Nem Black Eyed Peas, nem Anitta: Pink reina absoluta no dia pop do Rock in Rio
Por Bruno Guedes e Redação
No dia do pop no Rock in Rio, a cantora Pink foi o grande destaque com seu show repleto de produção e figurinos. As apresentações neste sábado, 5, ainda tiveram Black Eyed Peas com seus mega sucessos e Anitta com boas recepções Parque Olímpico, zona oeste da cidade. A americana H.E.R., nova grande estrela do R&B, mostrou todo seu talento mas sofreu em um lineup totalmente fora do seu gênero.
No Palco Sunset, o funk tomou conta. Com homenagem ao ritmo carioca abrindo, Projota e AnaVitória também comandaram a festa com grandes coros. Já Charlie Puth se atrasou e quase estragou a festa. Confira abaixo em detalhes cada apresentação:
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PALCO SUNSET
O penúltimo dia começou às 15h30 em ponto com homenagem ao funk. E foi um espetáculo. Com Fernanda Abreu e Buchecha comandando o público que lotava o Sunset, a Funk Orquestra disparou diversos hits que fizeram sucessos desde 1989. Um atrás do outro, a plateia cantava como realmente fosse um gigante baile de favela.
Ainda teve tempo para lembrar os ilustres Mr. Catra e Mc Sapão, que morreram recentemente. O repertório foi desde a época do Furacão 2000 até os mais recentes, com Anitta e o chamado “funk paulistano”. E todos cantados pela multidão.
Um dos grandes momentos dessa edição, a lembrança de um ritmo que veio da periferia e tomou o Brasil fez jus à cidade que acolhe o festival.
Um dos nomes mais populares do rap e pop nacional, Projota fez show com hits do começo ao fim. Com ótima presença de palco e comandando a plateia, o rapper conseguiu manter viva a energia mesmo sob um forte sol que fazia no Parque Olímpico. E o cantor lembrou da sua trajetória: “Já cantei no asfalto quente, em cima de uma cadeira e em cima de uma kombi. Isso aqui é de outro mundo”, disse, para delírio dos fãs.
O ponto alto foi seu mega sucesso “Ela só quer paz”. Entre os convidados estavam Vitão, que cantou “Sei Lá”, e Giulia Be, interpretando “Menina Solta”. Além das suas canções, Projota ainda fez homenagem a Chorão, do Charlie Brown Jr. Num dos momentos finais também fez o riff de “Back in Black”, do AC/DC.
Em seguida foi a vez do fenômeno Anavitória, que contou com a presença do cantor Saulo, ex-integrante da Banda Eva. Com uma enorme massa de gente já tomando conta do Sunset, o trio cantou seus principais sucessos e ainda de outras gerações, como “Eva”, “Não Precisa Mudar” e “Dê um Rolê” dos Novos Baianos.
Misturando pop, MPB e axé, o público reagiu bem e fez coro em diversas canções. Preparando o terreno para o romantismo que viria em seguida. Por problemas técnicos, o cantor norte-americano Charlie Puth subiu ao palco quase 20 minutos atrasado, o que incomodou a plateia. Fazendo sua estreia no Brasil, o artista mostrou carisma e conversou bastante com os presentes.
Em “We Don’t Talk Anymore” um enorme coral mostrou que a espera valeu. Sem tantos hits mas com muitas canções que agradam em geral, a grande explosão aconteceu com a mais famosa delas: “See You Again”, seu mega sucesso com Wiz Khalifa e que foi trilha de “Velozes e Furiosos 7”.
Por conta do atraso, a impaciência dos fãs deu espaço a apatia e muitos deixaram o lugar às pressas para o show do Black Eyed Peas, que começou enquanto Charlie ainda cantava. A reclamação dos que queriam assistir ambas apresentações foi geral…
PALCO MUNDO
Abrindo o palco, um dos maiores sucessos musicais recentes do Brasil: Anitta. Fazendo sua estreia no festival em solo brasileiro, a funkeira misturou diversos ritmos e passeou pela curta mas meteórica carreira. Porém foi justamente essa diversidade de estilos que mostrou a superficialidade da música atual nacional, sem definição rítmica ou de gênero.
Sabendo que o seu público estava ali, Anitta não fez mistério e largou todos os seus hits: “Show das Poderosas”, “Bang”, “Paradinha” e “Sua Cara”. Indo para outros singles, “Romance com Safadeza” com Wesley Safadão e “Contatinho” com Leo Santana, marcaram presença. “Loka”, que dividiu com Simone e Simaria, foi mais uma da indefinição musical da artista.
Muitos que assistiam suspeitaram da estrela estar se utilizando de playback em diversas ocasiões. Nenhuma informação sobre foi divulgada até o momento ou desmentida.
Marca do pop internacional, a cantora não se furtou de trocar o figurino durante o show de quase uma hora. Bem como o cenário que começou fazendo alusão ao Furacão 2000 e terminou como uma enorme caixa acústica onde sua banda e bailarinos se dividiam.
Um dos maiores talentos mundiais, Gabriella Wilson, conhecida como H.E.R., encheu o Palco Mundo com seu talento vocal e domínio instrumental. Com apenas 22 anos já é consagrada por muitos ícones do R&B como herdeira de diversos nomes de peso, como Lauryn Hill (de quem fez um cover “Ex-Factor”), Alicia Keys e outras.
Passeando por guitarra, baixo e teclado, a cantora levou “Carried Away” e “2”. Sua banda era formada por backing vocals poderosas e grupo musical que fez brilhante exibição em “Focus”, que arrancou um coro da plateia, “Slide”, “Lights On” e “Fate”. Um show onde o talento sobressaiu em meio aos artistas com muita produção e pouca inspiração neste dia.
Se você viveu os anos 2000 com certeza cantou algum hit chiclete do Black Eyed Peas. Com seu repertório cheio de sucessos mundiais mas sem Fergie, que saiu do grupo há dois anos, o grupo apostou bastante no tecno pop e visuais extravagantes. Liderados pelo multi-artista will.i.am, os americanos não pouparam músicas.
Começaram com “Let’s Get It Started” e ousadia. O cantor saltou de tirolesa, localizada ao lado do principal palco, interpretando a canção em meio aos gritos eufóricos dos fãs que lotavam o palco. A partir daí foram sequências conhecidas: “Just Can’t Get Enough”, “Pump It”, “Boom Boom Pow” e “Mas Que Nada”, de Sérgio Mendes e regravado pelos californianos.
Após will atacar de DJ, onde até Nirvana fez base do medley, Anitta foi convidada para cantar “Don’t Lie” e “Explosion”. O encerramento foi com o mega hit “I Gotta Feeling”. Um show com a cara do dia do pop. Mas a falta de Fergie, que esteve em 2017 no festival e não agradou sozinha, é gritante.
Pisando pela primeira vez em terras brasileiras, Pink chegou chegando ao Palco Mundo. Pendurada em um enorme lustre, foi recebida por milhares de fãs com balões rosa na plateia. A música escolhida foi “Get the Party Started”. Depois vieram “Beautiful Trauma” e “Just Like A Pill”, de 2001. Neste momento aconteceu a primeira mudança de roupa.
Vale destacar a potência vocal da artista, que não se furtou de cantar sem base e com uma banda que trilhava caminhos próximos ao rock por diversas vezes. Assim como suas inúmeras acrobacias e piruetas à lá Cirque du Soleil. Isso tudo cantando!
Houve tempo para um cover de Queen com “We Are The Champions”, antes da sua balada de sucesso “Walk me home”. Após cantar “I Am Here”, Pink desceu e ouviu um fã pedir seu namorado em casamento.
Engajada na defesa da mulher e contra a homofobia, a americana por diversas vezes exibiu mensagens sobre os temas. Em um deles jogou luz sobre o #MeToo, campanha onde diversas famosas e anônimas denunciaram casos de assédios sexuais que sofreram.
O encerramento veio com “So What” e uma chuva de efeitos pirotécnicos. Sobrevoando o público, a estrela chegou a se distanciar cerca de 100 metros do palco. Soberana, reinou sozinha no dia do pop e mostrou que demorou, mas veio para valer nessa sua primeira turnê no Brasil.
FOTOS: ROCK IN RIO