. Agora branco.
No entanto, o ritmo do início caiu com as pausas. Após “Fever” e “Boys Will Be Boys”, um novo ato foi preparado e Dua Lipa apareceu de rosa para “One Kiss”. No cover de Elton John para “Cold Heart”, a animação na Cidade do Rock voltou a subir.
Para o encerramento ela voltou vestindo dourado e com a música mais popular da britânica, “Don’t Start Now”. Aclamada pela multidão, Dua mostrou que sua carreira meteórica ainda está apenas em ascensão.
O Rock in Rio encerra com grandes shows e acima do que foi em 2019. No entanto, ainda há problemas na formação dos lineups. Principalmente na repetição de artistas e má distribuição pelos palcos.
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